ENGENHEIROS DA PETROBRÁS CRITICAM VENDA DE ATIVOS E DEFENDEM MAIOR AUTONOMIA PARA O CORPO TÉCNICO DA ESTATAL | Petronotícias




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ENGENHEIROS DA PETROBRÁS CRITICAM VENDA DE ATIVOS E DEFENDEM MAIOR AUTONOMIA PARA O CORPO TÉCNICO DA ESTATAL

Por Luigi Mazza (luigi@petronoticias.com.br) –

Felipe CoutinhoAo passo que tem início uma nova fase na Petrobrás, começam também as pressões por mudanças no atual caminho seguido pela empresa. O momento é de rever as estratégias que vinham sendo adotadas nos últimos meses e traçar novos planos de gestão para o futuro, e é com esse foco que vem atuando hoje a Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET). Com a iminência da chegada de Pedro Parente à presidência da companhia, a entidade busca mudanças concretas e defende a interrupção do atual plano de desinvestimentos, que vêm colocando à venda grandes ativos como a Gaspetro e a BR Distribuidora em um momento de baixas ofertas no mercado nacional. Segundo o presidente da AEPET, Felipe Coutinho, é necessário que a empresa redefina suas prioridades e mantenha uma cadeia integrada nas diversas áreas para agregar valor ao petróleo, o que pode impulsionar o país enquanto produtor industrial e reverter lucros em benefícios à sociedade brasileira. A entidade, que traz como uma de suas principais bandeiras a operação única da Petrobrás no pré-sal, também defende o alongamento das dívidas da estatal para uma recuperação gradual do setor, sem que sejam entregues grandes projetos aos interesses da iniciativa privada. Na visão de Coutinho, a empresa deve aprimorar seus resultados por meio da redução da burocracia interna e de uma maior transparência nas decisões. “É necessário desconcentrar o poder do topo da hierarquia corporativa e conferir maior autonomia e responsabilidade ao corpo técnico.”

O que a Aepet espera da futura gestão da Petrobrás?

Nossa associação tem demandas que valem para qualquer direção da companhia. Destaco a defesa da Petrobrás contra os interesses privados e em favor do interesse público para servir à maioria da população brasileira. Os interesses privados são traficados para a gestão da empresa por meio de políticos corruptos e de executivos que são serviçais do sistema financeiro, dos empreiteiros cartelizados, e dos industriais ou dos distribuidores de combustíveis privados. Esses agentes privados buscam maiores fatias da renda petroleira, que podem ser auferidas por diferentes meios, como os juros lesivos, os contratos superfaturados ou os subsídios.

Demandamos que a Petrobrás seja gerida em prol do máximo usufruto para a maioria da população, para garantir nossa segurança energética e alimentar. Esclareço que os fertilizantes, os defensivos agrícolas, o diesel para transporte de mercadorias e o GLP para o cozimento dos alimentos são essenciais para a nossa segurança alimentar.

É necessário que haja visão estratégica para garantir a capacidade de investir para produzir e agregar valor ao petróleo. Produzir derivados, petroquímicos, fertilizantes, desenvolver os biocombustíveis e as energias renováveis. Produzir na medida necessária e em suporte ao nosso desenvolvimento.

Quais as principais mudanças a serem feitas pela nova gestão no curto prazo?

Interromper o plano de desinvestimento, alongar e “desdolarizar” a dívida. Garantir a integração produtiva para a produção de energia, petroquímicos, fertilizantes e renováveis. A agregação de valor ao petróleo é essencial para a geração de caixa diante da variação inevitável dos preços relativos entre o petróleo e seus derivados.

Garantir a liderança da produção no pré-sal, preservando o direito legal à operação única. Demonstrar para a sociedade que o desenvolvimento econômico e social está associado ao consumo de energia primária. Não existe país desenvolvido com baixo consumo per capita de energia. Nenhum país se desenvolveu exportando petróleo por multinacionais. Nenhum país, continental e populoso como o Brasil, se desenvolveu exportando petróleo ou qualquer matéria prima de baixo valor agregado. Precisamos evitar que o ciclo do pré-sal seja mais um ciclo de características coloniais.

Qual é a visão da Aepet acerca do plano de desinvestimentos da empresa?

Não tratamos da questão de forma dogmática. Qualquer empresa de energia precisa ajustar seus ativos. A descoberta do pré-sal alterou completamente a estratégia da companhia e alguns ativos, como da produção ou do refino no exterior, não são mais interessantes e poderiam ser vendidos.

Ocorre que não podemos perder a integração produtiva, essencial para evitar os riscos às variações dos preços e garantir receita em diferentes conjunturas econômicas. É essencial preservar a BR Distribuidora, os gasodutos, as termoelétricas, a Transpetro e a Gaspetro. São ativos altamente rentáveis e estratégicos. Não podem ser vendidos em nenhuma condição, muito menos agora com a depreciação dos ativos de toda a indústria mundial. Também é preciso preservar e fortalecer a atuação da Petrobrás nos biocombustíveis e nas energias renováveis, que são essenciais para erguer a infraestrutura necessária para a transição energética rumo a uma matriz mais diversa e sustentável.

Que soluções sugeririam para a reestruturação da Petrobrás, em função da sua enorme dívida acumulada?

Preservar acertos históricos, reduzir a burocracia, ganhar eficiência com transparência e mais democracia no local de trabalho. É necessário reduzir os custos de overhead e conferir maior autonomia e responsabilidade ao corpo técnico. É necessário desconcentrar o poder do topo da hierarquia corporativa, um dos fatores responsáveis pela corrupção identificada pela Operação Lava-Jato.

