A BRAZIL WINDPOWER DEBATE ABERTAMENTE OS PROBLEMAS QUE O SETOR ENFRENTA COM O POUCO APROVEITAMENTO DA ENERGIA GERADA
A Brazil Windpower, que está sendo realizada em São Paulo até amanhã (25), indicou o que seria o assunto central do dia: todas as consequências em torno da redução de geração de energia. O presidente do Conselho da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias, Fernando Elias, apontou que os cortes causaram fortes impactos em muitos players, com altas perdas financeiras. O executivo lembrou que, apesar da recente liberação na transmissão, que destravou 2,2 GW dos 3,1 GW, que estavam sendo contingenciados, o alívio chega em um momento de baixa produção eólica. Elias também destacou que o ano de 2024 aparece como atípico por conta de tudo que o setor eólico passou. Os impactos dessa redução na safra dos ventos equivaleriam a desligar Itaipu por três meses, disse. Por outro lado, foram destacadas iniciativas consideradas positivas, como as interações com as esferas de governo em prol da indústria eólica, a busca pela criação de demanda, a inclusão de baterias no próximo leilão de potência e uma indicação do BNDES que o Fundo Clima dará taxas diferenciadas a projetos eólicos.
A presidente executiva da associação, Élbia Gannoum, revelou que os cortes aconteceram em todos os países que implantaram forte volume de renováveis. Um segundo bipolo que deve entrar em operação em 2032 significará uma condição melhor para o escoamento da geração renovável do Nordeste. No entanto, apesar desta redução ser considerado um problema grave pelo setor, nem de perto se assemelha ao valor das perdas do setor, que chega a R$ 1,6 bilhão ao considerar a redução da receita dos geradores mais o custo das térmicas que têm que ficar ligadas por horas seguidas, já que são pouco flexíveis. O tema foi alvo de um painel no evento que reuniu diversos geradores renováveis afetados pela restrição. O presidente do Conselho de Administração da ABEEólica, Fernando Elias, reforçou que é necessário que a política de cortes não onere o gerador já que essa é uma contingência do sistema e não do empreendedor.
Liu Aquino, diretor presidente da Echoenergia, avaliou que o risco está em nível elevado, ainda mais em um cenário de investimento. Para ele, é necessário corrigir a regulação e fazer a alocação correta. Segundo o executivo, o avanço descoordenado acaba levando os cortes somente para a geração centralizada, porque, naturalmente, o ONS só possui capacidade de controlar esse lado da oferta de energia. Por fim, João Marques da Cruz, CEO da EDP South America, avaliou que experiências internacionais podem sim ser usadas como referência no país nessa busca pela solução. Entre os caminhos aponta a regra de ressarcimento que por aqui é quase inexistente. Comparou um dado da EDP nos Estados Unidos que em 9 meses do ano de 2024 a empresa conseguiu ressarcir 20% dos eventos registrados no país norte-americano. “Foi 20 a 0, nos Estados Unidos ficou em 20% e no Brasil ficou zerado“, comparou.
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