A INDÚSTRIA BRASILEIRA AINDA TEM ESPAÇO PARA CRESCER
Por Marcelo Bonilha – Empresário
A defesa do conteúdo nacional no segmento do petróleo e gás deve ser cada vez mais fortalecida. Digo isto porque já estamos vendo, através de tímidos comentários na mídia, que esta é uma política errada, que incentiva o não investimento e a acomodação do empresariado. Isto pode ser verdade para preguiçosos, que não é o caso do empresariado brasileiro, acostumado a sobreviver, mesmo diante de tantas crises que o nosso país passou e pelo emaranhado fiscal, quase intransponível, o qual as empresas estão submetidas.
A defesa de uma abertura do nosso mercado de forma desordenada, como querem alguns, só nos tira o direito de evoluir, de crescer, de desenvolver e aprender novas tecnologias. Depois de um tempo de maturação, aí sim, as empresas brasileiras estarão aptas a concorrerem com o mercado internacional.
Chamo a atenção, no entanto, para a necessidade de termos uma política fiscal justa e mais simples, principalmente para pequenas e médias empresas, que podem dar suporte às maiores, aumentando e fortalecendo o elo da cadeia de fornecedores, o número de empregos e a melhoria da qualidade da mão-de-obra.
Não conheço empresário que acorde mais cedo para ficar mais tempo a toa, como alguns comentários insistem em desenhar o perfil de empresas brasileiras, só para defender uma abertura selvagem do nosso mercado. O que vejo são empresas brasileiras buscando relacionarem-se com empresas estrangeiras, formar joint ventures e trazer para o Brasil o conhecimento de que tanto precisamos. Vejo também a aplicação e a criatividade do talento brasileiro, já em plena atividade em alguns projetos especiais. Por outro lado vejo muitas empresas estrangeiras se acomodarem num relacionamento já existente com seus fornecedores fora do Brasil e não tentarem desenvolver parcerias similares com os fornecedores nacionais.
Recentemente tivemos um caso emblemático: Por que a SBM conseguiu construir a P 57 com um conteúdo nacional maior do que o exigido (68% contra 65%), três meses antes do prazo e dentro do orçamento inicial. Como participante desse projeto posso responder que a SBM realmente teve disposição de desenvolver parceiros no Brasil, de estudar os preços nacionais e entender o que poderia estar encarecendo-os, de gerenciar bem próximo os serviços contratados e participar das soluções para os problemas que ocorriam. A visão que a empresa teve naquela ocasião gerou hoje parcerias fortes com fornecedores nacionais permitindo que novos projetos fossem executados com o mesmo sucesso.
No final do ano passado fui reeleito diretor do Centro de Excelência em EPC, que vem fazendo um trabalho extraordinário em busca da melhoria de produtividade das empresas epecistas no Brasil. O seu presidente anterior, Antônio Muller, engenheiro respeitado por todo nosso mercado, teve a visão de formar uma parceria com o CII (Construction Industry Institute), dos Estados Unidos, uma referência internacional, que vai balizar as novas métricas em obras da Petrobrás, segundo o próprio plano 2013-2017, que acaba de ser anunciado pela Presidente Graça Foster. E posso garantir que a atual e nova presidente, Renata Baruzzi, seguirá a mesma trilha.
Isto significa um passo adiante. Mostra que as empresas brasileiras não estão paradas e muito menos acomodadas. E tem um sentido ainda maior: aquelas que não se adequarem, que não se modernizarem, que não avançarem, ficarão para trás, sem condições de atender às novas exigências que a Petrobrás já está indicando para suas obras.
A Noruega é o exemplo que podemos seguir. Um país que cresceu baseado na política de defesa de conteúdo local e que hoje é um dos principais polos de tecnologia no setor de petróleo e gás. Partiu do zero no segmento industrial antes da descoberta de suas jazidas no Mar do Norte e atualmente este setor representa cerca de 25 % de seu PIB.
Dê a sua opinião também. Os interessados podem enviar um artigo de 3 mil caracteres (contando os espaços) para artigo@petronoticias.com.br
Prezado Marcelo, Interessante seu ponto de vista sobre o espaço do crescimento da nossa industria. Como empresária de logística internacional deveria ser a primeira e levantar a bandeira contra a visão do conteúdo nacional em pró de próprios interesses. Mas, o desafio, que move ou que deve mover os empreendedores, é respeitar e entender as necessidades numa visão global e futura, com ações inteligentes e de responsabilidade para crescer construindo. Formar base sólida utilizando a experiência e tecnologia de outros países e povos para o benefício de nosso pais, nossa gente. Gostei muito de ler seu artigo./Celia Pinho / ILS… Read more »
Fiquei muito impressionado com a clareza do pensamento deste jovem empresário. Parabéns a ele pela visão. uma visão que muitos políticos sem vergonha deviam ter. Uma visão que as empresas devem assimilar.
Um estímulo para que as empresas brasileiras busquem novas tecnologias e desenvolvam e distribuam o conhecimento para profissionais brasileiros.
Parabéns, caro Marcelo.
Prezado Marcelo
Muito oportuno a sua mensagem, neste momento estou em Londres, um frio de lascar , indo para Aberdeen buscar parceria/ tecnologia , tarefa difícil para empresa de médio porte como a minha..
Sds
Luiz Alberto
Prezado Marcelo
A sua mensagem sintetiza a necessidade da mudança de rumos na Industria Nacional, precisamos modernizar nossos parques industrias trazendo novasa tecnologias para nos tornarmos competitivos e acredito que aliado a estas parcerias seria importante uma desoneração fiscal para assim sermos realmente com petitivos.Com iniciativas como a do CE-EPC podemos encurtar o caminho para atingirmos a excelência.
Parabéns Marcelo