ALEXANDRE SILVEIRA ENALTECE A ENERGIA NUCLEAR, SINALIZA MUDANÇA DE POSTURA SOBRE ANGRA 3 E ANIMA O SETOR | Petronotícias




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ALEXANDRE SILVEIRA ENALTECE A ENERGIA NUCLEAR, SINALIZA MUDANÇA DE POSTURA SOBRE ANGRA 3 E ANIMA O SETOR

Estado atual da obra de Angra 3

Estado atual da obra de Angra 3

Ao que tudo indica, o setor elétrico pode estar presenciando uma mudança de postura do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre o futuro das obras de Angra 3. Nesta semana, durante uma audiência na Câmara dos Deputados, Silveira disse que é preciso “tocar pra frente” a construção da usina, além de ter enaltecido o papel da energia nuclear para o desenvolvimento do país [assista ao trecho da fala do ministro no final desta reportagem]. A declaração surpreendeu o mercado e trouxe uma nova perspectiva para o setor nuclear do país, que estava de cabelo em pé após algumas falas do ministro nas últimas semanas. Contudo, a aparente mudança de postura parece ter animado o segmento nuclear, que agora espera ações concretas para, de fato, viabilizar o término de Angra 3.

Para o presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN), Celso Cunha (foto à direita), houve um intenso esforço da entidade e do setor como um todo para levar informações corretas sobre Angra 3 para o ministro. Em sua avaliação, esse trabalho começa a surtir efeito. “Parece que o ministro começou a tomar pé celso (2)da situação sobre Angra 3. As equipes que estão assessorando o ministro ainda são muito novas e, provavelmente, só agora estão conseguindo entender um pouco do setor nuclear”, afirmou. “Acreditamos que essa foi uma mudança de postura efetiva do ministério de Minas e Energia”, completou Cunha.

Para lembrar, o setor nuclear estava sofrendo uma série de banhos de água fria nas últimas semanas. O principal motivo de desânimo veio pelo fato de Angra 3 não ter sido incluída, efetivamente, dentro do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O governo disse que o empreendimento só será listado de fato no programa após a conclusão de alguns estudos de viabilidade. O ministro Silveira, por sua vez, chegou a mencionar que os equipamentos de Angra 3 seriam antigos demais, demonstrando desconhecer naquela altura todo o trabalho feito pela Eletronuclear, conforme o Petronotícias mostrou, para manter o projeto em linha com o que há de mais moderno no setor.

Angra 3 é considerada como uma “irmã gêmea” de Angra 2, mas ainda assim terá alguns atributos ainda mais modernos. A usina contará com equipamentos de Instrumentação e Controle digital no mesmo padrão dos projetos mais recentes de usinas nucleares, o que deve contribuir para um melhor desempenho e segurança da planta.

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Ministro Alexandre Silveira durante audiência na Câmara destacou importância da energia nuclear

Para Celso Cunha, a mudança de postura é bem-vinda, mas deverá ser acompanhada de ações concretas. “Queremos ver a equipe dele liberando recursos para Angra 3. Queremos ainda saber da modelagem que o BNDES está fazendo para terminar a obra da usina e várias outras questões”, afirmou. O presidente da ABDAN também relata que a atual composição do ministério não dispõe de um comitê específico para assuntos do setor nuclear, como acontecia no passado. Isso atrapalhou muito a comunicação com o ministro.

Provavelmente, as pessoas que compõem o ministério agora buscaram informações no lugar correto. O ministro é um grande político que está ali para guiar o setor de energia, que vive uma pressão para acelerar a transição energética, usando renováveis para isso”, analisou. “Só que é preciso ter cautela. O Brasil também precisa de energia de base e usinas que desempenham o papel de baterias. No caso do Brasil, são as hidrelétricas que estão assumindo essa função”, contou Cunha.

angra 3 - 4O presidente da ABDAN ressalta, porém, que as hidrelétricas brasileiras são muito antigas, com mais de 40 anos. O maquinário dessas plantas precisa ser renovado. “Até porque essas máquinas não foram projetadas para serem submetidas a essas oscilações que acontecem por conta das fontes intermitentes [referindo-se às fontes eólicas e solar]. Isso provoca impacto direto nessas máquinas. Essas máquinas geradoras das hidrelétricas foram concebidas para desempenhar o papel de energia de base. E estamos usando-as como compensação para o sistema. O Nordeste está sofrendo com isso, porque há falta de energia cinética”, detalhou.

Por conta desse cenário, Cunha ressaltou que o Brasil precisa investir em termelétricas para a geração de energia de base. Ao contrário das usinas movidas a gás natural ou carvão, as plantas nucleares não emitem gases do efeito estufa. Ele lembrou ainda do papel desempenhado por Angra 1 e Angra 2 durante o apagão nacional que atingiu o Brasil no último dia 15. “No momento do apagão, o comportamento das usinas Angra 1 e Angra 2 foi fundamental. Elas se mantiveram gerando o tempo todo. É uma energia firme e limpa. Isso foi muito importante. Agora, precisamos ver os próximos passos que o ministro vai anunciar”, finalizou.

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