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EMPRESAS INTERNACIONAIS QUE INVESTIRAM NO BRASIL TEMEM MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO DE CONTEÚDO LOCAL

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

marco pfeiferO governo acusou o golpe e decidiu adiar a decisão sobre a revisão da política de conteúdo local para esta semana. A nova e decisiva reunião que o Planalto fará para tratar do tema está cercada de expectativas. De um lado, a Petrobrás e outras grandes petroleiras torcem pela flexibilização das regras. Mas, do outro lado, estão várias empresas fornecedoras, que hoje estão passando por tempos difíceis e que verão o cenário piorar ainda mais caso as exigências de conteúdo local sejam abolidas. A empresa Suretank, de origem irlandesa, é um exemplo: investiu mais de 10 milhões de euros em uma unidade própria na cidade de Caxias do Sul (RS), destinada a atender a América Latina. Fez a aposta no Brasil, tendo em vista as exigências de conteúdo local. “Várias empresas internacionais que acreditaram nesse movimento de conteúdo local, vieram para o Brasil, abriram filiais, contrataram e geraram empregos. Hoje, todas essas companhias estão muito reduzidas. A repercussão de não respeitarmos o conteúdo local é dar manutenção a esse desmonte”, declarou o CEO da empresa, Marco Pfeifer. O executivo também contesta os argumentos que afirmam que as fornecedoras brasileiras não conseguem cumprir prazos e oferecer bons preços. “Temos exemplos de contratos firmados com empresas brasileiras que deram muito certo. Eu acho que essa afirmação, de que o Brasil não tem capacidade, é parcial”, afirmou.

Como é a atuação da empresa atualmente?

A empresa atua desde 2011 no Brasil. Primeiro, através de um fabricante licenciado para usar nossa tecnologia. Produzia e vendia os produtos para o mercado nacional. Em 2013, a empresa resolveu ter sua própria fábrica no Brasil, muito em função da implantação de índices de conteúdo local. Nós adotamos um modelo de comprar os ativos de uma empresa e mantivemos os seus sócios. Em maio de 2014, definimos que nossa fábrica de Caxias do Sul, usando todo o poder que tem o supply chain do município, seria a nossa base para América Latina.

Para entender um pouco quais são os produtos que fabricamos, é só imaginar que qualquer coisa que precisa ir a bordo de uma plataforma de produção ou sonda de exploração, é guardado dentro de algum produto nosso. O topo da nossa cadeia são os tanques offshore, que levam os químicos que atuam tanto no processo de exploração quanto no de produção. Temos uma tabela de 30 a 40 produtos químicos que vão a bordo nesses taques, que têm características especiais.

Quais são os principais projetos hoje?

Nós estamos vivendo desde 2015 um momento de desafio. Tanto no cenário internacional quanto no nacional. A Petrobrás precisou rever sua rota. Nós fizemos ajustes de capacidade na nossa empresa e partimos para manter toda linha de contêineres e caixas e focar, neste momento, muito mais na operação de tanques offshore.

Não havíamos ao focamos antes neste segmento porque a operação de tanques, do jeito que funciona no Brasil, exige que se tenha uma base de operações em Macaé, em condições de lavar os tanques. Essa lavagem de tanque é não uma operação trivial, porque exige licença ambiental para fazer descartes do efluentes. Mas conseguimos um importante atalho. Em setembro do ano passado, encontramos a Pinamak, uma empresa tradicional de logística offshore que faz essa lavagem. Assinamos um acordo operacional e qualquer cliente que compre nossos tanques pode ter todos os serviços feitos pela Pinamak.

Hoje, estamos entrando em contato com as empresas de químicos, que somam de 10 a 15 no Brasil. Muitas delas já são nossos clientes internacionais na Europa, EUA, Ásia e Oceania. Estamos explicando a eles que montamos um cardápio de diferenciações para garantir economia de caixa dessas empresas.

Como a empresa planeja crescer no médio e longo prazos?

Eu não acredito que qualquer empresa envolvida no óleo e gás tem foco em crescer no médio e longo prazo. O foco de todas as empresas que estão no setor é conseguir sobreviver, se mantendo saudáveis durante esse momento muito desafiador no mercado. Essa fase difícil deve durar até a metade de 2018. A partir daí que poderemos determinar melhor os rumos em termos de crescimento e segmentação. Nós estamos hoje muito focados, criteriosos e conservadores, de forma a garantir que estaremos saudáveis para poder aproveitar o momento de retomada.

Qual sua opinião sobre a revisão de conteúdo local?

Eu apoio esse movimento em prol do conteúdo local por conceito, por ser engenheiro brasileiro, e ter muito anos no mercado de óleo e gás. É um dever nosso apoiar esta iniciativa de manter e distribuir a riqueza do setor de petróleo para nossa população.

Como essa revisão deve ser feita, de forma a não prejudicar as empresas nacionais?

Eu acho que o movimento liderado pela Firjan está dentro de uma perspectiva ponderada. Não está defendendo apenas uma política setorial, e sim tendo uma visão em relação ao todo, procurando que se ajuste os índices de conteúdo local que sejam possíveis de serem cumpridos. É preciso que a gente faça uma pauta com um índice que possa ser até menos do que 65%, mas que peça, por exemplo, 40% no aço, no equipamento, na engenharia… enfim, em tudo. E aí você contemplaria vários setores da economia. Me parece a linha mais prudente e recomendada neste momento.

Qual será o futuro das empresas se a revisão for feita sem pensar nos interesses da cadeia nacional?

Quando andamos por Macaé – ou o que sobrou dela – vemos uma retração muito grande. Várias empresas internacionais que acreditaram nesse movimento de conteúdo local, vieram para o Brasil e abriram filiais, contrataram e geraram empregos. Hoje, todas essas companhias estão muito reduzidas. A repercussão de não respeitarmos o conteúdo local é dar manutenção a esse desmonte.

Como o senhor enxerga os argumentos de que a cadeia nacional não é capaz de atender as demandas?

Eu acho que essa avaliação é parcial. Eu gosto muito do presidente Pedro Parente, é um gestor muito competente, e está olhando para o que é mais conveniente para a Petrobrás. Só que essa visão não é benéfica para os os fabricantes do Brasil. Não é certo focar apenas nos casos que não derem certo. Temos exemplos de contratos firmados com empresas brasileiras que deram muito certo. Eu acho que essa afirmação, de que o Brasil não tem capacidade, é parcial. Falta citar outros tantos casos de sucesso, que poderiam tornar essa discussão mais equilibrada.

Quais são as perspectivas da empresa com os próximos leilões?

Como eu disse, nosso produto está relacionado com exploração e produção. Sempre que aumentar o número de sondas, teremos mais volume de serviços. Sempre que aumentar a quantidade de produção, aumentamos a quantidade de nossos produtos. O leilão vai ter impacto a médio e longo prazo. Para nós, trará mais impacto a entrada dos replicantes. Agora está para entrar a P-66 e, depois, a P-67 e P-68.

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Edson

Desde a Constituição Brasileira de 1988, se tornou inviável investir no Brasil, a mesma prevê aumento de impostos e impunidade aos três poderes, tantos Federais, Estaduais e Municipais, a não ser os mercados de lucro certo, como minério e celulose, isso é tão claro que a maior parte é exportado para não pagar IPI (Imposto sobre produto industrializado), tanto que empresas como Eldorado, Fibria, e Klabin estão optando por fabricar somente a celulose, e não estão erradas, pagar IPI para sustentar essa raça miserável de corruptos que assolam o Brasil!!!