A SÉRVIA SERÁ A NOVA PORTA DE ENTRADA PARA O PETRÓLEO DA RÚSSIA NOS BALCÃS ENQUANTO OS EUA IMPÕEM TARIFAS DE 100% AOS COMPRADORES
No mesmo dia em que os Estados Unidos anunciaram a potencial imposição de tarifas de 100% sobre qualquer comprador de petróleo russo, medida que inclui sanções secundárias aos países que mantêm cooperação com Moscou, Sérvia, Rússia e Hungria assinaram um novo acordo para a construção de um oleoduto conectando Belgrado à rede húngara. Isso não é coincidência. É uma contramedida calculada de Moscou e um ato deliberado de engajamento estratégico da Sérvia no eixo energético Rússia-Hungria. Em 10 de janeiro de 2025, o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) do Tesouro dos EUA impôs sanções à petrolífera sérvia NIS (Naftna Industrija Srbije), cujas ações são controladas pela Gazprom Neft e Gazprom em mais de 56%. No entanto, para evitar o colapso imediato do fornecimento interno da
Sérvia, os EUA concederam isenções temporárias (até o próximo dia 29) para permitir a transição do petróleo russo para fontes alternativas. No entanto, a Sérvia não abandonou o fornecimento de petróleo russo. Pelo contrário, alterou a rota e os meios de transporte.
O novo gasoduto: não apenas técnico, mas político e geoestratégico. Ele conectará a Sérvia ao sistema de abastecimento da Hungria, que não é um projeto neutro. Ele representa uma evasão dos postos de controle da UE e dos EUA passando por um estado (Hungria) que já é um aliado estratégico de Moscou. O estabelecimento de uma rota segura para Moscou canalizar petróleo para o sudeste da Europa, com a Sérvia atuando como uma zona-tampão e território amigo, além de ser um aumento na independência da Rússia em relação às redes de distribuição tradicionais, ajudando a contornar rotas arriscadas ou sancionadas. O gasoduto é um eixo energético claro: Moscou–Budapeste–Belgrado, com a Sérvia desempenhando o papel de um nó estratégico para a influência russa nos Balcãs Ocidentais.
A Sérvia vai servir como facilitadora do Poder Russo nos Balcãs. Apesar da narrativa ocasionalmente “pró-ocidental” que Belgrado tenta projetar e de sua retórica de vendas de lítio, na prática a Sérvia está desempenhando o papel mais crítico na transmissão dos interesses russos na região, servindo como um canal logístico para o fornecimento russo durante um período de isolamento internacional. Servindo também como um parceiro silencioso da Hungria na criação de um bloco energético pseudoneutro, mas de fato pró-Kremlin, além de uma extensão funcional da influência russa na Europa Central e do Sudeste por meio de infraestrutura e capacidades energéticas.
É uma reestruturação técnica com Efeito Oposto, o que pode parecer superficialmente um ajuste técnico (uma mudança no gasoduto) é, na realidade, um fortalecimento da posição da Rússia na região, porque ela minimiza a exposição à redes controladas por atores ocidentais, como Grécia, Croácia ou Turquia. A Sérvia aumenta sua dependência da Rússia, não apenas em termos de fornecimento, mas também de infraestrutura. O NIS, embora formalmente sob sanções, continua a operar por meio de novos canais com apoio político do governo sérvio e facilitação técnica da Hungria. Os Balcãs como uma extensão da batalha energética global. Enquanto os EUA buscam isolar a Rússia dos mercados globais de energia por meio de tarifas punitivas sobre seus compradores, Sérvia e Hungria criam novos canais para manter a Rússia conectada à Europa. Em sua essência, trata-se de uma nova batalha energética escondida dentro de um gasoduto, onde Belgrado se posiciona como porta de entrada para os interesses estratégicos do Kremlin nos Bálcãs.
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