ABIQUIM APONTA 2019 COMO UM ANO DIFÍCIL PARA A INDÚSTRIA QUÍMICA NO PAÍS
A Abiquim considera que o setor químico brasileiro teve um ano difícil em 2019. O presidente do Conselho Diretor da entidade, Marcos De Marchi, confirmou uma queda na produção e um aumento da participação do produto importado no mercado doméstico. Além das dificuldades específicas do setor, que é obrigado a pagar pelo gás natural três a quatro vezes mais do que os concorrentes americanos e o dobro dos europeus, o “Custo Brasil” também afeta as empresas brasileiras: “É um sobrecusto de RS 1,5 trilhão ao ano”, informa. Em sua visão, a indústria pode se tornar mais competitiva por meio do programa Novo Mercado de Gás, que deverá criar condições para o setor ter acesso ao gás natural a preços competitivos em linha com o praticado no mercado externo. Ações conjuntas dos poderes executivo e legislativo que incluem as reformas estruturais, os acordos comerciais, a criação das Mesas Executivas da Química, de base e especialidades, pelo Ministério da Economia, ajudam a criar uma perspectiva positiva para os próximos anos.
O secretário do Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação do Ministério da Economia, Caio Megale, garantiu que o processo de abertura comercial será gradual, cuidadoso e não colocará em risco os setores já duramente castigados pelo Custo Brasil. A abertura econômica e a inserção internacional do Brasil são temas importantes para a Abiquim. O setor é um dos mais abertos, com uma presença de 42% de importados no consumo nacional: “Sabemos do problema do ‘Custo Brasil’ e a ideia é mapear esses valores e fazer um programa contínuo para solucioná-los. São 500 anos de acúmulo de distorções, o País tem um custo muito elevado e todos temos o propósito de virar essa página”, declarou a uma plateia de 550 pessoas, composta por empresários e executivos da indústria química. “Os próximos passos para promover um ambiente mais competitivo são as reformas Tributária, que deixará o pagamento dos tributos mais simples e a Administrativa, que reformulará a administração pública”, afirmou.
A vice-presidente do Conselho Diretor da Associação, Daniela Manique (foto à direita), anunciou que o faturamento do setor em 2019 deve ser de US$ 118,7 bilhões, 4,2% menor que em 2018. O volume de produção caiu 3,7% e as vendas internas caíram 1,7% em comparação com o ano passado e a capacidade ociosa atingiu 30% em 2019. O Brasil possui a sexta maior indústria química do mundo, mas está se afastando das cinco maiores: China, Estados Unidos, Japão, Alemanha e Coreia. “Nossa matéria-prima, energia, custos logísticos e tributos superam os valores pagos pelas empresas nos países concorrentes”, lamenta Daniela. A executiva destacou que a química consome 25% do gás natural destinado à indústria, o que a torna o segmento que mais consome o insumo: “O programa Novo Mercado do Gás é um alento para promover a competitividade”.
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