A ROSATOM FAZ ACORDO COM O NÍGER SOBRE URÂNIO DEPOIS DA REVOLUÇÃO QUE ROMPEU O ACORDO COM OS FRANCESES

Um golpe duro para as pretensões francesas. A  Rosatom e o Ministério da Energia do Níger assinaram um termo de cooperação no uso de energia nuclear para fins pacíficos. Sergey Tsivilev, Ministro da Energia, chefiou a delegação russa na visita oficial que incluiu conversas com o Primeiro-Ministro do Níger, Ali Lamine Zeine, o Ministro das Minas, Ousmane Abarchi, e o Presidente Abdourahamane Tiani. “O Níger está pronto para oferecer uma série de serviços.  E agora nossas equipes estão discutindo entre si, pessoalmente, como concretizar esse grande potencial. Como parte da reunião, foi assinado um importante memorando sobre cooperação.  Nossa tarefa não é apenas participar da mineração de urânio; precisamos criar um sistema completo para o desenvolvimento do átomo pacífico no Níger. Isso inclui a construção de uma usina de geração de energia, para que esteja disponível a todos os residentes do país, e a cooperação na área da medicina nuclear. Também concordamos com o treinamento conjunto de especialistas nessa área,”  disse Sergey Tsivilev.

O ministro das Minas, Abarchi, disse que “em um mundo marcado pela instabilidade, rápidas mudanças tecnológicas, tensões geopolíticas e crescentes demandas das pessoas, tornou-se imperativo construir parcerias estratégicas, sustentáveis e equilibradas” Ele afirmou ainda  que eles identificaram áreas prioritárias de colaboração, particularmente em defesa, minas, petróleo e energia, agricultura, educação e treinamento, transporte, indústria, comércio e finanças e disse que eles tinham uma “visão estratégica ambiciosa, que visa fazer do setor de mineração um pilar do crescimento sustentável, soberania econômica e justiça social”.

O urânio é extraído no Níger desde o início da década de 1970. O país atualmente produz cerca de 5% da produção mundial de urânio, mas as licenças de operação para minas, incluindo o projeto Madouela da GoviEx e o Imouraren da Orano, foram retiradas após um golpe militar em julho de 2023. A Somaïr, que opera a mina de urânio de Arlit, é detida em 63,4% pela francesa Orano, com a empresa estatal nigeriana de ativos de mineração, SOPAMIN, detendo 36,6%, mas está sob o controle operacional das autoridades nigerinas desde dezembro. Em junho, a Orano afirmou que o litígio era o único recurso possível após o Conselho de Ministros do Níger anunciar planos de apropriação e nacionalização da joint venture.

Reprocessamento em Zheleznogorsk

Na Rússia, o segundo complexo do Centro Experimental e de Demonstração, que processará combustível nuclear usado, foi inaugurado e segue uma fase experimental inicial. O centro, localizado na Central de Mineração e Química de Zheleznogorsk, no Território de Krasnoyarsk, é um módulo industrial e se tornará a primeira usina do mundo a reprocessar combustível sem gerar resíduos radioativos líquidos, informou a Rosatom. Além de reprocessar combustível nuclear usado, seu objetivo é obter dados e equipamentos de teste para auxiliar no projeto de uma futura usina de reprocessamento em larga escala. Após a segunda fase do Centro Experimental e de Demonstração atingir sua capacidade projetada, a usina poderá processar cerca de 200 toneladas de combustível nuclear usado por ano.

Alexey Likhachev, Diretor Geral da Rosatom, afirmou: “O lançamento da segunda fase do Centro Experimental e de Demonstração é uma parte importante do nosso trabalho em larga escala para criar um cluster completo no Território de Krasnoyarsk que participará do fechamento do ciclo do combustível nuclear. Pela primeira vez no mundo, estamos fechando o ciclo do combustível nuclear em escala industrial, reduzindo significativamente a participação de urânio natural e reutilizando os produtos do processamento de combustível nuclear usado. Nas próximas décadas, o Centro Experimental e de Demonstração da Combinação de Mineração e Química se tornará um dos elos-chave para toda a indústria nuclear no processo de transição para tecnologias de energia nuclear de quarta geração.”