AGÊNCIA DE INVESTIMENTO APONTA OPORTUNIDADES PARA BRASIL NO SETOR DE ENERGIA LIMPA DO CHILE
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
Muitas empresas brasileiras, nos tempos de auge da crise econômica, decidiram buscar novos negócios no exterior como uma forma de sobrevivência. E como o ambiente de negócios no país não conseguiu ainda patamares tão altos, fazer investimentos em países vizinhos ainda parece ser uma alternativa. O Chile, por exemplo, tem investido pesado no setor de energias renováveis. A meta o governo é chegar a um percentual de 90% de energias limpas em sua matriz até o ano de 2050. “O Chile experimentou um aumento explosivo no uso de energia limpa nos últimos anos, impulsionado principalmente pelos setores solar e eólico”, afirmou o diretor da agência InvestChile, Ian Frederick. Ele explica que há ainda poucos investimentos brasileiros nessa área, mas que existem oportunidades não só na parte de geração, mas também no fornecimento de produtos e serviços. “Em termos de energia solar especialmente, temos a área com maior radiação solar no mundo, o deserto de Atacama, e o melhor ambiente para aproveitar este laboratório natural para o desenvolvimento de novas tecnologias”, ressaltou.
Quais os principais investimentos de empresas brasileiras no setor de energia do Chile atualmente?
Há pouquíssimos investimentos brasileiros nesse campo. Há uma história de empresas, como a Latin American Power, de capital brasileiro, e empresas que estão crescendo, como a Ecom. Esta última está empurrando o desenvolvimento em conjunto com a San Pedro [empresa do Chile do setor de mineração], em uma área perto de Santiago, onde se pretende instalar uma usina fotovoltaica de capacidade de 3 MW, que terá a distinção de ser a primeira de seu tipo em compartilhar suas instalações com as do site, porque ele será construído dentro das dependências das minas. É um investimento de cerca de US$ 2,6 milhões, o que explica a queda de equipamentos e tecnologias associados a esse tipo de usinas.
O Chile tem demonstrado um interesse muito grande em ampliar a participação das energias limpas. Acredita que isso será uma oportunidade para as empresas brasileiras?
Sem dúvida. O Chile experimentou um aumento explosivo no uso de energia limpa nos últimos anos, impulsionado principalmente pelos setores solar e eólico. Nós deixamos de ser um país que tinha uma matriz baseada em combustíveis fósseis e gás – o que nos obrigou a importar – para ser uma economia que até exporta energia limpa.
Chile tem por lei o objetivo de alcançar uma cota de 20% de energias renovável não convencional (NCRE) na rede nacional em 2025. De acordo com números da indústria, e desenvolvimento de produtos dos últimos cinco anos, esse objetivo seria alcançado início de 2020.
Nesse sentido, hoje encontramos oportunidades não apenas para aqueles que se estabelecem no país na área de geração de energia limpa, mas para aqueles que são fornecedores dessas empresas, desenvolvedores de tecnologia relacionada, bem como aqueles envolvidos no título do transmissão.
Na sua opinião, quais as vantagens de se investir no Chile? Por que as empresas brasileiras devem olhar com mais atenção para esse mercado?
O Chile tem sido consistentemente o líder regional nos principais rankings internacionais. Facilidade para fazer negócios, ambiente de negócios, competitividade e liberdade econômica são alguns dos índices em que o país lidera an América Latina. Isso, sem considerar que seu PIB per capita (PPP) está inclinado para US$ 24.500, semelhante a algumas economias europeias.
Mas além dos números, há argumentos que fazem do Chile um destino a ser considerado pelas empresas brasileiras. Uma delas é a sua facilidade de fazer negócios: o nosso país é onde o investimento estrangeiro é bem-vindo e a realização de negócios é fácil. A instalação de uma empresa leva 40 dias em média (no caso de empresas menores, um sistema online reduz esse tempo para apenas um dia), e nosso sistema tributário se emoldura dentro de uma normativa geral comum a todos, por isso não temos impostos diferenciados de acordo com a cidade ou estado.
Em termos de energia solar especialmente, temos a área com maior radiação solar no mundo, o deserto de Atacama, e o melhor ambiente para aproveitar este laboratório natural para o desenvolvimento de novas tecnologias.
Há um balanço de quanto as empresas brasileiras já investiram no Chile nos últimos anos no setor de energia?
Não há valores específicos para energia. Segundo dados oficiais, as capitais brasileiras no Chile no final de 2016 alcançam apenas US$ 10,521 milhões. Com o InvestChile, estamos trabalhando para aumentar esse número, porque temos certeza de que nosso país tem potencial inexplorado pelas empresas brasileiras.
De que forma o acordo de livre comércio entre os dois países, que está sendo negociado, deve ampliar a geração de negócios no setor de energia?
O aprofundamento do acordo de livre comércio fala da disposição de ambos os países de realizar mais e melhores negócios. Do ponto de vista comercial, reafirma as vantagens tarifárias com as quais já temos atualmente e ajusta regulamentações setoriais específicas. O intercâmbio comercial entre os dois países é altamente dinâmico, com US$ 9.026 milhões em 2017. Da mesma forma, as empresas chilenas investiram no Brasil US$ 31.698 milhões no período 1990-2016. O que é necessário agora do ponto de vista dos investimentos e além do acordo, é que as empresas brasileiras se atrevem a prospectar suas oportunidades de negócios no Chile. Nesse sentido, como InvestChile, temos certeza de que nosso país pode servir como base para suas operações tanto na Aliança do Pacífico quanto em toda a América Latina.
Quais serão os próximos planos da InvestChile para expandir os negócios entre o Brasil e o Chile?
Recentemente, estivemos em São Paulo conversando com várias empresas e participando de um seminário organizado em conjunto com a Fiesp e ProChile. Lá, pudemos verificar a boa imagem que o nosso país tem, e o interesse dos empresários brasileiros em saber mais sobre os aspectos práticos e comerciais de se instalar no Chile. Estamos planejando realizar atividades no Brasil de forma mais sustentada (a cada seis meses) e integrar diferentes cidades para abrir conversas com empresas locais, com o objetivo de enviar uma mensagem clara: suas empresas são bem-vindas no Chile, e nossa agência está à sua disposição para facilitar a chegada ao país.
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