AGÊNCIA ATÔMICA TESTA NO BRASIL TÉCNICA NUCLEAR PARA TORNAR MOSQUITOS DA ZIKA ESTÉREIS E LIBERA-LOS NO AR USANDO UM DRONE
A Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) testaram com sucesso a liberação de mosquitos estéreis de drones como parte dos esforços para usar uma técnica nuclear para suprimir o inseto que dissemina Zika e outras doenças. Os testes do novo sistema foram realizados no Brasil no mês passado. A técnica do inseto estéril (SIT), uma forma de controle de natalidade de inseto, usa radiação para esterilizar mosquitos machos, que são então liberados para acasalar com fêmeas selvagens. Como estes não produzem descendentes, a população de insetos diminui com o tempo, observou a AIEA. O SIT é utilizado há mais de 50 anos para combater pragas agrícolas, como a mosca da fruta do Mediterrâneo, e só recentemente foi adaptado para mosquitos transmissores de doenças.
A AIEA e a FAO trabalharam com o grupo suíço-americano WeRobotics no ano passado para desenvolver um mecanismo de liberação de mosquito baseado em drones para uso na aplicação do SIT no controle de pragas de insetos. Jeremy Bouyer, entomologista médico da Divisão Conjunta FAO / IAEA de Técnicas Nucleares em Alimentos e Agricultura, disse que o uso de drones é um avanço e abre caminho para lançamentos em grande escala e eficientes em termos de custo, também em áreas densamente povoadas. Com o drone, 20 hectares podem ser tratados em cinco minutos, acrescentou.
Os mosquitos Aedes, responsáveis pela propagação de doenças, não se dispersam por mais de 100 metros durante sua vida, criando um desafio para a aplicação efetiva do SIT em grandes áreas, disse a AIEA. Eles também são frágeis, e lançamentos de alta altitude por aviões podem danificar suas asas e pernas. Adam Klaptocz, co-fundador da WeRobotics, disse que testes iniciais com o drone mostram menos de 10% de mortalidade por todo o processo de resfriamento, transporte e liberação aérea. Pesando menos de 10 kg, o drone pode transportar 50.000 mosquitos estéreis por voo. O custo do drone é de US$ 12.370. Seu uso reduz a metade o custo de liberação de mosquitos. A AIEA e seus parceiros estão agora trabalhando para reduzir o peso do drone e aumentar sua capacidade de transportar até 150.000 mosquitos por voo.
O impulso para o desenvolvimento do SIT para controlar os mosquitos se tornou mais urgente à medida que a epidemia de zika se desdobrou no Brasil e na América Latina em 2015-2016, disse a AIEA. Por meio de seu Programa de Cooperação Técnica, a organização baseada em Viena ajudou os países afetados a diagnosticar a doença e a aumentar a capacidade regional de aplicar a SIT. O Brasil planeja começar a usar o sistema baseado em drones em áreas urbanas e rurais selecionadas a partir de janeiro próximo.
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