AGÊNCIA INTERNACIONAL DE ENERGIA ATÔMICA CONFIRMA A SEGURANÇA DE LIBERAÇÃO DE ÁGUA TRATADA DE FUKUSHIMA NO MAR

Os planos do Japão para liberar a água tratada armazenada na usina nuclear de Fukushima Daiichi no oceano estão consistentes com os padrões internacionais de segurança. A afirmação consta no relatório final feito por uma força-tarefa da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Segundo a entidade, a liberação teria um impacto radiológico insignificante nas pessoas e no meio ambiente.

No local, a água contaminada – em parte usada para resfriar o combustível nuclear derretido – é tratada pelo Sistema Avançado de Processamento de Líquidos (ALPS), que remove a maior parte da contaminação radioativa, com exceção do trítio. Esta água tratada está atualmente armazenada em cerca de 1000 tanques no local. A capacidade total de armazenamento dos tanques é de cerca de 1,37 milhão de metros cúbicos e todos os tanques devem atingir a capacidade total no final de 2023 ou início de 2024.

O Japão anunciou em abril de 2021 que planeja descarregar água tratada armazenada no local no mar por um período de cerca de 30 anos e pediu à AIEA que revisasse seus planos em relação aos padrões de segurança. Uma força-tarefa da agência foi criada para implementar a assistência ao Japão, que incluiu assessoria de um grupo de especialistas internacionalmente reconhecidos dos Estados Membros, incluindo membros da região, sob a autoridade do Secretariado da AIEA.

O diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi, apresentou formalmente ao primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, o relatório abrangente da agência sobre a liberação planejada de água. “O relatório é o resultado de quase dois anos de trabalho de uma força-tarefa da AIEA composta por especialistas de alto escalão da agência, assessorados por especialistas em segurança nuclear internacionalmente reconhecidos de onze países”, disse a AIEA. “Eles revisaram os planos do Japão em relação aos padrões de segurança da AIEA, que servem como referência global para proteger as pessoas e o meio ambiente e contribuem para um alto nível harmonizado de segurança em todo o mundo”.

Nos últimos dois anos, a força-tarefa conduziu cinco missões de revisão ao Japão, publicou seis relatórios técnicos e reuniu-se muitas vezes com o governo japonês e a Tokyo Electric Power Company (Tepco), e analisou centenas de páginas de documentação técnica e regulamentar. Os membros da força-tarefa também visitaram várias vezes o local de Fukushima Daiichi para revisar os preparativos de descarga.

“Com base em sua avaliação abrangente, a AIEA concluiu que a abordagem da descarga de água tratada do ALPS no mar e as atividades associadas da Tepco, da Autoridade Reguladora Nuclear e do governo do Japão são consistentes com os padrões internacionais de segurança relevantes”, diz o relatório. “A AIEA reconhece que a descarga da água tratada do ALPS levantou preocupações sociais, políticas e ambientais, associadas aos aspectos radiológicos. No entanto, a AIEA concluiu, com base em sua avaliação abrangente, que a descarga da água tratada do ALPS, como atualmente planejado pela TEPCO, terá um impacto radiológico insignificante nas pessoas e no meio ambiente”, acrescentou o documento.

O Japão pretende começar a descarregar a água tratada com ALPS em 2023, aguardando a conclusão da Tepco das ações regulatórias domésticas necessárias. “Este relatório abrangente torna clara a ciência da liberação de água tratada para a comunidade internacional e acredito que responde às questões técnicas relacionadas à segurança que foram levantadas. Espero que todos os interessados nesta decisão recebam bem a revisão independente e transparente da AIEA, e garanto, como disse logo no início deste processo, que a AIEA estará presente antes, durante e depois da descarga de água tratada ALPS”, disse Grossi.