AEPET DIZ QUE PETROBRÁS CONTINUA PAGANDO ALTOS DIVIDENDOS E ALERTA PARA NÍVEIS BAIXOS DE INVESTIMENTOS
A Petrobrás está enrolada em mais um imbróglio desde a semana passada, quando anunciou que não pagaria dividendos extraordinários referentes ao 4º trimestre de 2023. A medida derrubou as ações da petroleira na sexta-feira passada. Ainda assim, para a Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET), a companhia pagou dividendos insustentavelmente altos em 2023. Segundo a entidade, em 2021 e 2022 a razão média entre os dividendos pagos e o investimento líquido foi de 804%, no resultado consolidado de 2023 foi de 232,63%, enquanto entre 2005 e 2020 foi de 12,7%, em termos médios.
“Os números evidenciam que a distribuição de dividendos tem sido desproporcional aos investimentos. Os resultados históricos demonstram que não é possível sustentar tais políticas”, avaliou o presidente da AEPET, Felipe Coutinho, em artigo publicado no site da associação. Ainda segundo ele, em 2023, a Petrobrás, apesar de ter a menor receita em comparação com outras grandes petroleiras, pagou o maior montante em dividendos. Adicionalmente, foi a petroleira que realizou o menor investimento líquido, sendo de apenas 51% em relação à média das demais.
“A relação entre os dividendos pagos e os investimentos líquidos demonstram, de forma cabal, como as políticas da alta direção da Petrobrás são discrepantes em relação a gestão das grandes petrolíferas mundiais. A relação da Petrobrás foi 4,2 vezes superior à média praticada pelas outras petrolíferas”, explicou Coutinho, conforme demonstrado em tabela ao final desta reportagem.
A AEPET afirma ainda que o investimento líquido da Petrobrás realizado em 2023 foi de US$ 8,7 bilhões, é cerca de 60% menor se comparado à média histórica dos investimentos da Petrobrás, desde 1965, de cerca de US$ 22 bilhões por ano, e 84% menor se comparado com o investimento médio anual, entre 2009 e 2014, de US$ 53 bilhões em valores atualizados. “Quanto menor o investimento, maiores o fluxo de caixa livre e a distribuição de dividendos, além de mais recursos disponíveis para a recompra e cancelamento de ações, com valorização potencial do capital dos acionistas no curto prazo”, ponderou o presidente da entidade.
Por fim, Coutinho conclui que a redução dos investimentos, a níveis insuficientes para manter reservas e produção de petróleo, as vendas de ativos rentáveis, estratégicos e resilientes à queda do preço do petróleo e seus preços conjunturalmente elevados, possibilitaram pagamentos de dividendos altos e insustentáveis pela direção da Petrobrás em 2021, 2022 e 2023.
Deixe seu comentário