ABIQUIM APONTA QUEDA DE PRODUÇÃO DO SEGMENTO QUÍMICO DE USO INDUSTRIAL NO BRASIL
O setor químico no Brasil precisa de uma atenção especial porque a cada mês seus resultados são sempre deficitários em algum setor. A produção do segmento de químicos de uso industrial teve queda de 4,92%, as vendas internas caíram 2,9% e o consumo aparente nacional (CAN), que mede o resultado da soma da produção mais importação excetuando-se as exportações, teve queda de 15,5%, em outubro em comparação com setembro. O nível de utilização da capacidade instalada voltou ao patamar de 70%, seis pontos abaixo do registrado em setembro. Os dados são do Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC) da Associação Brasileira da Indústria Química – Abiquim.
Os resultados negativos em outubro sucedem quatro meses de consecutivos de altas, entre junho e setembro. Segundo a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, esse é um movimento sazonal que ocorre, tradicionalmente, para os produtos químicos de uso industrial, que estão na base de diversas outras cadeias industriais, entre os meses de julho a outubro do ano, em razão das encomendas de Natal e do período de verão, que eleva a procura por descartáveis e outros itens. “Este ano, além disso também houve o impacto da recomposição geral de estoques em diversas cadeias, após o declínio do segundo trimestre, e uma alta conjuntural muito forte no terceiro trimestre do ano. A tendência é a de normalização da demanda ao longo dos próximos meses”.
O índice de preços registrou, em outubro, a quarta elevação consecutiva e subiu 11,26% em comparação com o mês anterior. “Os preços internos acompanham as cotações e os ciclos de volatilidade do mercado internacional, especialmente em razão da característica do setor de ser tomador de preços e não formador. Após um forte declínio nos preços das matérias-primas básicas atreladas ao petróleo no mercado internacional, entre março e maio, no período mais recente o óleo vem registrando sucessivas elevações, pressionando a cotação dos produtos químicos.” Os últimos 12 meses, de novembro de 2019 a outubro de 2020, o índice de produção caiu 4,63% e o de vendas internas recuou 1,43%, sobre os 12 meses anteriores. Em relação ao CAN, houve elevação de 5,4% nos últimos 12 meses, com queda nas exportações de 14,8%, enquanto o volume importado, dos mesmos produtos, subiu 13,6%.
A participação das importações no mercado nacional, no período de novembro de 2019 a outubro de 2020, foi de 46%. A redução da produção nacional em outubro, o retorno ao patamar de 70% na utilização da capacidade instalada e o crescimento da participação dos importados reforçam a necessidade de se acelerar as medidas da agenda positiva do governo federal. “São urgentes as mudanças que tragam maior competitividade às tarifas de gás e de energia, além da reforma tributária e da solução das deficiências logísticas para reduzir o custo Brasil e eliminar as distorções que impõem uma estrutura de custos de produção não compatíveis aquela praticada no mercado internacional. Os custos locais são tão discrepantes que nem mesmo a elevada depreciação do Real compensa”, afirma a diretora da Abiquim.
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