AMIGOS DO PÃO DE AÇÚCAR REAGEM AOS ARGUMENTOS USADOS PARA JUSTIFICAR A INSTALAÇÃO DE TIROLESAS NO MORRO DA URCA | Petronotícias




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AMIGOS DO PÃO DE AÇÚCAR REAGEM AOS ARGUMENTOS USADOS PARA JUSTIFICAR A INSTALAÇÃO DE TIROLESAS NO MORRO DA URCA

tir capaO desejo da companhia do Pão de Açúcar de instalar quatro tirolesas e mais restaurantes e lojas no alto do segundo ponto turístico mais visitado da América Latina, passando por cima das leis de proteção ao patrimônio histórico e do bom senso, visando apenas ao lucro, deixou boa parte da população carioca em oposição a essa iniciativa. Há também aqueles que defendem a instalação da tirolesa, mesmo que se quebre o maciço para que os equipamentos sejam instalados, sem qualquer estudo mais apurado que demonstre o impacto urbano e ambiental para a população do bairro onde o bondinho opera. A assessoria de imprensa da companhia que administra o bondinho nos enviou uma carta para o Petronotícias para explicar as razões e os argumentos da empresa para instalar as tirolesas. A empresa ficou insatisfeita com a reportagem publicada mostrando as denúncias do grupo de pessoas que criou o Movimento Pão de Açúcar Sem Tirolesa, que se reuniu para organizar as manifestações, com comprovações reais do ataque ao patrimônio histórico, reconhecido também pela Unesco. Os argumentos apresentados pela companhia do bondinho foramtiro contestados pela Movimento Pão de Açúcar Sem Tirolesa, em uma carta enviada para a redação. Veja o teor da carta:

1: “(…)Todas as intervenções em rocha realizadas para a construção da tirolesa foram devidamente autorizadas pelos órgãos competentes. No dia 6 de fevereiro de 2023, o Iphan concedeu um “nada opor”; já a Geo-Rio e a SMAC foram outras instituições que reiteraram que as obras estavam devidamente legalizadas e sendo realizadas segundo o projeto aprovado. Além disso, as obras contavam com a fiscalização constante da Geo- Rio. O tecido usado até hoje tem como objetivo dar maior segurança a área que estava em construção.”

tiro 1Resposta  – Nada, realística ou tecnicamente, sugere que a cobertura que “blindou” qualquer mínima tentativa de acesso visual à obra se prestaria à dar, como alegado, “maior segurança a área que estava em construção”. “Coincidentemente”, os toldos foram reforçados e passaram a cobrir toda a montanha apenas depois da sociedade civil, após entender minimamente o que estava acontecendo, ter se mobilizado e manifestado publicamente sua indignação, através de um movimento coletivo espontâneo, que hoje já conta com dezenas de milhares de pessoas. Há de se ressaltar, ainda, que a suspeita cobertura, instalada em pleno verão carioca, certamente trouxe extremo desconforto térmico aos trabalhadores que ali se ativavam.

2: “ (…) A mancha branca identificada em janeiro deste ano se tratava de um resíduo natural. Tratava-se de um material inerte, ou seja,tiro 3 sem qualquer risco de contaminação ou impacto permanente na vegetação local. Todas as medidas foram devidamente providenciadas imediatamente e com sucesso”.

Resposta-  Basta assistir a reportagem vinculada na Globo, no telejornal “Bom Dia Rio” para perceber que, sim, a sociedade assistiu perplexa. Ademais, pedras não produzem resíduos, naturalmente. Ou seja, o “resíduo natural” a que se refere a companhia, não é tão natural assim, mas resultado de cortes e perfurações ilegais num bem tombado, nos termos do art.17, do Decreto-lei 25/37, que, como já robustamente alegado e judicialmente provado, não foram previamente comunicados, pela empresa, aos órgãos licenciadores.

tiro 43:”(…) O projeto para a construção da tirolesa está sendo discutido há dois anos e meio com autoridades e representantes da sociedade civil, em reuniões coletivas e individuais. Previamente, foi feita uma consulta aos interesses da sociedade civil por meio de organizações representativas junto ao MONA. Também foi feita pesquisa com mais de 10.500 visitantes do Parque Bondinho Pão de Açúcar e intensa divulgação da imprensa desde maio de 2022.

