RESERVAS PROVADAS DA PETROBRÁS RECUAM PELO SEGUNDO ANO CONSECUTIVO
A Petrobrás vinha numa maré crescente de ampliação das reservas nos anos seguintes à descoberta do pré-sal, mas desde que a crise se aprofundou, a partir de 2014, os ventos começaram a mudar de direção. Com isso, a empresa fechou 2016 com a segunda queda consecutiva nas reservas provadas, impactadas também pela venda de ativos, que incluiu a entrega de 153 milhões de barris de óleo equivalente em reservas no ano que se iniciou sob o comando de Aldemir Bendine e terminou nas mãos de Pedro Parente (foto).
Em 2016, segundo os critérios ANP/SPE (Agência Nacional de Petróleo/Society of Petroleum Engineers), a queda foi de 5,77%, passando de 13,279 bilhões para 12,514 bilhões de barris de óleo equivalente, enquanto que em 2015 a queda foi de 20,07%, após cair do patamar de 16,612 bilhões de barris de óleo equivalente.
Já em relação ao critério SEC (Securities and Exchange Comission, o órgão regulador do mercado financeiro americano), as reservas provadas da estatal foram reduzidas em 8,03%, de 10,516 bilhões para 9,672 bilhões de barris de óleo equivalente em 2016.
A principal diferença entre os critérios ANP/SPE e SEC é o preço do petróleo considerado no cálculo da viabilidade econômica das reservas.
A Petrobrás afirma ter conseguido um Índice de Reposição de Reservas (IRR) de 34% segundo o critério ANP/SPE, mas para isso ela desconsidera os efeitos das vendas de campos realizadas em 2016.
“A relação entre o volume de reservas e o volume produzido é de 13,5 anos, sendo de 13,9 anos no Brasil. O Índice de Desenvolvimento (ID), que é a relação entre as reservas provadas desenvolvidas e as reservas provadas, foi de 50% em 2016”, afirmou a estatal em nota.
Já pelo critério SEC, a Petrobrás apresentou um Índice de Reposição de Reservas (IRR) de 25%, também desconsiderando os efeitos dos desinvestimentos realizados em 2016. Neste caso, a relação entre o volume de reservas e o volume produzido é de 10,5 anos, sendo de 10,7 anos no Brasil. O Índice de Desenvolvimento (ID) foi de 54% em 2016.
A estatal afirmou ainda que certifica cerca de 95% de suas reservas provadas segundo os critérios SEC, e que atualmente a empresa certificadora é a D&M (DeGolyer and MacNaughton).
Veja abaixo a tabela de Volumes de Reservas Provadas em 2016 (critérios ANP/SPE):
A Petrobrás explicou que os volumes de óleo, condensado e gás natural da empresa na Bolívia não são registrados, pois a constituição do país de Evo Morales não permite que as reservas sejam divulgadas.
Veja abaixo a tabela que detalha a evolução das reservas provadas em 2016, segundo os critérios ANP/SPE:
De acordo com a estatal, os principais fatores que impactaram as reservas foram:
– A incorporação de 0,110 bilhão de boe de reservas provadas devido, principalmente, à perfuração de novos poços no campo de Búzios (Bacia de Santos);
– O incremento de reservas provadas de 0,203 bilhão de boe, resultante da perfuração de novos poços de desenvolvimento da produção e melhor comportamento dos reservatórios das áreas em terra e marítima do pós-sal, no Brasil e nos EUA. No pré-sal, o incremento foi resultante de respostas positivas do comportamento dos reservatórios, dos mecanismos de recuperação (injeção de água) e da eficiência operacional dos sistemas de produção em operação, bem como da crescente atividade de perfuração e interligação de poços, na Bacia de Santos e na Bacia de Campos, ambas no Brasil;
– O desinvestimentos que proporcionaram a monetização antecipada de 0,153 bilhão de boe de reservas da Petrobrás na Argentina e Venezuela;
– A produção de 0,925 bilhão de boe em 2016. Esse volume inclui a produção do xisto, porém não inclui o volume extraído em Testes de Longa Duração (TLD) e a produção da Bolívia. Os TLDs ocorrem em áreas exploratórias, onde ainda não foi declarada a comercialidade do campo e, portanto, não há reserva associada, e a Bolívia não permite a divulgação dos dados referentes ao país.
Veja abaixo a tabela das Reservas Provadas segundo Critério SEC:
Por fim, veja a tabela que mostra a evolução das reservas provadas, segundo critérios SEC:
É incrível a capacidade da atual da Petrobras de responder as perguntas mais simples inventando e floreando desnecessariamente uma série de dados que só complicam a compreensão dos leitores. Quando uma descoberta é feita, delimitada, e avaliada, os recursos contingentes iniciais da descoberta viram reservas provadas. O que faz uma empresa aumentar suas reservas é perfurar mais poços para averiguar se os volumes de hidrocarbonetos “virtuais”, mostrados na imagens sísmicas de excelente qualidade, são reais. Constatado ou não, passo seguinte é avaliar o índice de produtividade de cada poço, via testes de longa duração e confirmar ou não os volumes… Read more »