A CAMINHO DOS 100 ANOS, AZEVEDO & TRAVASSOS PLANEJA AMPLIAR ATUAÇÃO EM ÓLEO E GÁS COM A AQUISIÇÃO DA HEFTOS

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

Gustavo Rocha - Presidente Azevedo & Travassos[45705]

Gustavo Rocha, presidente da Azevedo & Travassos

Atingir o centenário é um feito alcançado por poucas empresas. O time seleto de companhias que conquistaram essa marca histórica contará em breve com mais uma integrante: a brasileira Azevedo & Travassos, que completará os 100 anos em 2022. O momento histórico da empresa coincide também com diversas transformações internas. De um lado, a construtora comemora o seu exitoso processo de reposicionamento e reestruturação. Paralelamente, a companhia está trabalhando para dar um novo e importante passo dentro do segmento petrolífero – a aquisição da Heftos Óleo e Gás. Hoje (28), vamos conhecer um pouco mais sobre esses e os novos planos da Azevedo & Travassos. O presidente da empresa, Gustavo Rocha (foto), que assumiu o cargo no mês de junho, explica que a aquisição da Heftos permitirá a criação de um portfólio muito forte de serviços para óleo e gás, tanto no onshore quanto no offshore. “Com a aquisição da Heftos, ficaremos em uma posição confortável de um player bem atuante no ramo de prestação de serviços para o segmento de óleo e gás”, afirmou. Já o diretor superintendente da empresa, Ivan Carvalho, destacou que o negócio, se efetivado, poderá abrir novos nichos de atuação dentro do mercado de petróleo e gás. “Um exemplo seria a área de descomissionamento de campos que já passaram da fase madura e estão na etapa de abandono”, detalhou Carvalho. “Esse é um dos setores que podem gerar um novo polo de atuação dentro de óleo e gás”, acrescentou. A Azevedo & Travassos também revela interesse em mercados onde há um grande potencial para a entrada de clientes privados, como as áreas de saneamento, infraestrutura de transporte e montagem industrial. “Esses três mercados, juntamente com o de óleo e gás, serão os principais para a Azevedo & Travassos, buscando sempre um viés muito forte com o cliente privado”, finalizou Rocha.

O centenário da empresa será comemorado no próximo ano. Qual o sentimento de poder participar desse momento tão especial?

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Ivan Carvalho, diretor-superintendente: “Azevedo e Travassos tem muita tradição no segmento de óleo e gás

Gustavo – É um orgulho muito grande poder participar de um processo de reposicionamento e finalização de um turnaround de uma empresa centenária. Trata-se de um enorme desafio, mas também é uma oportunidade ímpar. Eu entrei na Azevedo & Travassos em junho, depois de um período de reestruturação da companhia. É um desafio muito bacana participar do centenário de uma empresa reestruturada e com um histórico de entrega, gestão e atuação no setor de construção pesada no Brasil. Tudo isso me deixa muito esperançoso em relação ao que poderemos entregar no futuro para o país. Uma coisa importante a ser mencionada é que a Azevedo & Travassos, em seus 99 anos, nunca teve nenhum problema de compliance, problemas com a Lava Jato ou algo parecido. Esse é um valor muito grande dentro de nossa companhia.

Como estão as expectativas para o ano de centenário e o que a empresa deve apresentar de novidades para o mercado?

Gustavo –  Atualmente, estamos no meio do processo de aquisição da Heftos Óleo e Gás, uma unidade operacional da UTC. Com essa aquisição, teremos um portfólio muito forte de serviços para óleo e gás, tanto com foco onshore – uma especialidade da Azevedo & Travassos – quanto no offshore, que é o ponto forte da Heftos.

Como já é de conhecimento do mercado, a nossa proposta pela Heftos foi aceita pela assembleia de credores da UTC. Agora, existe uma série de prazos até o momento do leilão da Heftos, de onde esperamos sair como vencedores. Com a aquisição da Heftos, ficaremos em uma posição confortável de um player bem atuante no ramo de prestação de serviços para o segmento de óleo e gás.

Uma considerável parte da história centenária da Azevedo & Travassos está ligada ao setor de óleo e gás. Imagino que a aquisição da Heftos é um sinal de que a companhia quer continuar com uma presença forte nesse segmento…

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Foto de obra da Azevedo & Travassos em São Bernardo do Campo (SP), em 2012

Ivan – A Azevedo e Travassos tem muita tradição nessa área de óleo e gás. Na década de 1970, houve uma decisão interna da empresa de migrar um pouco das obras de infraestrutura voltadas aos órgãos públicos para ter um leque maior de clientes do setor privado ou de capital misto. Naquele momento, a empresa decidiu ampliar sua atuação na área de óleo e gás. As obras de greenfield, onde construímos o ativo para o cliente, acabaram virando uma grande tradição dentro de nossa companhia. Dedicamo-nos muito aos projetos de oleodutos, gasodutos, estações de medição, armazenagem de óleo, compressão de gás, entre outros empreendimentos.

Hoje, completamos todo o nosso processo de reestruturação e estamos em um momento de expansão. A aquisição da Heftos mencionada pelo Gustavo é um investimento estratégico. Com isso, poderemos dar um salto nos segmentos de offshore, manutenção e ampliação de instalações existentes. Haverá uma sinergia muito grande entre as duas empresas.

Poderia nos atualizar também sobre o cronograma da operação de aquisição da Heftos?

