ALDO REBELO DIZ QUE ONGs CONSTITUEM PODER PARALELO NO BRASIL E DEFENDE A LIBERAÇÃO DA EXPLORAÇÃO DE ÓLEO E GÁS NA MARGEM EQUATORIAL

O Petronotícias abre o noticiário desta terça-feira (20) abordando um tema estratégico para o futuro do setor de óleo e gás do país: a exploração do potencial da Margem Equatorial brasileira. Como se sabe, a Petrobrás pretendia perfurar um poço exploratório na região, mas a licença ambiental foi negada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). Ex-ministro da Defesa durante o governo Dilma e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (foto) tem sido uma das mais fortes vozes a alertar sobre os efeitos negativos causados pela recusa no licenciamento ambiental do projeto. Para ele, é “evidente que a proibição obedeceu à pressão de ONGs internacionais que influenciam com suas teses as decisões do Ibama e do Ministério Público Federal e dos estados”. Para lembrar, como o Petronotícias publicou, o pesquisador Luís Ercílio, da Universidade Federal do Pará (UFPA), afirmou que o Greenpeace manipulou dados científicos sobre a existência de corais vivos na bacia da Foz do Amazonas. Rebelo vai além e critica fortemente a atuação dessas ONGs no Brasil, dizendo que membros dessas entidades atuam quase como “administradores coloniais”. O ex-ministro afirma que “as ONGs internacionais já constituem um poder paralelo no Brasil, principalmente com forte presença na Amazônia”. Rebelo alertou ainda que a Margem Equatorial é uma das únicas frentes de retomada do desenvolvimento econômico e do crescimento do país – e que a região Norte e o Brasil não podem perder essa oportunidade. “É de se destacar que a atividade da Petrobrás no Amapá já começava a beneficiar o estado, que tem 60% de sua população na pobreza, dependente da Bolsa Família e de outros programas de transferência de renda do Poder Público”, avaliou.

Ministro, para começar nossa entrevista, poderia relembrar aos nossos leitores qual a sua visão sobre a questão da exploração de petróleo na Margem Equatorial? Qual a relevância estratégica desse projeto para o Brasil?

A chamada Margem Equatorial é uma área do litoral brasileiro que vai do Rio Grande do Norte ao Oiapoque, na fronteira do Amapá com a Guiana Francesa. O Poço vetado pelo Ibama, a 180 km do litoral do Amapá e a 500 km da Foz do rio Amazonas, era apenas um poço experimental para estudo da viabilidade econômica da exploração naquela área.

É de se destacar que a atividade da Petrobrás no Amapá já começava a beneficiar o estado, que tem 60% de sua população na pobreza, dependente da Bolsa Família e de outros programas de transferência de renda do Poder Público.

A proibição não faz sentido, pois a Petrobrás é a empresa líder em perfuração em águas ultraprofundas, ou seja, com profundidade abaixo de 1.500 metros da lâmina d’água. É evidente que a proibição obedeceu à pressão de ONGs internacionais que influenciam com suas teses as decisões do Ibama e do Ministério Público Federal e dos estados. O resultado é que o Amapá e o Brasil perdem uma das únicas frentes de retomada do desenvolvimento econômico e do crescimento do País, que é a cadeia de petróleo e gás.

O senhor deu declarações recentes sobre manipulação/falsificação de pesquisas ambientais da UFPA e de outras instituições feitas pelo Greenpeace. O pesquisador Luís Ercílio, da UFPA, foi entrevistado pelo Petronoticias e disse que houve manipulação de dados. Como o país deve lidar com uma acusação tão séria de interferência de uma ONG internacional em uma questão estratégica para o país?

