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A ABDAN VÊ A CADEIA DE FORNECIMENTO NUCLEAR COMO ESTRATÉGICA PARA SUPORTAR O AVANÇO DO SETOR

CelsoCunha-NT2E-2025-300x198Com o término com sucesso do mais importante encontro sobre a energia nuclear da América Latina, a NT2E 2025 mostrou todas as tendências que o Brasil pode seguir, se quiser, para desenvolver este importante setor da geração de energia do país, além dos fatores estratégicos que envolvem o segmento. Seja na produção de urânio, combustíveis, medicina e os seus radiofármacos, conservação de alimentos, seja na produção de equipamentos. E é inegável que em todo este contexto, a ABDAN, que organizou o evento, tem um papel especialmente importante, cumprindo um de seus objetivos que é desenvolver as nossas atividades nucleares. No balanço dos resultados do encontro, o presidente da instituição, Celso Cunha, está comemorando as várias vitórias obtidas: “Tivemos a participação dos melhores especialistas brasileiros e estrangeiros, que vieram prestigiar o evento da ABDAN. Lembro a participação do Presidente das Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Grossi que, mesmo com as suas responsabilidades e os delicados problemas que precisa contornar, teve também um espaço para enviar a sua mensagem, a mensagem internacional para que o Brasil se estimule a explorar essa energia que é limpa e que traz muito desenvolvimento onde ela é aplicada.” 

– Neste aspecto, o Brasil está preparado  para atender às necessidades para a expansão de um programa nacional?

nuclep 1 Olha, eu não tenho nenhuma dúvida quanto a isso. Nós temos uma cadeia de suprimento que é capaz de atender as necessidades da Eletronuclear e empresas capazes de atender às empresas internacionais fornecedoras da tecnologia. Veja a NUCLEP, por exemplo. É a maior caldeiraria pesada da América do Sul, capaz de desenvolver todo tipo de equipamento nuclear. Não é que ela ainda vai fazer. Ela fez. Há inúmeros exemplos que eu posso citar como o
Vaso de Geração de Vapor, da Framatome. A empresa francesa, contratou a NUCLEP para isso. Além dela, há outras empresas brasileiras capacitadas para atender há outros tipos de serviços e até treinamento, como SEBRAE. A nossa cadeia está pronta para atender às nossas demandas.

A ABDAN vai começar a reunir sugestões de diferentes agentes do mercado para elaborar uma proposta de atualização do marco legal do setor, como substituir o monopólio estatal por um modelo de parcerias público-privadas. Qual a importância dessas medidas?

reatores“Veja a importância dessas medidas. Além de Angra 3, precisamos estar prontos para o que há de vir. Os reatores modulares já são uma realidade. O prazo desde que foi aventada esta possibilidade para a realidade de sua construção, foi um estalar de dedos. O Brasil tem que estar aberto para a sua implementação. Esses reatores estão batendo na nossa porta. E a participação privada é fundamental. O país precisa da energia nuclear, de sua firmeza, para garantir às nossas necessidades de abastecimento. Paralelamente, precisamos atrair esses investimentos privados, sobretudo para pesquisa mineral e desenvolvimento da cadeia produtiva do urânio da lavra até a produção do combustível.

Há quem diga que o Brasil precisa investir mais em energia solar e eólica. Como o senhor vê essas afirmações?

Nós temos espaços para todas as matrizes energéticas, mas me permita lembrar um momento importante para o país que deixou uma montanha para a nossa reflexão. Vamos lembrar que o apagão de 24 de agosto de 2023 custou R$ 2,4 bilhões ao país em apenas duas horas. A rede elétrica brasileira já não é a mesma de antes. Avançamos com solar, com eólica – e que fique claro: não somos contra, acho que tem que avançar mesmo – Mas desde 2017 alertamos que a taxa de crescimento da intermitência era e ainda é monstruosa. Isso vai comprometer a estabilidade do sistema. Não há dúvidas quanto a isso.

A expectativa do mercado nuclear, explicitada durante a NT2E é que até 2060 haverá a necessidade da implantação das 10 a 12 usinas mencionadas modulares. Isso não será feito sem se reconhecer o tempo necessário para financiar, construir e tornar o programa economicamente viável. E sem uma cadeia nacional de fornecedores estável, isto não será possível. Precisamos cada vez mais identificar essas empresas, dar todo suporte, garantias a abraçar este mercado que é gigantesco.

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