RISCO DE QUEDA DOS RISERS FLEXÍVEIS NO PRÉ-SAL FAZ PETROBRÁS EXIGIR SOLUÇÕES QUE A INDÚSTRIA ESPECIALIZADA AINDA NÃO TEM | Petronotícias




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RISCO DE QUEDA DOS RISERS FLEXÍVEIS NO PRÉ-SAL FAZ PETROBRÁS EXIGIR SOLUÇÕES QUE A INDÚSTRIA ESPECIALIZADA AINDA NÃO TEM

moroA gravidade do problema com os Risers instalados na área do pré-sal, que estão sofrendo problemas de SCC (Stress Corrosion Craking), relatado numa reportagem do Petronotícias, fez a Petrobrás tomar medidas para que a sua produção nos campos não seja afetada tão fortemente. Na semana passada, a agência Reuters publicou uma entrevista com o ex-diretor de Engenharia da Era Bendine, Roberto Moro, atual Diretor de Desenvolvimento da Produção e Tecnologia. Moro, um profissional de alta qualificação, respeitado no mercado pelo bom senso e ponderação,  buscou tranquilizar o mercado, mas com uma informação que merece uma reflexão:

“Os problemas ocorreram nos risers para gás e o risco de um acidente ambiental é mínimo e perto de zero, porque estamos falando de riser de gás e não óleo. E não há também risco para produção. Foi uma questão pontual e não foi detectado problema em outro riser,  mas continuamos monitorando”.

Se realmente não há risco, por que o pedido de revestimento duplo nas conexões desses dutos submarinos flexíveis, feito diretamente à TechnipFMC, propondo, inclusive, o pagamento de um aditivo no contrato que era inicialmente de 300 milhões de reais? O Petronotícias foi ouvir alguns especialistas e ainda teve a participação de alguns leitores que escreveram inúmeros comentários buscando contribuir para esclarecer o problema, que ainda não tem solução conhecida. Nem mesmo pelos fabricantes dos risers, que estão há um ano pesquisando e buscando alternativas técnicas. Os risers flexíveis, vistos e vendidos como uma solução de última geração, estão sofrendo um desafio imposto pela natureza de um ambiente hostil, como o pré-sal e seus gases extremamente contaminantes, principalmente o CO2. Esta barreira não será intransponível no futuro, acredita-se, mas ninguém sabe dizer quanto tempo levará até a se obter a confiabilidade total. Até lá, haverá dúvidas sobre a utilização desse equipamento. E certamente não irá se obter uma solução, não se falando ou escondendo o problema.

Tecnicamente, o pedido de Roberto Moro à TechnipFMC é de um revestimento duplo. Não se sabe como essa solicitação será entendida pelos técnicos. Até onde se sabe, as pesquisas ainda estão sendo feitas. Já existem diversas iniciativas para conter o SCC e uma delas é o riser blindado. Há outras, mas tudo está em fase de desenvolvimento. Tem iniciativas de bloqueio do gás, outras de entrada da água e outras de despressurização do anular.  A questão é saber sobre quais condições específicas causam SCC. E elas ainda não estão 100% claras. Sabe-se quais os parâmetros, mas não as condições específicas. Então não dá para se saber ainda qual é a melhor. Somente depois de muitos testes que estão sendo realizados pelos fabricantes. Até lá, não há o que entregar e muito menos se sabe o preço a se cobrar.

Os episódios da queda dos risers ocorreram nos campos em Lula e Sapinhoá, os dois principais campos produtores de petróleo do Brasil. Eles estavam conectados aos sistemas das plataformas FPSO Cidade de Angra dos Reis (Lula) e Cidade de São Paulo (Sapinhoá).  A luz vermelha foi acesa na Petrobrás pois, como dissemos,  eles teriam uma vida útil entre 20 e 30 anos e caíram com pouco mais de dois anos. Investigações e monitoramentos estão sendo feitos constantemente. A compra de quase cem quilômetros de linhas junto a TechnipFMC não tinha liability, portanto, sem garantias, sem multas. A disposição de se fazer um aditivo para a entrega de um material com mais confiabilidade diante do SCC, significa que a Petrobrás aposta nos risers flexíveis e vai correr o risco. Desta vez, imagina-se, deve pedir garantias aos fabricantes.

