ABIQUIM REGISTRA QUEDA NA PRODUÇÃO BRASILEIRA DE RESINA PLÁSTICA E AUMENTO DE 42,7% NAS IMPORTAÇÕES
A demanda interna do conjunto de resinas termoplásticas (exceto PVC), medida pelo Consumo Aparente Nacional (CAN) – produção mais importação, excluindo as exportações – aumentou 1,8% no 1º trimestre de 2023, comparado ao mesmo período do ano anterior, alcançando um volume de 1,44 milhão de toneladas. O levantamento é Diretoria de Economia, Estatística e Competitividade da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). Dentre os componentes do CAN, a produção e as exportações não acompanharam o crescimento da demanda e apresentaram quedas expressivas de 17,4% e de 31,1%, respectivamente, na mesma comparação. Já o volume de importações dos mesmos produtos teve uma alta de 42,7%, passando a ocupar uma fatia de 10 pontos percentuais maior do mercado doméstico, de 37%, contra 27% do 1º trimestre de 2022, com elevações em todas as resinas, sobretudo pela inserção desses produtos na Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum do Mercosul (LETEC), em agosto do ano passado. O déficit absoluto em toneladas cresceu 538,1% no 1º trimestre de 2023, passando de 48,76 mil toneladas no 1º trimestre de 2022 para 311,16 mil toneladas no 1º trimestre de 2023
O efeito da retirada do Regime Especial da Indústria Química (REIQ) sobre o setor químico, em meados do ano passado, bem como da redução das alíquotas do imposto de importação de algumas resinas termoplásticas, a partir de agosto de 2022, justificam a piora no desempenho do mercado interno. Vale pontuar a decisão recente do governo federal de retirada das resinas termoplásticas da LETEC, a partir de 1º de abril de 2023, corrigindo essa distorção, mas ainda sem reflexos nos resultados apresentados. A menor produção também impactou expressivamente o nível de utilização da capacidade instalada das resinas termoplásticas, que recuou treze pontos percentuais na média dos primeiros três meses de 2023, ante igual período do ano passado, ficando em apenas 68%, o que representa uma ociosidade preocupante de mais de 30%.
Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística da Abiquim, diz que a indústria tem sofrido em razão do ambiente internacional, de instabilidade, com alta da inflação em diversos mercados, além do conflito entre Rússia e Ucrânia, que modificaram a dinâmica de preços dos energéticos no mercado mundial. “Dentro desse contexto, muitas novas capacidades entraram no mercado americano e chinês nos últimos meses, contribuindo para um desbalanceamento momentâneo entre a oferta e a procura por produtos químicos justamente em um cenário desfavorável da economia nacional e internacional.”
O mercado ficou totalmente desestabilizado, pequenos fechando, a reciclagem paralisada. Não é possível que antes de tomar uma medida dessas não foi analisado o impacto no setor, consequentemente do Brasil. Lamentável.