ANOVA ENTRA NO MERCADO BRASILEIRO COM CONJUNTO INTEGRADO DE TECNOLOGIAS DE MONITORAMENTO PARA O SETOR DE GLP

A multinacional Anova está chegando ao Brasil, de olho no crescimento do setor de gás liquefeito de petróleo (GLP) do país. Nesta semana, a empresa participa da Liquid Gas Week 2025, no Rio de Janeiro, onde apresentará as primeiras tecnologias de seu portfólio para o mercado nacional. Entre elas está o Universal Tank Monitor, dispositivo para monitoramento do nível de GLP em diferentes tipos de armazenamento, cuja comercialização deve começar já no início do próximo ano. Segundo Daniel Liberalato (à esquerda), diretor de Soluções e Estratégia da Anova, a companhia também trará a plataforma Unify e outros aplicativos que, juntos, formam um ecossistema conectado voltado a tornar as operações de GLP mais eficientes, confiáveis e sustentáveis. Já Jonathan Arthur, gerente sênior de Operações de Produto da Anova, afirma que a empresa está confiante na aceitação das soluções no país. “Vemos o GLP como a porta de entrada no Brasil. Queremos entrar no mercado, consolidar nossa reputação e, no futuro, ampliar o portfólio com mais soluções”, declarou.

Poderia explicar por que a empresa escolheu o Brasil como um novo mercado de atuação?

Jonathan – A Anova é uma empresa global que opera em mais de 80 países e atende mais de 2.000 clientes. Temos mais de 1,8 milhão de dispositivos monitorados em todo o mundo. Estamos presentes na América do Norte, Europa e Ásia, e a América Latina é uma área de grande interesse para expandir nossa presença global. Enxergamos o Brasil como um ótimo ponto de entrada estratégico, alinhado à nossa estratégia de negócios.

Além disso, o mercado brasileiro nos interessou por dois motivos em particular. O setor de gás liquefeito de petróleo (GLP) nacional está crescendo, com uma taxa de crescimento anual composta de pouco mais de 5%. Vemos o Brasil como um país geograficamente propício para nossas soluções, em razão de seu porte e diversidade territorial.

Estamos iniciando nossa atuação no Brasil com o nosso principal produto, o Universal Tank Monitor, confiantes de que essa solução terá forte aceitação entre os clientes. Mas nossas ambições vão além: estamos animados em continuar crescendo, e acreditamos que o Brasil é um mercado promissor para isso.

Vocês podem explicar mais sobre o Universal Tank Monitor e sua aplicação?

Daniel – O Universal Tank Monitor (UTM) é nosso principal produto e nosso dispositivo de quinta geração com tecnologia LTE (sigla em inglês para Evolução de Longo Prazo – padrão de redes de comunicação móveis). O seu funcionamento, basicamente, é conectar-se a um ativo — neste caso, um tanque de GLP — e detectar o volume do tanque com base na boia de medição que se move dentro do recipiente. A cada 30 minutos, o dispositivo coleta dados, que são armazenados diariamente. Em seguida, ele se conecta ao nosso servidor uma ou mais vezes ao dia para enviar todas as informações de nível e registro.

Nossa plataforma Unify tem uma série de aplicativos inteligentes que fornecem relatórios de nível e diagnósticos sobre o dispositivo e o ambiente de operação. Isso é amplamente usado por distribuidores de GLP para fazer entregas mais pontuais e eficientes, economizando custos e tempo. Nosso principal objetivo é fornecer os dados certos, no momento certo, para as pessoas certas, para que possam tomar decisões fundamentadas.

Além do UTM, quais outros produtos ou soluções vocês planejam oferecer no Brasil?

Jonathan – É um pouco cedo para dizer com certeza o que ofereceremos no futuro. No momento, nosso foco principal é o UTM para o setor de GLP. No entanto, temos outras soluções para gases industriais e produtos químicos, além de um conjunto de aplicativos de software.

Daniel – Exatamente. Do ponto de vista de software, temos a plataforma Unify. Ela oferece uma interface principal para relatórios e diagnósticos de dispositivos, mas também comporta aplicativos de valor agregado.

