ABIQUIM APONTA DEFICIT NA BALANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS E LEVANTA SUSPEITA DE PRÁTICAS DESLEAIS NO MERCADO
As importações brasileiras de produtos químicos somaram US$ 3,6 bilhões em julho e US$ 3,4 bilhões em agosto, mantendo elevado o ritmo das compras vindas do exterior, apesar da turbulência econômica causada especialmente pelo agravamento, nos últimos meses, da pandemia da Covid-19 no Brasil e nos países vizinhos. As grandes economias, principalmente asiáticas, já demonstravam claros sinais do reaquecimento de suas atividades industriais e exportações, intensificando as preocupações da indústria brasileira sobre a ocorrência de possíveis práticas desleais de comércio. Em termos de quantidades físicas, as movimentações foram de 4,4 milhões de toneladas em agosto, recuo de 6,7% frente às 4,8 milhões de toneladas de julho, mas fazendo do intervalo entre janeiro e agosto o recorde para o período, de 32,1 milhões de toneladas, em toda a série histórica do acompanhamento da balança comercial de produtos químicos.
No acumulado do ano, as compras de produtos químicos vindos do exterior totalizam US$ 26,6 bilhões, diminuição de 9,0% frente ao mesmo período de 2019. As exportações, por sua vez, alcançaram US$ 7,4 bilhões, redução de 14,3% na comparação com o valor registrado entre janeiro e agosto de 2019, no contexto da sensível piora da situação econômica de grandes parceiros comerciais em produtos químicos, particularmente a Argentina. O déficit na balança comercial de produtos químicos, até agosto, chegou a US$ 19,2 bilhões, queda de 6,7% em relação ao igual período de 2019. Nos últimos 12 meses (setembro de 2019 a agosto deste ano), o déficit comercial atingiu a marca de US$ 30,3 bilhões, circunstanciado pela complexa conjuntura internacional de desempenho econômico particularmente instável, com reduções expressivas de PIB nacionais por todo o globo.
Para o presidente-executivo da Abiquim, Ciro Marino, o momento exige cautela e visão estratégica, pois vários países, incluindo o próprio Brasil, ainda estão focados na busca de soluções e agendas emergenciais para o enfrentamento da pandemia e de suas graves consequências sociais e econômicas: “Como é sabido, é essencial para o Brasil atrair novos investimentos em programas federais nevrálgicos como outorgas e concessões em infraestrutura, em parcerias público-privadas, no novo Mercado do Gás, como também os projetos do Programa de Parcerias de Investimentos. Indispensável e particularmente estratégica nesse processo é a defesa comercial, cuja abordagem deve sempre ser técnica. É somente com a garantia de fair trade no comércio internacional que o Brasil conseguirá se posicionar junto aos investidores como mercado seguro e com credibilidade.”
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