AGÊNCIA INTERNACIONAL DE ENERGIA ATÔMICA TROCA EQUIPE EM ZAPORIZHZHIA E TEME QUE HAJA BOMBAS NO TETO DAS USINAS

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, afirmou que a chegada dos seus especialistas à central nuclear de Zaporizhzhia, há um ano, foi “crucial” e a sua presença continua a ser de “suprema importância”. Numa mensagem que assinala o aniversário da sua visita à central para estabelecer a Missão de Apoio e Assistência da AIEA a Zaporizhzhya, Grossi disse que ter a AIEA permanentemente presente na usina nuclear de é de grande valor. “Não há dúvida de que esta presença foi um divisor de águas. A presença da equipe da agência na maior usina nuclear da Europa, na linha de frente da guerra, tem sido uma parte crucial das atividades da AIEA para monitorar a situação e ajudar a Ucrânia. A presença da AIEA foi essencial para ajudar a estabilizar a situação e manter o mundo informado sobre a usina. Estou particularmente orgulhoso do pessoal corajoso que realiza este importante trabalho, bem como dos que trabalham nas outras centrais nucleares da Ucrânia e no sítio de Chernobyl”.

A AIEA forneceu outra assistência e monitoramento contínuos na Ucrânia, além das missões de especialistas, incluindo facilitar o apoio financeiro internacional e o compartilhamento de informações. As equipes de funcionários da AIEA na central nuclear  têm alternado a cada poucas semanas, com a décima mudança de pessoal acontecendo pouco antes do aniversário. A central, a maior da Ucrânia e da Europa, está sob controle militar russo desde o início de março de 2022 e os funcionários da AIEA têm de atravessar a linha de frente militar para chegar e sair do sítio. Grossi disse que a equipe da AIEA na usina “continua ouvindo explosões e sons de atividades militares ocorrendo a alguma distância” da usina e a equipe da agência foi informada de que em agosto um drone atingiu um prédio residencial na cidade vizinha Energodar, servindo como “outro lembrete dos potenciais riscos de segurança e proteção nuclear que a instalação enfrenta durante o conflito militar”.

Na mudança de equipe anterior, foi concedido que os especialistas da AIEA tivessem acesso aos telhados dos reatores das unidades 3 e 4 para verificar a ausência de minas ou explosivos ali ou nas salas das turbinas. A nova equipe esperava um  acesso semelhante aos telhados das quatro unidades restantes. No entanto, este acesso não foi concedido desta vez. Na atualização, a agência informou que a unidade 4 estava em parada a frio desde 12 de agosto, após a identificação de um vazamento de água em um dos quatro geradores de vapor, enquanto a unidade 6 estava em parada a quente para produção de vapor e as outras quatro todas em parada a frio. A Inspeção Estatal de Regulamentação Nuclear da Ucrânia emitiu ordens regulatórias no início deste ano para que todos os seis estivessem em desligamento a frio. A AIEA disse que houve uma “redução considerável” no pessoal de manutenção e que “atualmente era de cerca de um terço em comparação com antes do início do conflito armado na Ucrânia, levantando novas preocupações sobre a capacidade do local de manter adequadamente os sistemas, estruturas e componentes importantes para a segurança nuclear na usina“. Os responsáveis pela central nuclear disseram que foram recrutados novos funcionários e, enquanto treinavam e adquiriam experiência no local, “os empreiteiros de manutenção da Rosenergoatom podem comparecer a curto prazo para auxiliar na execução das tarefas de manutenção”.

Também houve atualização sobre a situação da água de resfriamento, que tem sido preocupante desde os danos à barragem e ao reservatório utilizado para alimentar o abastecimento de água de resfriamento da usina. O nível da lagoa de resfriamento continua a cair cerca de um centímetro por dia, mas o canal de descarga da usina termelétrica próxima permanece intacto e o local continua a ter água de resfriamento suficiente disponível por muitos meses.