A Petrobrás ainda descarta a substituição dos risers flexíveis pelos risers rígidos, como querem definir logo a Total e a Shell, sócias da Petrobrás no Campo de Libra. Essas empresas não querem apostar no novo e sim buscar a segurança dos rígidos. E estão fazendo pressão. Querem logo uma definição. Há quem diga que se os risers flexíveis tivessem sido fabricados ou selecionados de acordo com as especificações do projeto, muito provavelmente os acidentes não teriam ocorrido, mas isso é uma incógnita. Quem na Petrobrás especificaria um produto que ela ainda não conhece integralmente? Há quem diga também que acidentes são necessários à evolução de uma tecnologia. O duro é saber quem paga por isso. Até agora, de solução definitiva para o problema são os risers rígidos, que a princípio não eram revestidos e, após os problemas de corrosão, passaram a ser cladeados para evitá-los. São mais caros, mas mais confiáveis. Esse é o dilema que o mercado terá que, por enquanto, conviver.

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joão batista de assis pereira

A BANDALHEIRA NA PETROBRAS AINDA NÃO ACABOU: https://extra.globo.com/noticias/economia/exclusivo-petrobras-negocia-aditivo-em-contrato-de-equipamento-para-pre-sal-em-busca-de-seguranca-21511999.html?utm_source=Facebook&utm_medium=Social&utm_campaign=compartilhar Bastou colapsar um sistema de risers flexíveis contratados e fornecidos pelo consórcio Technip-FMC para escoamento de produtos no pré-sal para os tecnocratas da Petrobras pegar na caneta e assinar os termos aditivos bilionários para redimensionamento do sistema colapsado. A Petrobras celebrou contrato com a Technip-FMC tendo como objeto o fornecimento de risers flexíveis para os diversos sistemas de escoamento da produção no Pre-sal, com vida útil projetada para 20 anos, mas começaram a colapsar com menos de 10% desse prazo. Qualquer que fosse a causa que comprometeu a estabilidade e segurança na… Read more »

joão batista de assis pereira
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joão batista de assis pereira

O Diretor da Petrobras de sobrenome famoso (Juiz de Curitiba que conduz a Lava Jato) falta com a verdade. A industria de petróleo em todo mundo sabem perfeitamente que a utilização de Risers Rígidos são os que atendem as severas condições estruturais em sistemas como o perfil do pre-sal. Há muito se questiona a utilização de Riser Flexíveis pela Petrobras nesses sistemas, que são fornecidos pela Technip, empresa que serviu aos interesses de Diretores corruptos da Petrobras no Petrolão, quando foi contratada sem licitação para elaboração do FEED (engenharia de pré-detalhamento) para a contratação e construção dos FPSO’s P-58/62. Denunciei… Read more »

joão batista de assis pereira
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É por essa e outras que não me canso de falar: A BANDALHEIRA NA PETROBRAS AINDA NÃO ACABOU.

joão batista de assis pereira
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Bastou colapsar um sistema de risers flexíveis contratados e fornecidos pelo consórcio Technip-FMC para escoamento de produtos no pré-sal para os tecnocratas da Petrobras pegar na caneta e assinar os termos aditivos bilionários para redimensionamento do sistema colapsado. https://www.linkedin.com/pulse/colapso-prematuro-sistema-de-risers-flex%C3%ADveis-da-pode-pereira?published=t A Petrobras celebrou contrato com a Technip-FMC tendo como objeto o fornecimento de risers flexíveis para os diversos sistemas de escoamento da produção no Pre-sal, com vida útil projetada para 20 anos, mas começaram a colapsar com menos de 10% desse prazo. Qualquer que fosse a causa que comprometeu a estabilidade e segurança na funcionalidade dos risers flexíveis, essa situação não… Read more »