Sonda ODN-II seria usada na perfuração na Margem Equatorial, mas foi deslocada para a Bacia de Campos após a negativa do Ibama

Em uma visita ao Museu Emílio Goeldi, em Belém, no começo desse ano, fui alertado por um geólogo que lá trabalhava, da inexistência de corais na Foz do Amazonas, e depois tomei conhecimento das opiniões do professor Ercílio, que vi publicadas em jornais de Macapá e de Belém. O resto da história já é conhecido, inclusive pela entrevista do professor Ercílio aqui publicada. Em outro país, no qual a agenda do interesse nacional fosse mais valorizada, provavelmente os responsáveis pela manipulação das informações sobre os corais da Foz do Amazonas já estariam respondendo na Justiça por crimes contra a economia popular e o interesse nacional.

Como o senhor vê o crescimento da influência do poder das ONGs na Amazônia?

As ONGs internacionais já constituem um poder paralelo no Brasil, principalmente com forte presença na Amazônia, onde disputam influência com outro poder paralelo que é o narcotráfico, hoje o maior empregador nos municípios da fronteira do Brasil com a Colômbia e o Peru. As ONGs internacionais e seus integrantes se comportam como os administradores coloniais britânicos na África, na China e na Índia no período colonial. Vivem na Amazônia em seus condomínios fechados, cultivando uma espécie de supremacia sobre os amazônidas da mesma forma que os ingleses cultivavam o sentimento supremacista sobre as populações da África, da China e da Índia.

Além das ações do Greenpeace e a tentativa de influenciar a produção de petróleo, há outras ONGs usando seus interesses em outros segmentos da economia? Pode citar um exemplo?

As ONGs criaram um verdadeiro aparato milionário na área de comunicação, recebendo financiamentos do exterior em euro e dólar como a Sumauma, e recrutando a peso de ouro jornalistas talentosos da mídia tradicional para difundir a versão de que a Amazônia está ameaçada pelos brasileiros que lá vivem e trabalham. Há também a influência de ONGs na área acadêmica e intelectual, pela presença de instituições como Open Society, Fundação Ford, entre outras, distribuindo recursos para a agenda identitária e de bloqueios de desenvolvimento do Brasil.

Como é a atuação das forças militares brasileiras na Amazônia?

As Forças Armadas constituem a única instituição do estado nacional com verdadeira inserção na Amazônia profunda, assumindo funções na área social, principalmente da saúde dos ribeirinhos e das populações indígenas. Pude testemunhar como ministro da Defesa o patriotismo humanista do nosso soldado na dedicação solitária aos nossos ribeirinhos e irmãos indígenas.

O senhor foi ministro da Defesa. Como está vendo o desgaste que as Forças Armadas estão vivendo na relação com o país? Onde erraram, se erraram, e como elas poderão ser recuperar?

É impossível não encontrar erros na trajetória de instituições tão antigas como as Forças Armadas brasileiras. Mas o que ressalta na história dessa instituição são os relevantes serviços prestados à Pátria ao longo de sua atividade. As Forças Armadas ajudaram a manter a unidade do Brasil nas revoltas separatistas do Império, foram protagonistas importantes em movimentos como a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República, ajudaram na industrialização do Brasil, defenderam a Pátria na Guerra do Paraguai e nos campos e céus da Itália, lideram programas estratégicos de pesquisa nas áreas nuclear, espacial e cibernética, e prestam assistência aos sertanejos do Nordeste durante a seca e aos caboclos e índios da Amazônia em tempo integral, tudo isso sem renunciar à missão de defesa da Pátria, mesmo com orçamentos incompatíveis com esse desafio.

O senhor está percorrendo o Brasil, principalmente a Amazônia. Esta seria sua plataforma para, talvez, concorrer à Presidência da República?

Percorro a Amazônia para escrever um livro sobre a importância dela para o Brasil e seu futuro. Não sou candidato à presidência da República, mas quero contribuir para o Quinto Movimento de retomada do desenvolvimento do Brasil, de redução das desigualdades e valorização da liberdade, abrindo caminho para um futuro de prosperidade e grandeza de nossa Pátria.