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ABIMAQ BUSCARÁ MAIOR INTERAÇÃO COM SETORES NAVAL E OFFSHORE NOS PRÓXIMOS ANOS

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

IMG_0438_previewOs sinais de retomada gradual do setor de óleo e gás permitem que empresas e entidades ligadas a este segmento vislumbrem o futuro. A Associação Brasileira da Indústria de Maquinas e Equipamentos (Abimaq), por exemplo, teve recentemente mudanças em sua diretoria e a nova equipe já trabalha pensando nas próximas demandas do mercado petrolífero. O executivo Marcelo Campos foi eleito vice-presidente da sede regional da associação no Rio de Janeiro e se prepara para as ações futuras, com um novo planejamento estratégico para os próximos três anos. “Uma maior interação com os players dos setores Naval, Offshore, Mineração, Siderurgia, Logístico, Manufatureiro e OEM [Original Equipment Manufacturer] é providencial e faz parte de nosso plano”, explicou. Ele detalha também que a unidade regional ganhará uma nova sede e revela planos de interação maior com entes públicos. Sobre as oportunidades em óleo e gás, o executivo acredita que, daqui a dois ou três anos, o setor terá mais demanda de fornecimentos, mas demonstra preocupação com o momento atual: “Hoje estamos preocupados com a escassez de encomendas no mercado nacional, causadas principalmente pelas paralisações advindas dos desdobramentos da Lava Jato e pela parada de arrumação da Petrobrás e seus parceiros”, afirmou. A despeito de todos os desafios, Campos frisa a capacidade e competência da indústria nacional. “Uma vez que o Brasil resolva as distorções que deixam as condições de mercado menos isonômicas, não tenho dúvida de que iremos nos tornar uma grande potência exportadora, nos moldes do que já acontece com nosso agronegócio”, concluiu.

O senhor poderia falar um pouco como se dá atualmente a atuação da Sede Regional da Abimaq no mercado?

A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ) foi fundada em 1975, com o objetivo de atuar em favor do fortalecimento da Indústria Nacional, mobilizando o setor, realizando ações junto às instâncias políticas e econômicas, estimulando o comércio e a cooperação internacionais e contribuindo para aprimorar seu desempenho em termos de tecnologia, capacitação de recursos humanos e modernização gerencial. Estruturada nacionalmente com escritórios e sedes regionais distribuídos pelo País, a ABIMAQ representa atualmente cerca de 7.500 empresas dos mais diferentes segmentos fabricantes de bens de capital mecânicos, cujo desempenho tem impacto direto sobre os demais setores produtivos nacionais. Neste sentido, o papel da Sede Regional do Rio de Janeiro (SRRJ) vai muito além da representação institucional da entidade. A SRRJ da ABIMAQ tem a sua gestão profissionalizada e as suas atividades voltadas para a geração de oportunidades comerciais para as suas associadas nos estados do Rio, Espírito Santo e Bahia, agindo como Agência de Desenvolvimento da Indústria Brasileira de Máquinas e Equipamentos. Estruturada nacionalmente, o Sistema ABIMAQ possui 9 Sedes Regionais e 1 escritório em Brasília.

Quais serão suas primeiras medidas neste novo cargo?

Não se pode pensar em objetivos sem um Planejamento Estratégico bem desenhado. Uma particularidade da entidade é sua proposta de Gestão moderna e voltada para resultados, com enfoque muito grande em eficiência, mitigando desperdícios e alcançando performance superior. Tratamos a entidade como uma empresa e para tanto, devemos atuar nas Sedes Regionais como Subsidiárias desta grande corporação chamada ABIMAQ.

Já elaboramos um Plano Estratégico para os próximos 3 anos e o mesmo possui objetivos claros, com responsabilidade, atores e prazos de execução. Um primeiro passo será a mudança de nossa atual sede para outro endereço, com maior estrutura e que possa representar a cara dessa entidade que hoje é moderna e eficiente. Assim que este processo de mudança tiver sido concluído, poremos em prática o nosso plano que é ambicioso, mas factível.

Uma maior interação com os players dos setores Naval, Offshore, Mineração, Siderurgia, Logístico, Manufatureiro e OEM [Original Equipment Manufacturer] é providencial e faz parte de nosso plano. Uma expansão associativa também é prioritária, justamente porque aumenta a capilaridade e força da entidade na região geográfica que cobrimos. Teremos também maior presença e interação com entes públicos de cada estado, buscando aumentar sinergias e garantir que a Indústria Brasileira de Máquinas e Equipamentos tenha seus pleitos atendidos, gerando emprego e renda por onde passamos.

E quais os principais desafios do setor de Máquinas e Equipamentos hoje?

