A PROJECTUS ESPERA QUE O MERCADO VOLTE A AQUECER EM 2024 E QUER REPETIR O DESEMPENHO DOS PRIMEIROS SEIS MESES DESTE ANO

A cada ano que passa, percebe-se que o empresariado brasileiro continua a chamar a atenção para os mesmos entraves que jogam o custo de empreender e produzir cada vez mais para o alto. O balão da nossa economia precisa tirar as amarras que travam  a sua subida, porque necessita de desburocratização e desregulamentação, que são pesos que mantém o balão sem ganhar altura. Infelizmente, grande parte da classe política parece não querer acompanhar a modernização e insiste em disputar privilégios para si. O empresário Márcio Cancelara, Presidente da Projectus, e que já ocupou a vice-presidência da Abemi durante a gestão de Antônio Muller, participa hoje do Projeto Perspectivas 2024, com sugestões para um novo ano mais promissor. Para ele, a questão tributária, é essencial. Para lembrar, o período de transição da Reforma Tributária terá início em 2026 e está prevista para valer integralmente a partir de 2033. Mas para que isso aconteça, o texto ainda precisa ser validado pela Câmara (que pode fazer ajustes em relação a esse período) e ir à sanção presidencial. O Senado Federal aprovou no dia 8 de novembro a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/2019, que promove a Reforma Tributária. Haverá a eliminação de impostos – substituição de 5 tributos (IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS) por um Imposto sobre Valor Adicionado (IVA) dual, Imposto sobre Bens e Serviços e um Imposto Seletivo. Veja agora  as opiniões de Marcio Cancelara.

 – Como foi o ano de 2023 para sua empresa no seu segmento de negócios?

– Para o segmento de Engenharia Consultiva, o ano de 2013 foi razoável. No primeiro semestre, houve grande volume de solicitações. Entretanto, a partir do segundo semestre, notamos redução da demanda com a prorrogação ou adiamento de investimentos em especial da inciativa privada nacional e estrangeira.

Não estão claros os motivos dessa redução, que podem estar relacionados a conjuntura externa ou reflexo da insegurança advinda da reforma tributária que indica aumento sensível de tributos para vários setores da economia. Igualmente há impactos causados pela política monetária e elevadas taxas de juros que inibem o comércio e serviços, além de impedir a redução do custo financeiro de investimentos.

 – Que sugestões gostaria de passar para o governo ou para o mercado com o objetivo de melhorar as condições de negócios no Brasil?

– Entendo que a reforma tributária trará de forma bastante desigual diversos segmentos econômicos, reduzindo sensivelmente a competitividade dos setores mais prejudicados com o aumento da carga de tributos. A excessiva quantidade de exceções desfigura a reforma e o país perde a chance de reduzir o famigerado “Custo Brasil”. Na verdade, salvo para setor industrial, a reforma mais parece uma simplificação de impostos do que uma reforma propriamente dita.

Para melhorar as condições de negócios no Brasil, o governo deveria implementar a desoneração da folha de pagamentos para todos os setores da economia. Outro ponto importante a ser enfrentado é a privatização de áreas em que o governo se mostra incapaz de atender satisfatoriamente a demanda ou impossibilidade de investimentos seja por concessões, PPPs ou PPIs, venda de participação etc. A falta de uma política industrial é responsável pelo contínuo decréscimo de peso da indústria no PIB nacional.

– Quais são as suas perspectivas de negócios do seu segmento para este novo ano que está para começar e quais as perspectivas da nossa economia para o ano que vem?

 – As perspectivas são promissoras uma vez que possivelmente questões como a reforma tributária estarão inicialmente resolvidas. A demora na definição da legislação complementar poderá continuar travando investimentos. O cenário externo também poderá contaminar os investimentos externos no Brasil. No entanto, o Brasil necessita de investimentos de todas as áreas, principalmente em Infraestrutura, que deverá comandar o ritmo de crescimento do nosso setor.