AFETADA PELA LAVA JATO, ENGEVIX BUSCA ACORDO DE LENIÊNCIA E NOVOS INVESTIDORES PARA ESTALEIRO ECOVIX
O avanço dos desdobramentos da Operação Lava Jato está deixando muitas das empresas envolvidas nos escândalos da Petrobrás em situações complicadas, agora em busca de algum tipo de saída para que não caminhem para o fim. Uma delas, a Engevix, que tem um de seus sócios, Gerson Almada, preso em Curitiba, chegou a este ponto, após saber da cobrança de R$ 538,9 milhões proposta pelo Ministério Público Federal a título de ressarcimento, multa e danos morais. Outro sócio da companhia, o executivo José Antunes Sobrinho (foto), afirmou, em entrevista ao jornal Valor Econômico, que agora estão na expectativa de um acordo de leniência com a Controladoria-Geral da União (CGU), para tentar reerguer a empresa.
“Estamos com a história manchada, com um sócio preso, e queremos juntar os cacos. Não queremos ver o nosso grupo morrer”, disse Sobrinho ao jornal, afirmando que o acordo poderia destravar o acesso ao crédito com bancos, atualmente inviabilizado em todas as instâncias.
O executivo descartou qualquer possibilidade de novos investimentos a serem feitos pelo grupo no curto prazo, apontando o estaleiro Ecovix como um dos empreendimentos em situação mais delicada do conglomerado, por conta da alta necessidade de capital de giro e dos problemas que todos os estaleiros vêm tendo com a Sete Brasil, pelo atraso de pagamentos.
A empresa possui contrato de construção de três sondas para a SeteBr, e a sociedade com a japonesa Mitsubishi – dona de 30% do estaleiro – é o que dá algum fôlego ao projeto, mas Sobrinho afirmou na entrevista que estão buscando sair “um pouco do controle” do Ecovix, provavelmente tendo mais um sócio.
“Hoje, o meu interesse é encontrar um parceiro a mais e reduzir a nossa participação, devido justamente à nossa necessidade de capital de giro”, afirmou ao Valor Econômico, ressaltando ainda que estão analisando propostas também pela participação na Inframérica, que controla os aeroportos de Brasília (DF) e de São Gonçalo do Amarante (RN).
Ele criticou também a forma como a Operação Lava Jato está afetando todos os grupos de empresas, e não somente as subsidiárias envolvidas nas acusações, questionando ainda o valor apontado pelo Ministério Público a ser pago como ressarcimento.
“Se esses valores devem refletir vantagens que possamos ter tido ou danos à Petrobrás, eles são completamente irreais. Tivemos prejuízos brutais com esses contratos com a Petrobrás, notadamente com o projeto da Rnest e mais um contrato para plataforma em Macaé. As nossas perdas são auditadas e auditáveis”, disse ao jornal.
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