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ABDAN APONTA NECESSIDADE DE PELO MENOS QUATRO NOVAS UNIDADES NUCLEARES ATÉ 2030

Por Bruno Viggiano (bruno@petronoticias.com.br) – 

Antonio Müller, presidente da Abemi.

O presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN), Antonio Muller (foto), defendeu hoje a construção de pelo menos quatro novas usinas nucleares no Brasil até 2030. Sua afirmação é baseada num estudo realizado  pela Fundação Getúlio Vargas intitulado “Definição do Programa Nuclear Brasileiro – Uma Necessidade para o Desenvolvimento no País”. Neste trabalho, são apontados três cenários: o primeiro,  um cenário conservador, com a necessidade se construir quatro novas unidades até 2030; o segundo seria um cenário mais realista, em que seriam construídas 18 novas unidades até 2040; o terceiro cenário é otimista; totalizando 23 novas unidades nucleares, também até 2040. Este estudo já foi entregue aos presidenciáveis Dilma Rousseff e Aécio Neves, e será apresentado à Marina Silva na próxima segunda-feira (29).

Segundo Muller, o momento pede que decisões sejam tomadas imediatamente quanto à construção de novas unidades nucleares. O Ministério de Minas e Energia (MME) já apontou que entre 2025 e 2030 não haverá mais locais viáveis para desenvolver novas usinas hidrelétricas. O tempo para licenciamento e construção de uma usina nuclear gira em torno de dez anos, sendo cinco anos para cada fase. Portanto, precisa-se pensar em novas unidades de base, que atualmente são as hidrelétricas, carvão – que tem o problema dos gases poluentes; caso se queira tratar os gases, o custo da usina aumenta muito, além da necessidade de exportá-lo —, sobrando a opção da energia nuclear.

O Brasil domina o ciclo, operação e construção da energia nuclear, não havendo motivos para tantos anos sem tocar na questão. Angra 3 sofreu com 23 anos de obras paradas, sendo tomada pelo governo como parâmetro para avaliação de custos para implantação de usinas nucleares. “Obra parada é obra cara”, constesta Muller. Um dos maiores exemplos da inércia brasileira na energia nuclear é o comparativo entre o país e a Coréia do Sul. Ambos os países instalaram na mesma época suas primeiras usinas (Angra 1 e Kori), no entanto, o Brasil está concluindo sua terceira unidade, já a Coréia conta com 20 usinas e é exportadora de tecnologia.

O momento mundialmente é de retorno à energia nuclear, já sendo uma questão superada o desastre de Fukushima. Muller afirmou que no mundo estão sendo construídas 100 novas usinas nucleares, e destacou que essa é a fonte de energia que menos matou na história. Até mesmo o Japão, vítima do último grande desastre, já retomou as atividades de três usinas nucleares e está construindo novas.

No Brasil, a ABDAN quer que haja uma mudança na Constituição Federal, através de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que permita que a participação privada na energia nuclear seja majoritária, ao contrário do que prevê nosso atual sistema de leis. Uma necessidade também apontada pela instituição é que não haja licenciamentos distintos para a construção e produção de energia, concentrando em um só licenciamento ambos os ciclos por um período predeterminado de tempo, como acontece nos Estados Unidos.

Os números de aproveitamento de energia das unidades nucleares trazem mais destaque para esta opção. Enquanto Belo Monte, por exemplo, dos 11.000 MW de capacidade instalada, trabalhará com apenas 4.500 MW, enquanto as usinas nucleares de mesma capacidade instalada ficam torno dos 10.200 MW aproveitados.

A questão ambiental também é um ponto positivo para a energia nuclear, sendo uma das mais limpas. A geração de dióxido de carbono oriundo de usinas nucleares é a terceira mais baixa, perdendo apenas para energia hidrelétrica e solar, a frente da eólica, tão comumente noticiada como sem nocividade para o meio ambiente.

O Brasil tem um quadro bastante favorável para o desenvolvimento da energia nuclear, tendo além do domínio tecnológico para sua implementação, reservas de 309 mil toneladas de urânio, suficiente para abastecer 16 usinas nucleares por 100 anos. Somente Brasil, Rússia e Estados Unidos contam com tecnologia e reservas de urânio. A França, por exemplo, tem tecnologia e não tem reservas, enquanto a Austrália é o país com mais reservas no mundo e não conta com tecnologia.

A possibilidade de exportação de urânio não é fechada pela Constituição, no entanto, a lei diz que a venda só pode ocorrer após a determinação da necessidade estratégica brasileira do minério de urânio, entretanto, esse estudo nunca foi feito.

O custo do quilowatt hora (KWh) ainda é visto com receio, mas a ABDAN afirma que o KWh mais barato é o da energia nuclear. Em países como Estados Unidos e China o quilowatt instalado é repassado de US$ 4.500 a US 5.000 e US$ 1.700, respectivamente. A estimativa da instituição é que no Brasil o KW fique em torno de US$ 5.000, enquanto a tarifa do KWh fique em aproximadamente R$ 159. Esse custo tende a diminuir com a continuidade de produção de novas usinas. Nos Estados Unidos, a energia nuclear já é a que conta com tarifa mais barata.

Quando questionado sobre a possibilidade de o gás oriundo do pré-sal, quando em plena produção, ser uma opção mais interessante que a energia nuclear, Muller confirma que esta possibilidade existe, mas que para alcançar plena produção ainda demorará muito tempo e voltou a ressaltar a questão ambiental. Enquanto cada GWh gerado através de usinas nucleares forma 17 toneladas de dióxido de carbono, a mesma quantidade de energia gerada através de queima de gás natural forma 622 toneladas de dióxido de carbono.

O tão propagado lixo nuclear também foi desmistificado durante a apresentação da ABDAN, sendo apontada a alternativa de reaproveitar o urânio na forma de plutônio, através do processo de fissão nuclear, como já é feito no Japão.

O ano de 2015 será de disputa política dentro da câmara de deputados e senado, com a ABDAN e empresas do setor privado brigando pela aprovação da PEC e o início da construção de novas unidades nucleares. No pior dos cenários, que novos projetos nucleares sejam confirmados pelo governo. Um dos pontos que mais se deve ter em mente, segundo Muller, é que a energia nuclear não é para complementar a hidrelétrica, mas para substituí-la.

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Engº Marcelo Araujo
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Engº Marcelo Araujo

Infelizmente grandes demandas de projetos como este não são interessante para a nossa corja de políticos. Nosso governo se interessa por projetos de até 4 anos para que ele coloque sua faixa na inauguração.
Temos exemplo do projeto do rio São Francisco idealizado por D. Pedro I.
Até hoje este projeto só consome nosso dinheiro devido ao olho grande da equipe de brasilia.