A APROVAÇÃO DO PROJETO DO TÚNEL PARA LANÇAR O GASODUTO DA LINHA 5 EM MICHIGAN ABRE AS PORTAS PARA A BRASILEIRA LIDERROLL
Depois de muito tempo, a Comissão de Serviço Público de Michigan, nos Estados Unidos, aprovou um projeto para realocar um trecho oleoduto da Linha 5 de Enbridge, sob do leito do Estreito de Mackinac, para um túnel de serviço abaixo dele. A votação por 2 a 0 abriu o caminho para o “Túnel dos Grandes Lagos“, projeto destinado a abordar preocupações sobre a vulnerabilidade do gasoduto envelhecido. E abriu também as possibilidades da inclusão da empresa brasileira Liderroll, que domina a construção de grandes dutos em ambientes confinados. Ainda mais em um túnel de sete quilômetros, com grande declive e depois um grande aclive. Um projeto extremamente desafiador, mas que pode ser realizado ao usar a tecnologia brasileira, patenteada em quase todo mundo. Para lembrar, foi a mesma tecnologia usada na construção dos túneis do Gasduc 3, que três quilômetros, no Rio de Janeiro, e do Gastau, um túnel cinco quilômetros, com um shaft no final e apenas cinco metros de diâmetro.
O porta-voz da Enbridge Energy, com sede no Canadá, Ryan Duffy, disse em um comunicado que a empresa estava “pronta para começar a trabalhar neste projeto”, acrescentando que o único obstáculo restante é uma decisão sobre o pedido de licença do Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos, que prometeu a resposta para o início de 2024. O novo trecho do oleoduto da linha 5 está previsto para começar em 2026, enquanto se aguarda a aprovação do Corpo de exército, que faz a revisão do impacto ambiental. No entanto, a Enbridge ainda não selecionou um empreiteiro, embora o desenho do projeto já está sendo realizado. O presidente da Comissão, Dan Scripps (foto à direita), que votou a favor do túnel, descreveu-o como a “opção mais prudente” para substituir uma parte do pipeline duplo. Para lembrar, a Linha 5 transporta atualmente 540.000 barris de petróleo bruto por dia de Sarnia, Ontário, Canadá, para Superior, em Wisconsin, com uma parte da rota cruzando o Estreito de Mackinac, que conecta as penínsulas superiores e inferiores de Michigan. Em 2018, a âncora de um navio arrastou o oleoduto, por pouco não causando um acidente sem precedentes, já que as águas dos lagos da região abastecem toda população de Michigan e o seu entorno nos Estados Unidos e no Canadá. E isso causou uma grande comoção nas comunidades e no próprio governo de Michigan que queriam o fim do oleoduto. Mas em função da importância dele para o abastecimento de refinarias, aeroportos, e mesmo o aquecimento das residências, o caso foi parar na justiça e se arrasta até agora.
A comissão que aprovou o túnel, também considerou métodos alternativos de transporte, como caminhões, trens, petroleiros e barcaças. No entanto, estas opções foram consideradas susceptíveis de aumentar o impacto ambiental e os riscos de derrame. Scripps identificou impactos de âncoras, como a causa de danos potenciais ao oleoduto de 70 anos, apontando para o incidente de 2018, onde uma âncora amassou o revestimento protetor do oleoduto, destacando a vulnerabilidade do sistema existente. Ambientalistas e representantes tribais dos nativos americanos expressaram preocupações sobre a continuação da operação do gasoduto. Enfatizaram a urgência do encerramento total do gasoduto, citando o risco de ruptura mesmo antes da conclusão do túnel.
A Linha 5 tem sido objeto de controvérsia há anos. Em 2018, Enbridge concordou com o então governador Rick Snyder para construir um túnel para abrigar um novo segmento do gasoduto. No entanto, a atual governadora Gretchen Whitmer, tentou encerrar o gasoduto através de ordem executiva em 2020, mas um juiz federal bloqueou a sua ação. Esforços semelhantes para fechar o oleoduto por parte da governadora Whitmer (foto à esquerda) e da procuradora-geral de Michigan, Dana Nessel, foram anteriormente negados em tribunal. Embora a Enbridge ainda não tenha atualizado o custo estimado do projeto do túnel de serviço, o plano de 2018 mostra que a Enbridge será responsável pelo financiamento da construção, conforme estipulado no acordo de 2018. Embora o projeto do túnel tenha recebido aprovação da Comissão de Serviço Público do Michigan, enfrenta outros obstáculos regulamentares devido a preocupações levantadas por grupos ambientais e tribais que defendem o encerramento total do gasoduto.
O Petronotícias vem acompanhando este assunto desde as primeiras consultas de engenheiros da Enbridge, durante uma feira de Pipelines, em Calgary, no Canadá, em 2018. Os engenheiros procuraram o empresário Paulo Fernandes, Presidente da Liderroll, apresentando o problema. Desde lá, o corpo técnico da empresa brasileira vem acompanhando o problema, sugerindo soluções técnicas possíveis para sua difícil solução já que o túnel terá um grande declive e depois um aclive. Hoje (15) de manhã conversamos com
Paulo Fernandes sobre a Linha 5:
“ Olha, foi uma boa notícia saber que a Comissão aprovou o projeto. Realmente será um projeto desafiador. Agora só falta a revisão do projeto ambiental dos engenheiros militares do Exército americano. Tivemos a oportunidade de estar em Michigan participando até de uma audiência pública, onde pudemos demonstrar a eficiência da nossa tecnologia, que as autoridades do governo local só conheciam em desenho. Pudemos mostrar a construção do Gasduc 3 e do Gastau. Eles ficaram impressionados com a velocidade da conclusão do lançamento de um duto de 36 polegadas dentro de um túnel de apenas cinco quilômetros.”
– Os dirigentes da Enbridge estavam presentes ?
– Sim, de certa forma eles já conheciam, mas um deles levou a nossa apresentação com mais detalhes para uma reunião na empresa, porque ainda há a possibilidade de outras linhas, exatamente como a Petrobrás fez aqui, lançando outras duas linhas menores no mesmo túnel.
– E depois de pronta é possível se fazer a manutenção dessas linhas ?
– Não há dúvida. O nosso projeto, em sua concepção já prevê isso, mas já passou a hora de se fazer esta manutenção, que é obrigatória, porque é uma área que não entra sol, fica escura por todo tempo, criando umidade. O gradiente de temperatura varia muito. E um fator que as pessoas nem lembram mas que precisa um alerta. São locais em que muitos animais se escondem, principalmente cobras perigosas e os trabalhadores precisam de toda atenção para isso. Estamos na expectativa de sermos chamados a qualquer momento pela NTS, que hoje é a proprietária do túnel, para fazer este trabalho. Afinal, nós estamos falando de um gasoduto em um ambiente confinado feito pela primeira vez no Brasil e que já se passaram mais de 10 anos.
Deixe seu comentário