AGÊNCIA INTERNACIONAL DE ENERGIA ATÔMICA REVELA QUE VAI ENTREGAR PROPOSTAS PARA RÚSSIA E UCRÂNIA PARA PERSERVAR USINAS NUCLEARES

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi (foto principal), disse que espera apresentar propostas bastante detalhadas para Rússia e Ucrânia, após discussões sobre a segurança de instalações nucleares com os chanceleres dois dois países na Turquia. “O objetivo das conversas era discutir a abordagem geral e se posso ter algo com o qual eles possam trabalhar. Vamos apresentar ideias bastante detalhadas nas próximas horas, para ambos os lados”, disse Grossi em uma entrevista coletiva após as reuniões de ontem (10). “Depois que eu puder confirmar que ambos os lados estão prontos e dispostos a trabalhar conosco nesta questão específica. E então continuaremos a partir daí. Espero poder trabalhar em uma série de aspectos diferentes, desde assessoria técnica em várias coisas, passando para a facilitação, que é muito importante, da cadeia de suprimentos que todas essas instalações exigem que agora é interrompido – e até a possível presença de nossos especialistas lá”, acrescentou.

Os esforços de Grossi estão sendo apoiados pela indústria nuclear. A Associação Nuclear Canadense, Foratom, Instituto de Energia Nuclear, Associação da Indústria Nuclear, Associação Nuclear Mundial e Instituto Mundial de Transporte Nuclear dizem que “aplaudem e endossam” os esforços que estão sendo feitos para estabelecer uma estrutura para garantir a segurança e a proteção de instalações nucleares na Ucrânia. As entidades acrescentam que “pedimos a todas as partes que continuem participando de forma construtiva nesta iniciativa, a fim de formalizar medidas concretas para a implementação de tal estrutura e para garantir que não haja mais ataques militares a instalações nucleares. É especialmente importante garantir imediatamente o bem – ser do pessoal que trabalha em Chernobyl e na usina nuclear de Zaporozhe (foto à direita). Parabenizamos o pessoal desses locais por sua dedicação e profissionalismo exemplar durante essas circunstâncias extremamente difíceis”.

MUDANÇA DE COMBUSTÍVEL

De acordo com a atualização da Inspetoria Reguladora Nuclear Estatal da Ucrânia (SNRIU), todas as usinas nucleares da Ucrânia continuam trabalhando  dentro dos limites de operação segura, com oito das 15 unidades de energia nuclear do país operando. Informou que estava ocorrendo uma inspeção da AIEA da usina nuclear de Khmelnytskyi como parte do acordo do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. Enquanto isso, a operadora de usina nuclear da Ucrânia, Energoatom, está tentando deixar de usar combustível russo, de acordo com uma entrevista que o CEO Petro Kotin (foto à direita): “Estamos totalmente preparados para recusar o fornecimento de combustível russo ao território da Ucrânia e para garantir a operação estável de nossas unidades de energia sem ele. A Westinghouse está pronta para nos ajudar totalmente de acordo com os acordos preliminares.” Em meados de 2021, seis das 15 unidades de energia nuclear do país estavam usando combustível Westinghouse: “Assim, parte do combustível nuclear será produzido na Ucrânia , parte – nos sites da Westinghouse.”

CHENOBYL

O Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD), que administra mais de 2,5 bilhões de euros (US$ 2,75 bilhões) para transformar o local de Chernobyl(foto a esquerda) desde 1995, disse estar “extremamente preocupado” com os recentes desenvolvimentos no local. O comunicado diz que “eventos recentes estão colocando em risco as conquistas de décadas de colaboração internacional bem-sucedida para proteger o local e transformar Chernobyl em um local seguro e ambientalmente seguro”. A AIEA também expressou alarme sobre a deterioração e esgotamento das condições para os funcionários da central nuclear de Chornobyl, que não puderam se alternar desde o dia anterior às forças russas assumirem o controle em 24 de fevereiro.

O SNRIU disse que a perda de comunicações significava que a situação em Chernobyl era “atualmente desconhecida”, mas disse “um fornecimento adicional de combustível diesel para geradores a diesel garantindo o fornecimento de energia de emergência para o armazenamento de combustível nuclear usado”. Informou ainda que o prédio que abriga a instalação da Fonte de Nêutrons no Instituto Kharkov de Física e Tecnologia, que é usado para pesquisa e produção de radioisótopos para aplicações médicas e industriais, sofreu novos “danos menores” durante o bombardeio na quinta-feira e que   “o fornecimento de energia para os sistemas, componentes importantes para a segurança, foi restaurado e danos que afetariam o estado de segurança nuclear e de radiação não foram detectados. A situação de radiação no local está dentro dos limites padrão”.