ABDAN E SEBRAE LANÇARAM EDITAL COM DESAFIOS DE EMPRESAS ÂNCORAS DO SETOR NUCLEAR PARA PEQUENAS EMPRESAS E STARTUPS
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
Novas oportunidades na mesa para startups, micro e pequenas empresas. A Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN) e o Sebrae/RJ lançaram nesta semana um edital com oito desafios tecnológicos propostos por três grandes companhias âncoras do segmento – Eletronuclear, Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e Atech. As inscrições para a chamada pública já estão abertas e poderão ser realizadas até o dia 20 de setembro. Como já antecipado pelo Petronotícias, o objetivo dessa iniciativa é atrair startups, micro e pequenas empresas para atuarem também no setor de energia nuclear. O edital foi detalhado durante um painel na conferência internacional Nuclear Trade & Technology Exchange (NT2E). Os detalhes do edital estão disponíveis nesse link.
O desafio tecnológico do Sebrae/RJ e da Abdan será dividido em duas etapas. Na primeira delas, as companhias proponentes apresentarão um resumo de seus projetos de inovação. Na fase 2 da chamada pública, essas empresas deverão detalhar a estruturação dos seus planos de negócios para desenvolverem os projetos. Os recursos financeiros para os desafios serão acertados em uma negociação direta entre as companhias âncoras e as proponentes. A publicação dos projetos aprovados está programada para ocorrer até o dia 6 de outubro.
“As oportunidades no setor de energia nuclear são gigantes. Temos que trabalhar em conjunto para que as startups, micro e pequenas empresas possam apoiar o crescimento da indústria nuclear”, disse a coordenadora de Negócios Internacionais do Sebrae/RJ, Miriam Ferraz (foto), durante o evento de lançamento do edital. Em entrevista recente ao Petronotícias, ela já havia detalhado que um levantamento preliminar identificou 160 micro empresas que não atuam no segmento nuclear mas que possuem potencial de fornecimento para esse setor. “Possivelmente, quando publicarmos o edital no mercado, vamos identificar muito mais do que essas 160 empresas”, afirmou.
Segundo fontes do setor nuclear ouvidas pelo Petronotícias, o estímulo à cadeia local de fornecedores tem dois princípios fundamentais. Primeiro, o potencial de redução de custos para empresas âncoras no momento em que passarem a contar com mais companhias brasileiras oferecendo serviços e tecnologias. Atualmente, muitos produtos desse segmento são importados por falta de opções no território brasileiro. O segundo ponto é a questão de segurança operacional – alguns itens demandados possuem poucos ou apenas um único fornecedor. Diversificar o leque de opções garante que a indústria continuará sendo abastecida com seus insumos, mitigando assim eventuais riscos.
Os desafios tecnológicos da Eletronuclear foram apresentados pelo chefe do departamento de desenvolvimento de novos empreendimentos da estatal, Marcelo Gomes da Silva (foto ao lado). Segundo ele, os desafios buscam nacionalizar produtos e serviços que a empresa atualmente precisa adquirir do exterior. A Eletronuclear também visa desenvolver novas soluções para os desafios atuais da empresa, além de buscar ampliar o seu número de fornecedores. Ao todo, a companhia apresentou quatro desafios tecnológicos no edital.
A primeira demanda tecnológica da Eletronuclear diz respeito a um software para modelagem 3D de sistemas e componentes. A estatal precisa de uma ferramenta interativa para simulação de desgaste e maus funcionamentos. A tecnologia poderá ter aplicação no sistema de água de alimentação dos geradores de vapor das usinas nucleares de Angra. O segundo desafio tecnológico se refere à atualização do cadastro de sobressalentes mecânicos, identificando as características críticas dos materiais e adequando-os às normas atuais. O projeto aplica-se a 1.000 itens de materiais como anéis de vedação, parafusos, porcas e arruelas.
O terceiro desafio busca a nacionalização de componentes da turbina e do gerador, com objetivo de conseguir fornecedores locais com base nas descrições contidas no manual do equipamento ou por inspeção visual em peças já existentes em estoque visto. A lista inclui parafusos, porcas, molas, o-rings, mancais, selagens, lâminas de selagem e juntas de vedação. Por fim, o quarto e último desafio da Eletronuclear propõe um projeto e fabricação de 2 equipamentos para teste do sistema de controle da turbina, de forma a simular o sistema principal e medir o desempenho de cada componente individualmente, como atuadores e válvulas.
A segunda empresa âncora a apresentar seus desafios foi a Atech, do grupo Embraer, especializada no desenvolvimento de sistemas e aplicação de tecnologias. O primeiro deles visa a execução de atividade de inspeção, testes e manutenção em áreas com espaço restrito. Para isso, a proposta é a fabricação de robôs ou equipamentos operados remotamente, que precisarão atender aos requisitos específicos para o setor nuclear, principalmente com relação à radiação. O segundo desafio trata de equipamentos, instrumentos, componentes e materiais de instalação usados na área nuclear que precisam atender requisitos específicos. A Atech visa adequar esses itens para que possam comprovar o atendimento ao processo de dedicação/qualificação de acordo com as normas da indústria nuclear.
Por fim, a INB também apresentou dois desafios tecnológicos. Um deles envolve uma tecnologia para controle de leito de fluidização com utilização de metais sinterizados porosos. O segundo desafio visa a criação e implantação de um novo sistema de retificação de pastilhas de urânio.
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