APESAR DE ACORDO, CAMINHONEIROS CONTINUAM COM GREVE E CONSEQUÊNCIAS PARA O PAÍS SE AGRAVAM
Se o presidente Michel Temer achou que o noticiário de hoje seria mais favorável com relação à greve dos caminhoneiros, suas esperanças acabaram logo que começou a ler as manchetes desta sexta-feira (25). Apesar do acordo anunciado ontem pelo governo, que conseguiu chegar a um consenso com parte dos representantes dos motoristas, as manifestações continuam em diversos pontos pelo Brasil. Com isso, a situação do abastecimento do país vai se agravando, colocando cada vez mais pressão no Planalto.
Em Pernambuco, por exemplo, as manifestações acontecem próximo ao Porto de Suape e à Refinaria Abreu e Lima (Rnest), bloqueando a movimentação de caminhões que saem dessas unidades. Normalmente, até 2.000 veículos trafegam diariamente na Avenida Portuária de Suape, levando combustíveis para o estado. Mas, com a greve, o cenário na estrada é praticamente de zero movimentação.
No Rio de Janeiro, os cariocas sentem os reflexos da greve na hora de embarcar para o trabalho. A circulação de ônibus está prejudicada por falta de combustíveis nas garagens das empresas rodoviárias. De acordo com a Rio Ônibus, o sistema de transporte coletivo na cidade operava na manhã desta sexta-feira com 47% de capacidade. Ontem, a distribuidora fluminense CEDAE emitiu um comunicado pedindo que a população economize água. Isso porque devido aos bloqueios das estradas, a companhia está com dificuldade de receber produtos químicos usados no tratamento da água.
Em São Paulo, a prefeitura da capital informa que, no pico da manhã de hoje, circularam na cidade cerca de 60% dos ônibus programados para o horário. Os serviços de limpeza urbana como a varrição de vias e logradouros estão reduzidos. Em virtude dos protestos nas rodovias paulistas, o prefeito Bruno Covas (PSDB) decretou estado de emergência. Existem ainda bloqueios de caminhoneiros na Régis Bittencourt e na Via Dutra, por exemplo.
O esperado alívio no movimento dos caminhoneiros ainda não veio e o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou que é preciso “dar um tempo” até que o acordo costurado ontem tenha efeito. Como resultado da reunião de ontem entre o Planalto e os grevistas, além de zerar a Cide sobre o diesel, o governo se comprometeu a ressarcir a Petrobrás para que a estatal estenda por um mês o desconto de 10% sobre o preço do diesel na bomba e não apenas por quinze dias.
A União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam) é uma das entidades que não concordou com a proposta do governo e disse que só cederá quando a pauta original for atendida: a eliminação do PIS-Confins do diesel. Como a greve está muito pulverizada, sem um líder central, a expectativa é de que a resolução do problema deverá demorar mais do que o esperado.
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