ANÁLISE DA PETROBRÁS INDICA CAUSAS DA EXPLOSÃO EM NAVIO NO ESPÍRITO SANTO

Um relatório interno da Petrobrás revelou as causas da explosão que ocorreu no navio-plataforma Cidade de São Mateus, em fevereiro, no Espírito Santo. O acidente, o mais grave dos últimos 14 anos no país, resultou em um saldo de nove mortos e 26 feridos.

Segundo o relatório da estatal, a explosão na casa de bombas do navio, da norueguesa BW Offshore, foi resultado de um amplo despreparo tanto em termos de planejamento quanto de instrumentos utilizados. A carência de simulações prévias e procedimentos de análise de riscos teriam tido papel central no ocorrido, segundo o documento, divulgado pelo jornal A Gazeta.

Um circuito instalado para a transferência de água e óleo condensado na FPSO seria inadequado ao sistema e teria levado ao acidente, por não corresponder à pressão demandada pelo sistema. Após um erro na abertura e fechamento das válvulas, a pressão em uma das linhas foi aumentada, de forma que o flange se abriu antes do sistema de segurança desligar a bomba. Consequentemente, houve vazamento de gás, o que levou então à explosão.

Ocorrido no dia 11 de fevereiro, o desastre levou à morte de nove trabalhadores. O navio, posicionado a cerca de 40 quilômetros da costa, carregava 74 pessoas, das quais 26 ficaram feridas.

De acordo com o documento da estatal, um grave erro cometido na embarcação foi o envio das equipes à sala de bombas. “A resposta da emergência que analisou o ocorrido fez um retrato equivocado da gravidade do cenário, permitindo que as equipes, mesmo com os alarmes de gás, adentrassem a sala das bombas por três vezes”, diz o texto.

Outros órgãos vêm avaliando as causas da explosão. “Um vazamento de substância inflamável na casa de bombas foi a causa da explosão. Fatores materiais e operacionais contribuíram para o acidente”, conclui um relatório emitido pela Marinha. O Ministério do Trabalho deve terminar sua análise ao longo das próximas semanas. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) e o Ibama também preparam documentos analisando o ocorrido.

O presidente do Sindipetro, Paulo Rony (foto), afirma que a explosão precisa ser apurada com mais detalhes. “Em relatório sobre o acidente, a BW e a Petrobrás culpam os funcionários. Não aceitamos assinar o documento. O maior erro, ao nosso ver, foi de gestão. É preciso que a Polícia Federal encontre o verdadeiro culpado pela tragédia, já que mudanças de projetos e procedimentos requerem treinamentos, afirmou Rony.

Segundo dados do INSS, mais de mil ocorrências, entre casos leves e graves, ocorreram no Espírito Santo desde 2006. Entra elas, cerca de 230 tiraram os profissionais locais por mais de 15 dias de suas atividades.

No início da noite desta quinta-feira(11), a Petrobrás divulgou a seguinte nota:

A Petrobras concluiu a análise dos fatores que concorreram para acidente ocorrido no último dia 11 de fevereiro na plataforma FPSO Cidade de São Mateus, no Espírito Santo.O relatório tem como objetivo documentar a análise da ocorrência com vistas a aprimorar, ainda mais, os padrões de segurança da indústria e evitar acidentes semelhantes no futuro, tendo identificado como principais fatores o descumprimento de procedimentos operacionais para o bombeio de fluidos, a instalação de um equipamento (raquete) em tubulação sem a devida especificação técnica e registro da alteração, e inobservância do procedimento de segurança.

O relatório foi encaminhado pela Petrobras para as autoridades competentes como a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), a Polícia Federal e a Polícia Civil, com as quais a Petrobras vem colaborando desde o início das investigações.
As conclusões do relatório também estão sendo divulgadas internamente pela Petrobras para a sua força de trabalho atuante na exploração e produção e, pelo grupo BW Offshore – responsável pela operação do FPSO Cidade de São Mateus, para a indústria do petróleo.
A Petrobras esclarece ainda que não procede a informação de que teria sido alertada das falhas previamente ao acidente.