ANGOLA QUER MUDAR CONTRATOS DE TODOS OS EMPRÉSTIMOS QUE TEM O PETRÓLEO COMO GARANTIA
As mudanças que o presidente de Angola, joão Lourenço, vai implementar, afetará diretamente o Brasil. Ele admitiu que poderá deixar de oferecer petróleo como garantia das linhas crédito e disse que os acordos anteriores assinados com a China estão desatualizados e que o seu país quer altera-los: “Isto não vai acontecer apenas com a China, mas também com os outros dois países com os quais temos meios de pagamento semelhantes, como o Brasil e Israel. Queremos deixar de fazer este tipo de pagamentos quando recebemos linhas de crédito com o petróleo como garantia. Vamos deixar de usar o petróleo como principal garantia para as dívidas”.
Em setembro do ano passado, a consultora Fitch Solutions alertou para os riscos do modelo de empréstimos pagos com petróleo, muito usado pela China nos financiamentos a países africanos, especialmente com Angola. O volume de provisionamento de petróleo tem disso elevado nos últimos anos porque Angola negociou créditos com a China para a construção de estradas, pontes e outras infraestruturas. “ O volume de petróleo que exportamos para a China foi igual ao nível da dívida com a China”, afirmou o Presidente João Lourenço.
Enquanto os empréstimos pagos em petróleos reduzem os riscos de pagamento para os financiadores chineses, evitando confiarem na capacidade do governo angolano para cumprir as obrigações de pagar a dívida, os altos níveis de endividamento de Angola, representaram 71,4% do PIB em 2018. Isso vai limitar a capacidade para apoiar projetos de infraestrutura e restringir o crescimento da indústria da construção nos próximos anos. Numa nota sobre a crescente dependência de Angola do financiamento chinês, que vai chegar a mais de 40% da dívida total no seguimento de um acordo de financiamento de 11 mil milhões de dólares para 78 projetos de infraestrutura acordados em setembro, em Pequim, a Fitch Solutions escreve que “os custos de servir a dívida vão aumentar e, com o declínio das receitas petrolíferas, o orçamento deverá manter-se em déficit até 2027”.
A China é o maior financiador estrangeiro de infraestruturas em Angola, num total de US$ 22,4 bilhões. O financiamento chinês foi fundamental para o progresso de grandes projetos de infraestrutura, incluindo os US$ 6,4 bilhões para o novo Aeroporto de Luanda, os US$ 4,5 bilhões para o projeto da central hidrelétrica de Caculo Cabaça e a reconstrução dos caminhos de ferro de Benguela, orçados em US$ 1,8 bilhões.
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