Com relação à gestão conjuntural da dívida e ao plano de desinvestimentos, enviamos carta ao ex-presidente Bendine com alternativas para preservar a integridade corporativa e a capacidade de investir para garantir a segurança energética do Brasil.

Em síntese: 1) A venda seletiva e cautelosa de ativos, 2) A conversão das dívidas com bancos públicos em capital na Petrobrás, 3) Empréstimo no Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS, 4) Capitalização com recursos do Tesouro Nacional por meio do BNDES, 5) Renegociação com os bancos credores para alongamento, redução do custo e “desdolarização” das dívidas, 6) “Desdolarização” da dívida em articulação com os bancos públicos, 7) Renegociar contratos de fornecimento de bens e serviços, 8) Alongar investimentos não estratégicos ou menos rentáveis e 9) Renegociação dos prazos de exploração, avaliação e de desenvolvimento da produção junto à Agência Nacional do Petróleo e Biocombustíveis (ANP).

Como a Aepet enxerga os financiamentos fechados recentemente pela Petrobrás com bancos chineses, que preveem a contratação de fornecedores da China?

É muito importante desenvolver alternativas de crédito fora do sistema financeiro hegemonizado pelos EUA e Europa. Os chineses têm elevado grau de soberania e não levam em consideração as notas de crédito das agências que são subordinadas ao sistema financeiro ocidental. É possível buscar a conjugação de interesses estratégicos e soberanos entre o Brasil e a China.

Não disponho dos detalhes deste acordo que são necessários para avaliar quais são os compromissos assumidos. A relação precisa ser cooperativa, não podemos ser fornecedores de petróleo cru, enquanto tomadores de crédito e serviços chineses. Precisamos garantir que haverá agregação de valor ao petróleo no Brasil, que haverá desenvolvimento industrial e tecnológico no nosso país. Os chineses têm um projeto de desenvolvimento nacional plurianual, e o Brasil não, por isso podemos ter problemas na relação com qualquer país soberano.

O desenvolvimento de alternativas tende a facilitar inclusive a relação da Petrobrás com os bancos tradicionais que, neste caso, enfrentariam maior competição.

Quais são hoje as principais bandeiras defendidas pela Aepet?

Posso citar: 1) Manutenção da liderança da Petrobrás no pré-sal, com a garantia legal da operação única, 2) Superação da conjuntura financeira com a preservação da integridade corporativa, 3) Fortalecimento institucional para a defesa da Petrobras na relação com fornecedores de bens e serviços, 4) Fim da adoção de contratos de amplo escopo para a condução dos empreendimentos, 5) Fortalecimento do Centro de Pesquisas com o modelo de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia Básica (PD&E) e 6) Promoção do corpo técnico para o desenvolvimento pleno de suas funções.

Além das demandas específicas acredito que precisamos melhorar a organização corporativa com mais transparência e democracia no local de trabalho, sob efetivo controle social. Em busca do melhor desempenho corporativo para máximo usufruto da maioria dos brasileiros, da geração atual e das futuras.

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Assis Pereira
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VISÃO DE UM ENGENHEIRO APOSENTADO DA PETROBRAS: Estou de pleno acordo quando o representante da AEPET CRITICA VENDA DE ATIVOS DA PETROBRÁS na forma como esta sendo operacionalizada almejando que a Estatal conceda maior autonomia para o CORPO TÉCNICO. Mas, é preciso que alguém informe ao Diretor da AEPRT que não basta apenas criticar a venda de ativos e reclamar da falta de representatividade do Corpo Técnico da Petrobras nas decisões. Estamos todos cientes dessa perversa situação. Há que ser tomada ATITUDE, de forma que não adianta “clamar no deserto” e abdicar de ações pró-ativas que deveriam partir da própria… Read more »

Assis Pereira
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NA 30ª FASE DA LAVA JATO, GERENTES DO TERCEIRO ESCALÃO DA PETROBRAS FORAM CONDUZIDOS COERCITIVAMENTE PARA DEPOR. HAVERIAM DE SER CONDUZIDOS SOB CONDIÇÃO COERCITIVA OU PRESOS? Veja matéria do Valor: http://www.valor.com.br/politica/4576055/lava-jato-veja-quem-sao-os-alvos-da-30-fase-da-operacao DESTAQUE DA MATÉRIA: “A Polícia Federal chegou a pedir a prisão dos dois dirigentes da Confab, dos dois agentes da Petrobras e de Paulo Cesar Peixoto, da Apolo Tubulars, mas o juiz Sergio Moro negou o pedido e converteu em condução coercitiva.” RELATO DE UM ENGENHEIRO APOSENTADO DA PETROBRAS: Por ter denunciado Diretores e Gestores da Petrobras à Ouvidoria Geral da Petrobras, estou sendo processado por um dos Gerentes… Read more »

Mário Moura
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Mário Moura

Assis…você está de parabéns nas suas palavras e tomo a liberdade de reforça-las colocando mais um ponto que carece de um a resposta. Onde estavam as vozes de nossos representantes na Cia (AEPET, Sindicatos, representante no CA) que não se manifestaram diante de tantos desmandos, incompetência, ingerência política e má fé? Se os gerentes que acompanharam todos os absurdos calaram, o que dizer dos demais que tomei a liberdade de incluir. Eles não seriam tão coniventes quanto… Não concordo em desinvestimento no atual momento, sem uma definição da estratégia da Cia para os próximos anos e o mercado em baixa,… Read more »