A MACAÚBA COMO FONTE DE BIOCOMBUSTÍVEIS É A GRANDE VEDETE DE UM CONGRESSO QUE ESTÁ SENDO REALIZADO EM CAMPINAS
O I Congresso Internacional de Macaúba e o II Congresso Brasileiro de Macaúba começaram hoje (23) e vão até sexta-feira (25) no Instituto Agronômico (IAC), em Campinas. O evento é direcionado a especialistas, pesquisadores, profissionais e líderes do setor público e privado que irão discutir o papel dessa palmeira na bioeconomia e no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU). As pesquisas com macaúba ganharam uma grande dimensão, principalmente do ano passado para cá, com elevados investimentos e interesse de diversos países. Trazer este congresso histórico para o IAC demostra a relevância do Instituto para este setor. “Fomos pioneiros nos estudos de muitas espécies que, somente anos depois, se tornaram economicamente importantes. No caso da macaúba, por exemplo, se hoje o setor privado abraça a cultura e investe é porque o IAC e outras instituições públicas de pesquisa fizeram um trabalho de abertura de trincheiras, nós demonstramos que a espécie é competitiva“, diz o pesquisador do IAC e coordenador do evento, Carlos Colombo(foto a esquerda).
Atualmente, o IAC tem importantes resultados em suas pesquisas com macaúba, iniciadas no Instituto em 2006, um ano após o começo dos estudos dessa palmeira no Brasil, que coincidiu com a criação do Programa Nacional dos Biocombustíveis. Naquele período, a Petrobrás fomentou projetos com várias alternativas de oleaginosa, dentre elas a macaúba, para atender o mercado de biodiesel. A FAPESP financiou os estudos do IAC desde 2006 até 2022. Na sequência, o IAC passou a atuar em um projeto FINEP, em colaboração com a Universidade Federal de Viçosa, a Universidade de Hohenheim, o Instituto Fraunhofer e o Itaú. Esse projeto é vigente e seguirá até julho de 2025.
Também em 2023 o IAC fez um projeto em cooperação com a Acelen Renováveis, empresa do grupo Mubadala, de Abu Dhabi, que comprou a refinaria de Mataripe e está movimentando o setor de macaúba, elegendo-a como a espécie principal para produzir biocombustível, bio-óleo para a refinaria. A pesquisa da Acelen Renováveis aposta em conhecimento, tecnologia e inovação para saber o potencial energético da macaúba na produção de biocombustíveis.
Para Victor Barra (foto à esquerda), diretor de Agronegócio da Acelen Renováveis, um dos pontos mais relevantes desta iniciativa é a maximização do potencial da macaúba como cultura energética. “Estamos falando de uma oleaginosa que pode ser de 7 a 10 vezes mais produtiva por hectare plantado em comparação com a soja. Além disso, vamos cultivar a macaúba em 180 mil hectares de pastagens degradadas nos estados da Bahia e norte de Minas Gerais, melhorando a qualidade do solo, promovendo o sequestro de carbono e aumentando a biodiversidade, o que, como consequência, resulta em ecossistemas mais saudáveis e produtivos.”
A empresa está investindo um valor inicial de US$ 3 bilhões em um projeto inédito para produzir 1 bilhão de litros de combustíveis renováveis, como SAF (Sustainable Aviation Fuel – Combustível de Aviação Sustentável) e Diesel Renovável (HVO), utilizando a macaúba como matéria-prima.
Segundo Colombo, as interações internacionais passaram a aumentar em 2019, com Alemanha, Argentina, Costa Rica e México. “O primeiro congresso brasileiro de macaúba foi feito em 2013, em Patos de Minas. Naquela época, quase não tinha participação internacional ainda, tinha um outro grupo do Paraguai, que já mexia com o Macaúba, com o Coyol, como eles chamam lá, mas ainda não tinha um grupo forte como tem hoje.”
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