ALEXANDRE SILVEIRA DEIXA DÚVIDA NO AR SOBRE RETOMADA DA DISCUSSÃO SOBRE ANGRA 3 NA PRÓXIMA REUNIÃO DO CNPE

O setor nuclear brasileiro vai terminar esta quarta-feira (25) vendo um grande ponto de interrogação pairando no ar. Como já era esperado pelo mercado, as discussões sobre a retomada das obras de Angra 3 não entraram na pauta do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) na manhã de hoje. Questionado sobre o tema por jornalistas após a reunião, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, deixou um clima de incerteza e não confirmou que a retomada do projeto será discutido no próximo encontro do CNPE.

Segundo ele, o reinício das obras de Angra 3 não foi discutido hoje por causa de um pedido de visto de um dos ministros que integram o CNPE. “Angra 3 saiu da pauta por um pedido de vista de um dos conselheiros. A reunião de hoje teve como foco principal o fortalecimento da indústria de biocombustíveis“, disse Silveira. Ele não especificou qual ministro fez o pedido de vista.

Ainda segundo o ministro de Minas e Energia, o presidente Lula teria dito hoje que é preciso discutir sobre a Eletronuclear. Contudo, quando questionado se Angra 3 poderá, enfim, entrar na pauta da próxima reunião do CNPE, Silveira não se comprometeu com uma data para o retorno do tema à pauta. “Assim que o pedido de vista for devolvido e o tema voltar ao Conselho, acredito que, de forma madura, todos compreenderão a importância da matriz nuclear para a segurança energética nacional”, afirmou. A próxima reunião do CNPE deve acontecer no final deste ano.

Silveira reforçou que já apresentou voto favorável à continuidade de Angra 3, condicionado ao aperfeiçoamento da gestão da Eletronuclear. “Com nossa matriz limpa e renovável, o Brasil tem potencial para se tornar um grande solo fértil para investimento em data centers. E vamos precisar da energia nuclear, especialmente com o avanço dos pequenos reatores modulares. Não podemos perder nossa capacidade estratégica: temos urânio em abundância, temos tecnologia — já produzimos parte do combustível de Angra —, temos um projeto de submarino de propulsão nuclear, e já geramos energia nuclear. Agora, precisamos modernizar o nosso parque nuclear“, declarou.