A INDÚSTRIA DO ETANOL DE MILHO GANHA FORÇA NA ÁREA DE BIOCOMBUSTÍVEIS E REFORÇA O RETORNO DOS PRODUTORES
As estimativas de crescimento da UNEM – União Nacional do Etanol de Milho – estão prevendo que a indústria de etanol de milho, que saltou de 520 milhões de litros em 2017/18 para uma projeção de 6,5 bilhões de litros em 2023/24, deve alcançar algo em torno de 11 bilhões de litros no ano-safra de 2030/31. Mesmo com perspectivas futuras favoráveis, o cenário de rentabilidade da indústria de etanol de milho brasileira se mostrou desafiador desde o início da pandemia até meados de 2023. Neste contexto, a indústria nacional passou a investir no aumento da rentabilidade da operação, tornando-se referência global em rendimento e tecnologia. O setor tem exemplos de que o caminho para manter a rentabilidade da operação passa pelo investimento em coprodutos. Nos Estados Unidos, desde 2012, o óleo de milho vem sendo a saída para o aumento da rentabilidade da operação. Já no Brasil, a extração de óleo surgiu desde a instalação das primeiras plantas de alta capacidade e Hoje, o que era restrito aos grandes produtores, está se tornando uma solução atrativa para todo mercado.
O óleo de milho, apesar de representar o menor volume de produção em uma planta de etanol de milho, possui o maior valor agregado do processo. O produto já alcançou alto rendimento industrial no país, e figura como um investimento de alto retorno, com payback em menos de um ano de operação. Isto porque, ao extrair o óleo que seria vendido incorporado ao DDGS (Grãos Secos de Destilaria, destinados à nutrição animal), o produtor passa a contar com produto com valor 4 vezes maior. Hoje, o óleo de milho é direcionado para o mercado de ração animal, mas existem potenciais mercados como o de produção de biocombustíveis, a exemplo do biodiesel e o HVO. Esses mercados estão atualmente restritos pela baixa escala de volume produzido do óleo de milho, mas são os setores que estão puxando a demanda global de óleo e positivamente impactando seu preço.
Para Fabricio Leal Rocha(foto principal), diretor do negócio de Bioenergia da Novozymes, uma das maiores empresas líderes mundiais no fornecimento de enzimas e leveduras para a indústria de etanol de milho, existe uma oportunidade significativa de geração de valor na indústria brasileira de etanol de milho por meio da otimização do processo de produção de óleo. “Apenas 40% do óleo é extraído da matéria-prima, o que equivale a 13,5kg por tonelada de milho, enquanto o benchmark de extração de óleo no mercado está entre 22kg e 23kg. Desta forma, a representatividade do óleo no faturamento da empresa pode passar de 3% para 5%, o que equivale a aproximadamente R$15 milhões adicionais anuais para uma planta que processa 1700 toneladas por dia de milho.”,
Rafael Piacenza(foto a direita), gerente de Desenvolvimento de Negócios da Novozymes, explica que são três os fatores que impulsionam a extração de óleo em uma planta: fatores mecânicos, químicos e biológicos. “Fatores mecânicos estão relacionados às condições de operação dos equipamentos envolvidos na extração como os decanters e tricanters, bem como a presença ou não de uma segunda moagem (moagem úmida). Os aspectos químicos se referem aos parâmetros de processo como pH, temperatura e otimização da separação das fases no processo por meio da aplicação de surfactantes, entre outros produtos. Finalmente, temos o papel da biotecnologia, pois o portfólio de enzimas aplicado no processo evoluiu de forma significativa nos últimos anos, combinando enzimas como protease, celulase e hemicelulase, que liberam o óleo que fica encapsulado no milho e maximizam o rendimento deste processo.“
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