Existem diversos desafios a serem enfrentados, mas a equação converge para um único termo, que todos conhecemos e denominou-se “Custo Brasil”. Ao contrário do que vinha sendo dito por algumas pessoas, a Indústria Brasileira é competitiva, tecnologicamente capacitada, inovadora e com uma diversidade como poucas no Mundo. Basta conhecer um pouco mais dos números apenas da ABIMAQ para entender o que estou dizendo. A ABIMAQ possui ao menos 35 Câmaras Setoriais e Grupos de Trabalho fixos e atuantes, dos quais podemos citar alguns segmentos importantes como: Ar Comprimido e Gases, Equipamentos Navais, Offshore e Onshore, Bombas, Válvulas Industriais, Equipamentos de Ginástica, apenas para citar alguns deles. Temos um espectro de atuação vastíssimo, razão pela qual temos propriedade para falar sobre desafios da Indústria. Nenhuma outra entidade engloba tantas empresas assim e ainda, empregamos grande parte dos trabalhadores da Indústria por conta dessa diversidade.

Importante ressaltar que a despeito dos enormes gargalos logísticos, da enorme carga tributária, do imoral custo de capital e da ausência completa de uma Política de Estado para a Indústria, as empresas Brasileiras dentro da ABIMAQ ainda exportam quase 40% de sua produção. Imagine se pudéssemos resolver estas enormes assimetrias em relação a outros países industrializados? A questão passa por uma reformulação do papel da Indústria na geração de riqueza do País e isso se faz com uma Política Industrial ampla e inclusiva.

Como a indústria vai se adaptar as novas regras de conteúdo local?

O tema do Conteúdo Local é recorrente e nós temos papel de destaque nas Políticas que hoje estão em vigor, pois participamos ativamente nas discussões dos mais diversos fóruns relativos ao tema. A Indústria Brasileira não entende que o Conteúdo Local seja a tábua de salvação, mas uma forma de mitigar as assimetrias que citei na pergunta anterior. Não se pode manter uma política de Conteúdo Local de forma perene, mas precisamos combater estas mesmas assimetrias, o que dará ensejo a uma capacidade e competitividade maior, pois temos certeza que nosso problema não é de capacidade produtiva. Ao contrário do mantra divulgado amplamente por verdadeiros ativistas “pró-desindustrialização” na imprensa, nós estamos no caminho inverso, trabalhando para mostrar aos entes da federação, que um país se torna mais rico se for industrializado. A redução da desigualdade também passa por uma capacidade industrial instalada, pois este é um dos fatores de geração de emprego e renda, além de servir de plataforma para melhoria da educação e absorção de tecnologia. Precisamos parar de pensar que a Indústria Brasileira quer proteção, mas queremos isonomia para competir em pé de igualdade com outros países. Se o ambiente de negócios é isonômico, podemos competir a nível global facilmente.

Como o senhor avalia a futura demanda a partir dos recentes leilões que tivemos no Brasil?

Avalio de forma muito positiva a ação do Governo em permitir que os leilões aconteçam com maior frequência e previsível. Isso traz não apenas negócios, mas segurança para os investidores continuarem com seus planos para o Brasil. No entanto, estes negócios surgirão apenas daqui alguns anos, pois a Indústria Brasileira conhecida como Terceiro Elo da cadeia de valor, apenas terá acesso a possíveis fornecimentos daqui 2 ou 3 anos, quando as campanhas de desenvolvimento da produção já estiverem em estágio mais avançado. Hoje estamos preocupados com a escassez de encomendas no mercado nacional, causadas principalmente pelas paralisações advindas dos desdobramentos da Lava Jato e pela parada de arrumação da Petrobrás e seus parceiros.

A internacionalização de negócios é um bom caminho para as empresas?

Sem dúvida! Entendemos que as empresas não podem depender apenas de seu mercado interno e a busca pela internacionalização deve ser parta do planejamento estratégico de nossas associadas. Por conta disso, a ABIMAQ tem convênios com as entidades de fomento a Exportação e Inovação, que ao meu ver desempenham papel fundamental no aumento da competitividade. Uma vez que o Brasil resolva as distorções que deixam as condições de mercado menos isonômicas, não tenho dúvida de que iremos nos tornar uma grande potência exportadora, nos moldes do que já acontece com nosso agronegócio. Máquinas e Equipamentos para o agronegócio tem grande parte de suas receitas advindas de suas exportações. Não se trata de falta de produtividade ou má qualidade como se prega no Brasil, isso é “síndrome de vira-latas” que algumas pessoas têm e que não condiz com a realidade da Indústria como um todo. Evidentemente que existem indústrias que talvez não sejam tão competitivas, mas isso é natural quando se observa o país sob uma ótica vocacional. Não se pode ser bom em tudo, mas podemos sim representar o Brasil em várias frentes.

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João Carlos B. Ludo
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Acho interessante o trabalho que está sendo feito e a positiva energia da ABIMAQ no setor. Em relação ao conteúdo local nas unidades estacionárias de produção, entendo que a entidade defende e três macrogrupos com 40% cada (incluindo equipamentos / máquinas) e não aceita a proposta anterior da ANP que seria um percentual global 25%. Segundo o que o mercado diz, este percentual global de 25% destravaria projetos que estão sendo adiados nesse momento. Se a indústria é evoluída, exportadora e competitiva, acho que a ABIMAQ deveria aceitar e defender o percentual global e realmente deixar os setores que tem… Read more »