ABDAN APOSTA NA PARTICIPAÇÃO DE MICROS E PEQUENAS EMPRESAS COMO FORNECEDORES DO PROGRAMA NUCLEAR BRASILEIRO
O Presidente da ABDAN, Celso Cunha, acredita que micro e pequenas empresas possam ter um papel importante no desenvolvimento do programa nuclear brasileiro, em função das oportunidades que vão surgir com a construção de novas usinas e também com o início do projeto das pequenas usinas nucleares (SMRs), adequadas para serem instaladas em pontos estratégicos do país. Ele diz que “O Programa Nuclear Brasileiro (PNB), fruto do Acordo Nuclear Brasil- Alemanha Ocidental de 1975, é resultado dos esforços de criarmos políticas científicas e tecnológicas que impulsionassem o desenvolvimento socioeconômico no Brasil se tornou uma preocupação latente no período de 1964 a 1985. Deste Programa, foram criadas empresas especializadas nas atividades nucleares, mão de obra altamente qualificada, centros e laboratórios de pesquisa, joint ventures, absorções de conhecimentos e tecnologias e o desenvolvimento de capacidades técnicas industriais que, em grande parte, conseguiram ser mantidas pelo Governo mesmo após os tempos de crise econômica do final da década de 1980 e da década de 1990.”
Celso Cunha lembra que do ponto de vista da geopolítica, a exploração científica, tecnológica, industrial e comercial do urânio enriquecido pode tornar o Brasil autossuficiente na produção de urânio e exportador de combustível nuclear: “Através de Empresas âncoras, como as Estatais: Nuclep (foto à direita), Eletronuclear, INB e AMAZUL e as empresas privadas: ATECH, Westinghouse, CNCC, FRAMATOME, E.D.F., Holtec e Rosatom, é possível fomentar as Micro e Pequenas Empresas, que hoje já respondem por cerca de 99% dos negócios brasileiros, têm uma participação de 30% do PIB e são responsáveis por 55% dos empregos gerados no país e são capazes de formar uma cadeia produtiva próspera para o setor nuclear.”
O trabalho a ser feito, segundo objetiva o Presidente da ABDAN, é incentivar a integração entre os setores para formação de joint ventures, usando a inovação tecnológica, baseada em uma política científica que impulsione o desenvolvimento socioeconômico no Brasil. Para ele, isso é urgente: “O setor nuclear está avançando. As obras para término da usina de Angra 3 e a extensão de vida de Angra 1 estão em curso. O depósito de armazenamento a seco do combustível empobrecido está prestes a ser inaugurado. A reabertura da mina de urânio de Caetité, na Bahia, e o início dos preparativos para a exploração da mina de Santa Quitéria (foto à esquerda), no Ceará, são alguns exemplos do que está acontecendo no Setor Nuclear.”
Para lembrar, o Ministério de Minas e Energia, aprovou no dia 8 deste mês, a resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que Estabelece orientações sobre o uso de recursos para pesquisa, desenvolvimento e inovação no setor de energia do País: “Precisamos aproveitar este momento de ascensão da indústria nuclear em todo mundo e no Brasil para promovermos a inovação tecnológica. Por exemplo, embora a INB, domine o conhecimento de todas as etapas do ciclo do combustível, o urânio extraído das minas não é convertido para o estado gasoso nem enriquecido em território nacional.”
Este exemplo pode ser lembrado, mas há outros. Durante a pandemia foi muito grande a dificuldade de acesso a equipamentos e serviços no Brasil. A própria Eletronuclear teve que se reinventar durante o processo de abastecimento de Angra 2 que ocorreu em 2020: “As necessidades e as condições iniciais estão formadas. Está na hora de termos uma política de apoio a nossa indústria de base nuclear, principalmente a formada pelas MPE. Ter um cluster formado pela união de institutos de pesquisas e empresas prestadoras de serviços especializados é de suma importância”, concluiu Celso.
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