Resposta- A suposta “intensa divulgação da imprensa” — ademais de não respaldar a esperada e ampla consulta pública que empreendimento deste porte, que põe em risco bem tombado, exigiria –, nunca ocorreu! Ou seja, nada do que foi veiculado pela companhia, sugere discussão ampla com a sociedade. Ainda que tivéssemos perdido alguma informação, caberia à companhia informar quando e onde se deu essa “ampla divulgação”. Se não o fez, evidentemente, é porque isso não aconteceu, menos, ainda, com o alcance pretendido pelo texto veiculado no direito de resposta. 

A pesquisa a que se refere a companhia foi feita apenas com visitantes do bondinho, perguntando se eles desceriam de tirolesa e não se gostariamtiro 1 que fosse instalado no Monumento tombado, tirolesas, de forma definitiva e com estruturas enormes. Tanto não foram transparentes que a maioria das entidades civis que compõem o Consemona — FEEMERJ, AGUIPERJ, ABLM, GAE, AMOUR E ALMA – não só se posicionaram contrárias ao empreendimento, como repudiaram a tentativa da companhia de manipulação das informações e deturpação dos fatos. Vale lembrar que o projeto deu entrada no IPHAN, como consulta prévia, em 15/12/20, e teve sua aprovação – judicialmente questionada! – entre MAI/JUN/22. Ou seja, 18 meses depois!

4:” (…) Como destacado no tópico acima, todo o projeto foi discutido com autoridades e representantes da sociedade civil. Ressaltamos, ainda, um estudo realizado pela Geo- Rio, e divulgado recentemente, que constatou que as obras para a instalação da tirolesa não apresentam danos geológicos ao morro Pão de Açúcar.”

tiro capaResposta –  Como destacado no tópico acima, o projeto não foi adequadamente apresentado às autoridades – repita-se, informações sobre cortes em rocha foram omitidas, por meses — e sequer foi discutido com os representantes da sociedade civil. Como dito, a companhia não informou as gravíssimas intervenções que faria no icônico bem tombado e, ainda, os projetos não constavam nem mesmo nos sites/redes sociais da companhia e/ou dos autores do projeto.

“ Diante do exposto, o Parque Bondinho Pão de Açúcar lamenta que a Petronotícias tenha publicado uma reportagem que não brindou os seus leitores com o devido equilíbrio jornalístico, tendo sido expostas informações equivocadas e juízos de valores que, lamentavelmente, não representam a realidade do projeto. (…)”

Resposta –  Como exposto, a juízo do MPDAST as informações prestadas na reportagem estão corretas e alinhadas com a verdade dos fatos, o que é típico de uma imprensa isenta e de jornalismo sério e imparcial. O que merece veemente repúdio, entretanto, é a postura da companhia junto a grande mídia, com inúmeras tentativas de manipular a opinião pública, inclusive com matérias pagas e informes publicitários, ambos suportados por cifras milionárias, no intuito de confundir o público. E, historicamente, como se pode ver da matéria paga, abaixo, de 1973, essa é a postura que a companhia vem privilegiando, há mais de 50 anos!

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Sérgio CamargoPatricia Manzi Recent comment authors
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Patricia Manzi
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Patricia Manzi

O outro lado da história….bom que temos esse espaço para esclarecermos essas “respostas prontas” da empresa.

Sérgio Camargo
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Sérgio Camargo

Não tenho nada a ver com Pão de Açúcar e não moro na Urca, mas acho uma grande tempestade em copo de água essa polêmica sobre uma tirolesa. Qual o problema de fixar uns cabos no morro e oferecer mais uma atração para cariocas e turistas? Só gostaria que esses grupos que se mobilizam para estragar o projeto dos outros tivesse a mesma disposição para combater a favelização da cidade e a política de (in)segurança do governador Claudia Castro, que é uma calamidade. Se unam para combater o que precisa ser combatido e é relevante, e deixem a pobre da… Read more »