A ABDAN VAI MOSTRAR EM EVENTO O NOVO ESTUDO DA FGV QUE APONTA A IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA E ECONÔMICA DA ENERGIA NUCLEAR PARA O PAÍS
A Fundação Getúlio Vargas (FGV) realizou um novo estudo, em parceria com a Eletronuclear, que destaca os impactos socioeconômicos das atividades nucleares no país. O estudo revela que essa tecnologia desempenha um papel crucial na economia brasileira. Os resultados serão apresentados em primeira mão durante um evento organizado pela Associação Brasileira para o Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN), no dia 29 na sede da FGV, no Rio de Janeiro. A energia nuclear tem se tornado um tema cada vez mais relevante, com muitos países investindo nessa fonte para atender às suas necessidades de energia e diversificar sua matriz. No Brasil, o governo federal vê o nuclear como parte de sua transição verde e tem atuado para integrá-lo à matriz brasileira. O maior potencial de expansão está na usina Angra 3, que foi incluída pelo governo no Novo PAC e tem previsão de entrar em operação em 2028.
A geração de energia elétrica é a aplicação mais conhecida da energia nuclear, contribuindo significativamente para o suprimento de eletricidade em várias partes do mundo. No Brasil, a energia nuclear representa 2,1% da Matriz Energética Nacional, com usinas de Angra I e II. Estas geram um faturamento anual de R$ 4,6 bilhões e investimentos de R$ 350 milhões, sustentando diretamente 1.750 empregos. Angra III teve suas obras iniciadas em 2010 e paralisadas desde 2015, com 70% da usina concluída. Quando concluída terá 1.405 MW de potência. O estudo da FGV destaca que os benefícios socioeconômicos diretos dessas atividades nucleares são apenas uma parte da história. Os impactos indiretos e induzidos desempenham um papel fundamental no fortalecimento da economia. Os indiretos envolvem toda a cadeia de fornecedores, enquanto os induzidos se referem ao efeito-renda dos salários pagos pela atividade nuclear e seus fornecedores.
Cada R$1 bilhão em investimentos na energia nuclear no Brasil contribui para um aumento de R$ 3,1 bilhões na produção no país, com 68% desse valor concentrado no estado do Rio de Janeiro. Além disso, o PIB nacional se beneficia com um acréscimo de R$ 2,0 bilhões, sendo 80% desse impacto gerado no RJ. Adicionalmente, a geração de empregos no Brasil é ampliada em 22,5 mil postos de trabalho, dos quais 75% são registrados no estado fluminense. Outra contribuição importante das atividades nucleares é a medicina nuclear, que em 2036 representará um faturamento de R$ 535 milhões, com 3,8 milhões de procedimentos e 8,3 mil pessoas empregadas diretamente. O potencial de crescimento desse setor é notável, o que impulsiona ainda mais os impactos socioeconômicos positivos.
Além disso, o Brasil possui vastas reservas de urânio, estimadas em 277 mil toneladas, o que equivale a aproximadamente 5% das reservas mundiais. Com apenas 30% do território prospectado, o país é o 7º maior detentor global desse minério estratégico. Essas reservas representam uma oportunidade para o Brasil expandir suas atividades nucleares e capitalizar a crescente demanda por energia nuclear no cenário internacional. Há expectativa é que o mundo demande cerca de 109 mil toneladas de urânio para 2035. Segundo a FGV Energia, a exportação de energia é uma possibilidade que se destaca, uma vez que a energia nuclear possui baixa emissão de gases de efeito estufa em comparação com outras fontes. “Por isso também ganhou papel de destaque para o atingimento das metas mundiais de descarbonização. Além da geração de eletricidade, a tecnologia nuclear encontra aplicações em diversos setores, como agricultura, bens de consumo, indústria, recursos hídricos, transporte e até mesmo em pequenos reatores modulares, demonstrando seu potencial multifacetado para impulsionar o desenvolvimento econômico e tecnológico do Brasil”, revela o estudo.
Os reatores modulares (SMR) de pequena escala tem como principal característica ter menor capacidade de geração de energia (até 300 MWe), enquanto as usinas convencionais produzem pelo menos 700 MWe. Carregam vantagens como ter um menor tempo de fabricação; ser fabricado em módulos; se ajustar a diversas situações. Sendo assim podem ser aplicados em áreas rurais com pouca infraestrutura elétrica; fonte de energia reserva em situações de emergência; substituto de geradores à diesel de comunidades e empresas; locais afetados por desastres naturais. O cenário projetado para 2035 é de que os SMRs estejam respondendo por 20.000 MWe de energia no mundo. Para o presidente da ABDAN, Celso Cunha (foto), o estudo da FGV enfatiza que as atividades nucleares no Brasil não apenas contribuem para a segurança energética, mas “também geram empregos, estimulam o crescimento econômico e posicionam o país como um player estratégico no cenário internacional. Com um setor nuclear em constante evolução, o Brasil está pronto para colher os frutos dos benefícios socioeconômicos proporcionados por essa tecnologia”.
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