Gustavo – As informações sobre o cronograma dessa operação são públicas. Como já é de conhecimento do mercado, a assembleia de credores da UTC aceitou a proposta feita pela Azevedo & Travassos para a aquisição da UPI [Unidade Produtiva Isolada] Heftos. Em suma, nossa proposta é composta basicamente por duas etapas. A primeira delas deve ocorrer nos próximos 60 dias, com a efetivação de um Financiamento DIP no valor de R$ 40 milhões. A Azevedo & Travassos se dispôs a estruturar esse financiamento para que o grupo UTC quite determinadas obrigações de sua recuperação judicial. Atualmente, estamos trabalhando junto com o time da UTC para a negociação de condições, deliberação e outros detalhes referentes à liberação desses recursos.

Após essa etapa, dentro de um prazo de provavelmente até 120 dias, acontecerá o leilão da UPI Heftos. A Azevedo & Travassos, por ter feito a proposta à assembleia de credores da UTC, será enquadrada como “stalking horse” [jargão financeiro para indicar uma oferta inicial e antecipada por ativos de empresas em recuperação judicial]. Assim sendo, a Azevedo & Travassos terá o direito de preferência no leilão pela Heftos caso surja um terceiro interessado.

Quando efetivada a vitória da Azevedo & Travassos no leilão, nossa empresa desembolsará uma segunda parcela de R$ 60 milhões, à vista, que será quitada em até quatro meses após a realização do certame. Além disso, existe um mecanismo negociado junto à UTC que estipula o pagamento de parcelas adicionais por parte da Azevedo & Travassos, que estarão condicionados ao futuro desempenho da Heftos. [O cronograma completo dessa operação pode ser acessado nesse fato relevante.]

Seria interessante ouvir mais a respeito das sinergias entre a Azevedo & Travassos e a Heftos.

Ivan – As atividades das duas empresas são complementares. Hoje, cada companhia atua muito bem em seus respectivos segmentos dentro da cadeia de óleo e gás. Essa junção vai permitir que os times da Azevedo & Travassos e da Heftos possam trabalhar em conjunto, abrindo novos mercados nos quais as duas empresas ainda não atuam.

Um exemplo seria a área de descomissionamento de campos que já passaram da fase madura e estão na etapa de abandono. Isso requer um investimento do proprietário do campo e demanda a contratação de serviços especializados. É aí que a sinergia entra. A Azevedo & Travassos tem toda uma expertise na parte de poços e onshore. A Heftos, por sua vez, tem experiência na parte de planejamento e execução de atividades offshore. Esse é um dos setores que podem gerar um novo polo de atuação dentro de óleo e gás.

O mercado de óleo e gás está passando por diversas transformações. Como vocês avaliam esses movimentos e que oportunidades podem surgir para a empresa?

Gustavo – O foco da Azevedo & Travassos nesse primeiro momento será na prestação de serviços. Estamos acompanhando as mudanças em curso no setor. Na parte de exploração e produção, há a abertura de capital de várias empresas que estão explorando o mercado onshore. Além disso, o mais importante é a retomada da Petrobrás. Depois de seu processo de reestruturação, a Petrobrás está voltando a investir. Então, a produção brasileira vai crescer nos próximos anos. O Brasil receberá investimentos privados e públicos. Neste sentido, vamos nos posicionar para prestar serviços em ambos os mercados.

Além disso, identificamos algumas outras oportunidades e estamos bem animados. Referente à Lei do Gás, eu acho que o Brasil vai explorar muito ainda a parte de dutos. Haverá uma grande onda de investimentos nesse setor e a Azevedo & Travassos tem uma expertise muito grande para ser atuante nesse nicho. E por último, há ainda outra vertente relacionada às termelétricas e a privatização das refinarias da Petrobrás. É uma linha de grandes oportunidades.

Ivan – Está em curso uma mudança de paradigma em todo o setor. A Lei do Gás já proporciona hoje uma facilidade para o investidor privado atuar no mercado, sem a necessidade de passar por um processo muito burocrático de concessões e tudo mais. Esse marco regulatório facilita muito todo esse processo. Nós acreditamos que esse movimento vai ajudar muito na expansão da malha de dutos do Brasil e no aumento da utilização do gás natural. Estamos muito animados com isso.

Por fim, gostaria de ouvir resumidamente as perspectivas da Azevedo & Travassos para além da área de óleo e gás. Como estão as expectativas com outros setores?

TermeletricaGustavo – Além de óleo e gás, a Azevedo & Travassos está muito focada em mercados onde há um potencial grande para a entrada de clientes privados. Então, concentraremo-nos bastante no mercado de saneamento. Com o marco regulatório desse setor, haverá uma entrada forte de investidores. Estão previstos quase R$ 700 bilhões de investimentos na área de saneamento nos próximos 20 anos no país.

A Azevedo & Travassos terá muito foco também na parte de infraestrutura de transporte – rodovias, aeroportos e portos. Tudo isso está muito ligado ao investidor privado, com o ciclo de projetos que estão sendo privatizados dentro do âmbito estadual e também no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Vemos uma oportunidade para entrar nesse segmento como prestadores de serviço.

E, por fim, aparece ainda o mercado de montagem industrial, ligado a parte de termelétricas e novas plantas. Esses três mercados, juntamente com o de óleo e gás, serão os principais para a Azevedo & Travassos, buscando sempre um viés muito forte com o cliente privado.

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