Um dos mais relevantes, especialmente em novos mercados, é o Anova Connect. Ele foi desenvolvido para engajamento digital do consumidor final das distribuidoras de GLP. Ou seja, o cliente, em casa, pode acessar a aplicação e ver o nível do tanque e, mais importante, a estimativa de quanto tempo o gás vai durar com base no uso diário, já que o monitor atualiza constantemente esses dados.

O Anova Connect também conta com um gerenciador de campanhas integrado, que permite às distribuidoras enviarem mensagens para toda a sua base de clientes. A empresa pode conduzir campanhas de marketing e receber respostas diretamente de seus consumidores.

Outra aplicação é o Transform, um software de análise de dados que nos permite trabalhar em conjunto com o distribuidor de GLP para capturar dados de entrega. A partir daí, aplicamos uma abordagem orientada por dados para identificar onde os monitores de tanque da Anova trariam maior impacto.  Assim, ajudamos a priorizar o investimento, integrar a solução e incorporá-la às operações.

Quais foram os ganhos observados em outros mercados com a partir do uso da tecnologia UTM?

Jonathan – Vou citar o exemplo de um distribuidor de GLP na costa leste dos Estados Unidos. Em um ano, essa empresa adicionou monitores UTM em apenas um quarto de seus tanques, o que resultou em uma redução de 4% nos custos totais de entrega – equivalente a uma economia de mais de meio milhão de dólares.

Essa otimização também trouxe impacto ambiental. Com a redução das viagens necessárias de caminhão-tanque, foram cerca de 120 mil quilômetros a menos nas estradas, o que significou 50 mil litros de diesel economizados e aproximadamente 130 toneladas de CO₂ evitadas. 

E esse é apenas o efeito alcançado com a instalação da tecnologia em 8 mil dos 42 mim tanques desse distribuidor.  Quando projetamos esse impacto em escala global — considerando 2.000 clientes e 1,8 milhão de dispositivos monitorados pela Anova — fica claro como esses ganhos incrementais de eficiência podem escalar rapidamente.

De que forma os dados do dispositivo são protegidos?

Daniel – O dispositivo é certificado por rigorosas normas globais, o que garante que ele é um equipamento de Classe 1, capaz de operar com total segurança em qualquer ambiente com gás. Adicionalmente, os dados são criptografados tanto em trânsito quanto em repouso. Acreditamos que atendemos às exigentes regulamentações europeias de privacidade e segurança de dados. A criptografia em trânsito, em especial, é um diferencial do qual nos orgulhamos. Obtivemos todas as certificações globais necessárias para o nosso hardware, um compromisso que mantemos há cerca de 20 anos e que seguiremos preservando.

Quais são as expectativas de crescimento da empresa no mercado brasileiro?

Jonathan – Reconhecemos que a economia brasileira e o mercado de GLP são únicos, com distribuidores historicamente consolidados. Não podemos detalhar números específicos, mas temos plena consciência de que estamos definindo uma trajetória de longo prazo. Queremos investir no país e expandir nossa presença junto aos distribuidores-chave.

Temos uma equipe de vendas local e estamos trabalhando com a Makeen Energy, um distribuidor e fornecedor de energia local com o qual temos uma parceria sólida. Então, através dos nossos parceiros, acredito que temos uma visão de crescimento no Brasil que é muito pragmática, mas de longo prazo. Como mencionamos antes, vemos o GLP como a porta de entrada. Queremos entrar no mercado, consolidar nossa reputação e, no futuro, ampliar o portfólio com mais soluções.

Quais serão os primeiros passos da Anova no Brasil?

Jonathan – Nesta semana participaremos do evento Liquid Gas Week, no Rio de Janeiro. Estamos muito empolgados com isso. Somos um dos principais patrocinadores do evento, então estamos ansiosos para encontrar nossos clientes e também alguns dos participantes do mercado brasileiro. No evento, faremos o anúncio do lançamento do UTM, que estará disponível para venda no mercado brasileiro a partir do início de 2026. A partir desse ponto, nosso próximo passo será trabalhar com a Makeen Energy, nosso representante de vendas local, e continuar a engajar parceiros de energia no Brasil para fortalecer esses relacionamentos.