BUTTING VAI ABRIR SUA PRIMEIRA FÁBRICA NO BRASIL EM 2014
Por Rafael Godinho (rafael@petronoticias.com.br)
A empresa alemã Butting está se preparando para abrir sua primeira unidade fabril no Brasil. Fundada em 1777, a companhia é especializada em tubulação de ligas especiais e viu na demanda exigente do pré-sal um grande atrativo para se estabelecer no país. Em 2009, abriu seu atual escritório de vendas, no centro do Rio de Janeiro, e agora está dando um novo passo para estreitar o diálogo com a indústria nacional. Segundo Tiago Bohn Kaspary (à direita na foto), gerente de vendas técnicas da Butting, a unidade ficará próxima a Joinville (SC), localidade de colonização alemã, e deve ser inaugurada no segundo bimestre de 2014, possivelmente em março. De acordo com Alexander Fischer (esquerda na foto), gerente de vendas na América Latina, com mais essa iniciativa, a intenção é também fixar a marca junto às empresas brasileiras, reforçando o nome da Butting no país.
Qual é a principal atividade da Butting?
Tiago: É a fabricação de tubos com costura, em materiais resistentes à corrosão. Esse é o núcleo de atividade da Butting; mas temos um portfólio de serviços e produtos muito variado, que cresce de uma forma orgânica ao redor do produto central.
Alexander: Talvez até possamos usar uma palavra a mais, que é o tubo com costura longitudinal, em metalurgia especial. Em geral, não fabricamos tubos de aço carbono ou aços-liga comuns. Esses materiais não combinam, e o próprio aço carbono, ao entrar em contato, gera uma espécie de contaminação do aço inoxidável.
Tiago: A Butting trabalha primariamente com aços inoxidáveis austeníticos, ferríticos, com aço duplex e super duplex, com ligas de níquel, com titânio, com alumínio, e – marcando exceção – os materiais cladeados. Em geral, a Butting não trabalha com aço carbono, nem com aço-liga, mas há uma exceção para os materiais cladeados, que contam externamente com um aço de alta resistência mecânica (como aço carbono ou aço liga) e internamente com um aço resistente à corrosão, muito comum aqui no Brasil, como liga de níquel.
Quais são os mercados mais interessantes para a Butting?
Alexander: Podemos fornecer para praticamente todos os setores industriais que demandem ligas especiais inoxidáveis. Como nossa ênfase é justamente na qualidade, os mercados mais exigentes são os mais interessantes para nós.
Em quais países vocês atuam mais fortemente na área de óleo e gás?
Tiago: Ao redor do globo. Recentemente, fechamos contratos na Austrália bem interessantes em tubulação cladeada, para projetos importantes na área de gasodutos marinhos. A Butting tem na China duas sucursais que trabalham com pré-fabricação, e temos atendido a alguns projetos ali também. No Mar do Norte, de forma muito intensiva, há muitas décadas atendemos a projetos offshore. No Oriente Médio, Norte e Oeste da África também temos projetos offshore muito importantes. Temos uma sucursal e estoque no Canadá. Aqui no Brasil, temos um histórico bem interessante com o setor de óleo e gás offshore.
Como tem sido a relacionamento da empresa com a Petrobrás?
Tiago: O cliente final, na maioria dos projetos no Brasil, tem sido a Petrobrás, até porque nossos contratos mais interessantes em volume são risers para o pré-sal. Nossos principais contratos, em valor, foram risers rígidos cladeados da P-55; projetos nos campos de Guará e Lula, que compreendem nosso maior contrato no Brasil (cerca de US$ 100 milhões), para a Subsea 7. Posteriormente, tivemos outro contrato, de Sapinhoá Norte, em que o cliente foi a Saipem, responsável pela instalação para a Petrobrás. Em valor, foi cerca de metade de Guará e Lula. Já em volume e trabalho, temos vendido para muitas empresas que têm como cliente final a Petrobrás, desde para a área de refino e petroquímica, até offshore e subsea.
Quando a Butting começou a se instalar no Brasil?
