ABDAN SE REUNIU COM EMPRESAS AMERICANAS PARA ESTIMULAR FORMAÇÃO DE JOINT VENTURES COM COMPANHIAS BRASILEIRAS
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
Em busca de laços mais estreitos entre as empresas do setor nuclear do Brasil e dos Estados Unidos, a Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN) organizou um evento virtual nesta semana para estimular a formação de parcerias entre companhias dos dois países. O webinar foi realizado em conjunto com o Instituto de Energia Nuclear (NEI, na sigla em inglês), que em fevereiro do ano passado fechou um acordo com a ABDAN para promover o uso e o crescimento da fonte. O encontro foi considerado um sucesso, com grande adesão por parte das empresas dos EUA. Ao todo, foram mais de 35 companhias americanas, além de representantes do governo daquele país. “As empresas americanas podem perfeitamente fazer joint ventures aqui no Brasil. Esse é um tema importante, porque acho que essa questão regional vai ganhar importância no mundo”, opinou o presidente da ABDAN, Celso Cunha. O mercado brasileiro reserva muitas oportunidades de novos negócios para os próximos anos. Há uma previsão que o setor deverá receber pelo menos US$ 27 bilhões em investimentos para a construção de 8 GW a 10 GW de novas centrais até 2050. “As informações foram muito bem vistas. Eu acho que a sinalização foi oportuna. Em abril, faremos outro webinar em parceria com a NEI, com mais detalhes e outros tópicos a serem discutidos”, acrescentou Cunha.
Qual o balanço desse seminário organizado pela ABDAN e NEI?
Esse webinar faz parte do acordo firmado entre a ABDAN e a NEI em fevereiro de 2020. Naquela ocasião, aconteceu também o Primeiro Fórum de Energia Brasil-Estados Unidos (USBEF), com representantes do Departamento de Energia Americano (DOE) e do Ministério de Minas e Energia, no Rio de Janeiro. Durante esse evento, fizemos a assinatura de um acordo com a NEI de forma a promover ações para incentivar o setor nuclear.
Tivemos uma adesão em massa nesse webinar. Foram, ao todo, 97 participantes, incluindo diretores de grandes empresas americanas do setor de energia nuclear. Alguns representantes do DOE também participaram do encontro.
O almirante Ney Zanella, que é assessor do Ministro de Minas e Energia, apresentou às empresas americanas um overview do progresso do setor nuclear brasileiro nos últimos meses. Isto é, quais foram o avanços obtidos desde fevereiro do ano passado até agora. O Brasil, como já sabe, conseguiu fazer muita coisa nesse período.
E quais foram alguns dos temas debatidos no evento?
A partir desse evento, vamos incentivar as empresas americanas e de outros países a trabalharem com as empresas brasileiras. O webinar contou com a participação de empresas importantes do nosso país, como a Atech, Engetec, MPE Engenharia, Nuclep, Amazul e INB, para citar algumas. Havia um time grande de empresas americanas também. Incentivamos muito o estabelecimento de parcerias, com a criação de joint ventures para acelerar o processo do setor nuclear no Brasil.
Também tocamos no assunto de redução de custo a partir da redução de risco de contratos. Isso foi um tema levantado durante o debate. O Brasil, aliás, está discutindo isso com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Além disso, também debatemos o avanço dos small modular reactors (SMR) na política energética dos países. O Plano Nacional de Energia 2050 anunciou a construção entre 8 GW e 10 GW no Brasil durante os próximos 30 anos. Então, isso permite ao país pensar não somente em grandes usinas, mas também em reatores pequenos.
Gostaria de falar mais sobre esse estímulo à formação de joint ventures. Porque a ABDAN considera isso importante e quais os ganhos para o setor nuclear nacional?
A pandemia evidenciou que o Brasil não pode depender da produção de itens essenciais em países muito distantes. Isso é uma questão importante. Há um mínimo de itens que devem ser produzidos aqui no Brasil. Na hora que temos um problema desses, o país não tem que ficar esperando as coisas virem do outro lado do mundo.
Além disso, ainda temos um mercado nuclear muito jovem no país. Não temos uma pujança muito grande, com grandes volumes. Então, é perfeitamente razoável pensar em joint ventures, onde você tem uma parceria com uma empresa estrangeira que transfere tecnologia e constrói partes do equipamento no país.
Há, então, um potencial para que as empresas americanas olhem com atenção para o Brasil?
As empresas americanas podem perfeitamente fazer joint ventures aqui no Brasil. Esse é um tema importante, porque acho que essa questão regional vai ganhar importância no mundo. Na apresentação do almirante Zanella, foi destacado o volume de investimentos previstos no setor nuclear brasileiro nos próximos anos, que são da ordem de US$ 27 bilhões. Ou seja, há muitas oportunidades.
Todo o mundo está muito preocupado em produzir localmente parte do conteúdo das usinas, aumentando o nível do conteúdo nacional. Mas isso não significa que você vá afastar as empresas ou exigir percentual de produção. Eu acho que as coisas tem que acontecer de forma natural. E a ideia de joint venture é uma maneira disso acontecer.
E qual foi a percepção das empresas americanas participantes no evento após a apresentação dessas informações?
As informações foram muito bem vistas. Eu acho que a sinalização foi oportuna. Em abril, faremos outro webinar em parceria com a NEI, com mais detalhes e outros tópicos a serem discutidos.
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