A OPÇÃO NUCLEAR É URGENTE
Por Antônio Müller / Presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN) –
O Brasil vive um momento de necessidade de garantir mais energia para o seu desenvolvimento econômico. Isto é imperioso. Muitas vezes já ouvi de estrangeiros que detemos mais de 20% da água de nosso planeta e que somos um país privilegiado por ter alternativas para geração de energia. De fato somos. Mas estamos dando a impressão de que, diante de tantas alternativas, não estamos escolhendo certo o que fazer. O Brasil tem a sexta maior reserva de urânio do mundo, mas está privilegiando matrizes energéticas complementares, como a eólica e a solar. Precisamos tomar a decisão certa, com urgência, e optar por ampliar a nossa matriz energética com base nuclear.
Depois da decisão da construção de uma usina nuclear, há um período de quatro anos para seu licenciamento, além de mais cinco anos para a sua construção. Isto significa que, se decidirmos por uma nova usina em 2014, somente em 2023 ela entrará em operação. O Brasil está crescendo e temos pressa para que sejamos sustentáveis energeticamente.
Temos conhecimento, material humano e combustível. Temos o desejo da iniciativa privada de financiar a construção das novas usinas, sem que o governo gaste um centavo, até a compra da energia que será gerada e vendida em leilão. Por que não tomar já esta decisão? A cada empreendimento deste porte, mais de 30 mil empregos diretos e indiretos são gerados, levando riqueza e oportunidades para toda região em seu entorno. O nosso país precisa com urgência optar pelo lógico e pelo óbvio.
Recentemente, os britânicos decidiram voltar a construir uma usina nuclear, depois de 30 anos, quando privilegiaram o gás como matriz de geração. Suas reservas no Mar do Norte estão diminuindo e a escolha pela construção de uma nova usina foi a mais sensata, superando a barreira do desconhecimento dos benefícios nucleares. Cerca de 85% da eletricidade gerada na França provem da energia nuclear. A Alemanha quer recuar na produção de energia nuclear, mas já sofre com os altos preços e com a saída de indústrias de base, que preferem fabricar seus produtos a custos de energia mais baratos em países vizinhos.
O Brasil, além dos recursos hídricos explorados quase em sua totalidade, tem para apoiar a sua matriz energética a energia eólica e a energia solar. Mas elas são apenas fontes complementares. E um país em franco crescimento como o nosso, com ambições de proporcionar mais progresso, educação e saúde para sua população, não pode calçar a sua escolha apenas em fontes alternativas. Elas são importantes, mas são sazonais.
O Brasil tem água, vento, sol, urânio, biomassa, óleo, gás e carvão. E, como dizem os estrangeiros, é privilegiado por isso. Mas não temos que seguir o caminho dos combustíveis poluentes para a nossa geração de energia. As usinas nucleares são as melhores opções. Tanto do ponto de vista do desenvolvimento econômico, da independência energética, do domínio da tecnologia, quanto da consolidação de novos talentos em nossa juventude. Não podemos deixar o tempo passar e as decisões simples escorrerem entre os nossos dedos. Quem tem esta responsabilidade precisa agir.
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