Alexander: A Butting Brasil foi inaugurada em 2009. Foi quando também assinamos nosso primeiro contrato expressivo direto com a Petrobrás, no caso com a P-55. Mas há um histórico também: sem dúvida muitos dos nossos tubos já haviam sido comercializados e vindo para o Brasil por meio de traders, pessoas que conheciam os nossos produtos e os vendiam aqui. Mas ainda não existia essa percepção de marca, o que estamos construindo agora para nos consolidarmos no país. Apesar de nosso principal negócio ser a produção de tubos com costura longitudinal, é só parte do que efetivamente podemos oferecer. Na nossa própria razão social, usamos esse argumento: BUTTING Brasil Soluções em Tubos Especiais Ltda.
O que faltaria hoje para a Butting estabelecer uma fábrica aqui no Brasil?
Tiago: Na verdade, a Butting está estabelecendo uma fábrica aqui, e essa é nossa grande novidade para 2014. É um projeto em que trabalhamos há alguns anos, e que agora está sendo concretizado. Estamos montando um pipe spool shop em Araquari, na grande Joinville, em Santa Catarina. Já alugamos um galpão e contratamos a equipe inicial, e os trabalhadores já estão em treinamento.
Vocês encontraram facilmente essa mão de obra?
Tiago: Trouxemos alguns profissionais da Alemanha, com experiência internacional na produção de tubos, para liderar o processo, mas os soldadores e montadores estão sendo recrutados e treinados localmente. A Butting tem uma tradição única nesse sentido. A Butting tem cerca de 1900 funcionários em todo o mundo, e treina seu próprio pessoal, buscando jovens aprendizes, que terão seu primeiro contato com a indústria dentro da empresa. Na Alemanha, há um sistema muito inteligente de aprendizado, de educação dual, em que faz parte do ensino técnico um estágio dentro da empresa.
Alexander: É semelhante ao tecnológo aqui no Brasil, mas ele fica imerso na fábrica e faz toda parte teórica na faculdade ou nos centros de ensino.
Tiago: A Butting tem um departamento chamado Butting Academy, responsável por treinar e desenvolver mão de obra. É claro que, para posições estratégicas, a Butting vai ao mercado e contrata, trazendo inteligência e experiência; mas os trabalhadores são contratados jovens como aprendizes, e costumam passar sua vida inteira na Butting.
Imagino que crie um laço forte de afinidade com a empresa…
Tiago: Com certeza. Esse é o objetivo. E estamos contratando pessoas que não tenham “vícios”, porque o Brasil é o país do aço carbono, que tem uma lógica diferente do aço inoxidável e da liga resistente à corrosão. Além de trazermos da Alemanha pessoas que vão treiná-las, fizemos uma parceria com o Senai de Joinville. Haverá um período de treinamento dentro do Senai, mas com material e supervisão da Butting.
De que forma a Butting pretende responder aos desafios do pré-sal? Será preciso adaptar os produtos de alguma forma?
Tiago: Já fizemos, em algumas frentes, exatamente isso. Quando falamos em pré-sal, falamos em ambiente muito corrosivo, com grandes pressões e temperaturas. Falamos de metalurgia cada vez mais especial, e de produtos cuja tecnologia e valor agregado são únicos. Nesse sentido, o histórico da Butting encaixa muito bem. Um exemplo é o nosso BuBi®-pipe (Butting Bimetalic Pipe), desenvolvido nos anos 90, para o Mar do Norte. Por fora, é um tubo de aço carbono, de alta resistência mecânica. Por dentro, é um tubo de liga de níquel 625, de alta resistência à corrosão, com estabilidade térmica; um material extremamente nobre, nada fácil de trabalhar. Ele já está já está sendo usado no pré-sal e “Guará e Lula” foi o primeiro projeto que usou esse tubo em riser rígido, em grande profundidade. Para deixar mais complexo, o lançamento foi por enrolamento. A Butting, em parceria com a instaladora Subsea 7, desenvolveu e qualificou um produto especial para essa aplicação.
Parabéns pelo site, excelente fonte de noticias para todos os TST.
Alexander Conforme contatos anteriores, parabens. Aguardamos contatos pessoais lourivalgrillojr@uol.com.br – 55.11.99137-4115
Parabems e boa sorte para o futuro no “meu” pais!
abrcs esp. para Richard e Alexander!
Otto
Stoecken