ESTALEIRO MAUÁ CITA SUCESSO EM PROJETOS FEITOS NO BRASIL COMO ARGUMENTO PARA REBATER PEDIDO DE WAIVER PARA LIBRA
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
A indústria nacional ainda sente o duro golpe que sofreu com a quebra da política de conteúdo local. De um lado, a decisão do governo de reduzir os índices recebeu os aplausos da Petrobrás e do IBP, mas os estaleiros brasileiros vislumbram um cenário de terra arrasada no futuro. Para piorar o quadro, a estatal e seus parceiros na exploração do Campo de Libra tentam levar a construção do FPSO que irá explorar área para o exterior, sob a alegação de que o Brasil não será capaz de finalizar a unidade com preços e prazos competitivos. A indústria nacional contesta a justificativa da petroleira e uma dessas vozes é do histórico Estaleiro Mauá, que enviou uma carta à ANP apresentando seus projetos bem-sucedidos para rebater as desculpas apresentadas pela Petrobrás para levar o FPSO de Libra para países estrangeiros.
O Estaleiro Mauá fica na cidade de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, e em 2000 realizou uma joint-venture com o estaleiro Jurong, de Cingapura, dando início a uma nova fase de sua administração. Com uma área aproximada de 180 mil m², a unidade foi revitalizada e modernizada para fazer construções offshore de grande porte. Desde então, o estaleiro construiu topsides para quatro FPSOs (P-43, P-48, P-50 e P-54) e para a plataforma fixa do campo de Mexilhão (PMXL-1).
O argumento de que as empresas brasileiras não cumprem os prazos é rebatido pela empresa:
“O Estaleiro Mauá integrou e comissionou três grandes FPSOs e a Plataforma Fixa citada, sempre dentro dos prazos contratuais e índices de conteúdo local estabelecidos, e tendo atuado como empresa EPCista”, afirmou o diretor-presidente do Mauá, Ricardo Moreira Vanderelei.
Ainda de acordo com o executivo, o Estaleiro Mauá usou 100% de mão de obra local, que foi treinada seguindo os padrões de qualidade e de segurança industrial. Em um momento em que o Brasil possui quase 13 milhões de desempregados, a posição da Petrobrás de levar obras para o exterior e tirar empregos do País é incompreensível. Aliás, os números apresentados pela própria estatal confirmam a importância de se manter as obras nos estaleiros brasileiros.
No caso da P-54, por exemplo, onde o estaleiro Mauá construiu os módulos de processos, utilidades e compressão da unidade, a estatal afirma que a obra gerou 2.600 empregos diretos e 10 mil indiretos. Construído a partir da conversão do navio Barão de Mauá, o FPSO P-54, que atingiu 63% de conteúdo local, levou 41 meses para ser concluído.
Nas plataformas P-43 e P-48, foram ao todo 29 módulos construídos pelo Estaleiro Mauá. Na P-50, foram 6 unidades, e na P-54 a empresa fabricou 12 módulos. No caso da Plataforma de Mexilhão, além do estaleiro ter construído 5 topsides para unidade, também fabricou a jaqueta da unidade, com 182 metros de altura e 72 metros de largura em sua base, pesando cerca de 15 mil toneladas.
A PMXL-1 é considerada, diga-se, a maior estrutura metálica offshore já erguida no Brasil. E é com base em seu portfólio, know-how e experiência, que o Mauá fez o apelo em sua carta enviada à ANP:
“Com base no extenso histórico e performance em projetos anteriores, entendemos ser possível que novos projetos de construção de plataformas possam ser construídos no Brasil, com prazo, qualidade e conteúdo local“, afirmou Vanderlei.
“Projetos similares foram desenvolvidos nessa mesma época por outros estaleiros nacionais, com resultados semelhantes. Entendemos desta forma que a construção offshore de plataformas atualmente possa ser feita pelos estaleiros nacionais, utilizando-se de conteúdo local em sua maior parte“, acrescentou o executivo.
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