APARECE A PRIMEIRA ACUSAÇÃO DE MARCELO ODEBRECHT CONTRA LULA
A tão esperada delação do fim do mundo da Odebrecht começou forte nas últimas semanas e agora traz a primeira acusação do ex-presidente preso do grupo, Marcelo Odebrecht, contra o ex-presidente Lula. O executivo e mais dois líderes da empresa afirmaram aos investigadores que a empreiteira comprou, em 2010, um imóvel que seria utilizado para a construção da nova sede do Instituto Lula.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, que publicou a denúncia, as acusações partiram de Marcelo Odebrecht, de Alexandrino Alencar, ex-diretor de relações institucionais do grupo; e de Paulo Melo, ex-diretor-superintendente da Odebrecht Realizações Imobiliárias.
Essas informações são base da denúncia aceita pelo juiz Sergio Moro esta semana, que tornou Lula réu pela quinta vez, sendo três vezes apenas em ações ligadas à Lava Jato, uma relacionada à Zelotes e outra à operação Janus.
A compra do terreno e a promessa de construção da sede do instituto que leva o nome do ex-presidente seriam, segundo as investigações, contrapartidas da Odebrecht à obtenção de grandes contratos com a Petrobrás.
As acusações dos executivos indicam que o imóvel foi adquirido pela DAG Construtora no papel, mas teria sido pago na verdade pela Odebrecht, que faria a obra junto com outras construtoras. No entanto, eles alegam que Lula e a ex-primeira-dama Marisa Letícia foram conhecer o terreno, mas não gostaram do local, o que levou Marcelo Odebrecht a determinar a procura de outros imóveis. Porém, o projeto acabou não avançando.
Ainda assim, o juiz Sergio Moro aceitou a denúncia contra Lula, mesmo sem a continuidade do projeto, alegando que a falta de transferência na compra do imóvel onde seria construído o instituto não prejudica a acusação de corrupção, caracterizada pela oferta e pela solicitação da propina. Além disso, as quebras de sigilos fiscais e bancários dos investigados indicou que a Odebrecht teria pago, em 2010, R$ 7,6 milhões para a empresa DAG Construtora, que adquiriu o imóvel investigado. Também foram encontrados, no sítio em Atibaia (SP) frequentado pelo ex-presidente, papéis com um projeto de uma construção no endereço do terreno investigado.
O Instituto Lula, em resposta ao jornal, defendeu-se dizendo que não comenta “supostas delações” e que “delações não são prova, quanto mais supostas delações”. A nota diz ainda que o ex-presidente não solicitou nenhuma vantagem indevida e sempre agiu dentro da lei. “O terreno nunca foi do Instituto Lula e tampouco foi colocado à sua disposição. O imóvel pertence a empresa particular que lá constrói uma revenda de automóveis. Tem dono e uso conhecido. Ou seja, a Lava Jato acusa como se fosse vantagem particular de Lula um terreno que ele nunca recebeu, nem o instituto – que não é propriedade de Lula, nem pode ser tratado como tal, porque o Instituto Lula tem uma personalidade jurídica própria”, diz o texto, afirmando que as doações feitas ao Instituto Lula estão devidamente registradas e foram feitas dentro da lei.
Deixe seu comentário