PETROBRÁS EXCLUI EMPRESAS BRASILEIRAS DA UPGN DO COMPERJ, MAS CONVIDA ESTRANGEIRA QUE PARALISOU OBRA NA REFAP
A escolha de trinta empresas estrangeiras convidadas a fazer a obra de conclusão da UPGN – Unidade de Processamento de Gás Natural – do Comperj tem muitas outras razões além de simplesmente isolar empresas nacionais. No fundo desta decisão está a recusa de algumas companhias brasileiras que não querem mais trabalhar para a Petrobrás. Durante um certo período, a estatal foi a grande incentivadora da nossa engenharia. Hoje, no entanto, é tida como a destruidora da engenharia brasileira, responsável direta e indiretamente pela quebra de grandes companhias e da forçosa recuperação judicial de muitas outras. Mas isso não tem nada a ver com a atual direção da empresa. Não seria justo responsabilizá-la. É um fardo que não pode ser colocado nas costas de Pedro Parente, apesar de sua defesa quase insípida ao alegar que as críticas que recebeu pela escolha das empresas internacionais era um “ranço ideológico”.
O problema surgiu quando a ex-presidente Graça Foster decidiu abrir as portas das dificuldades que a companhia estava atravessando com as construções simultâneas do Rnest e do Comperj, além das encomendas bilionárias de navios e sondas. Foram projetos maiores que as próprias pernas que a companhia tinha para tocar simultaneamente. E tudo foi agravado com as revelações que a operação Lava Jato trouxe à luz.
A desonestidade exposta obrigou a uma reforma no caráter da Petrobrás. E lembrou uma célebre frase do economista e ex-ministro da fazenda em governos militares, o brilhante Mário Henrique Simonsen: “Depois do ôba, ôba, vem o êpa, êpa…”. Se já era difícil fazer obras para a Petrobrás, por projetos mal elaborados, errados e incompletos, que obrigavam a empresa a pagar caro pelos aditivos e pleitos, agora será muito pior. A certeza que todos têm é de que as empresas contratadas para executar as obras que a companhia precisa vão sofrer muito. A Petrobrás será muito mais exigente nos preços e nas fiscalizações. A tendência é que ela seja mais realista do que o rei. A imagem de seriedade e honestidade será a sua principal bandeira. Não bastará ser honesta, mas parecer que é honesta. E isso será a qualquer custo. Quem se arriscar a executar estas obras, correrá riscos elevadíssimos de perder dinheiro pelos rigores que serão impostos. Será a personificação do ditado que fala em colocar cadeado depois da tranca arrombada.
Os argumentos alegados para os convites às empresas estrangeiras foram a capacidade técnica e a capacidade financeira. Mas algumas delas têm seus nomes envolvidos em escândalos de corrupção em outros países. Com uma simples pesquisa no Google, quem escolheu os nomes dessas companhias internacionais teria sabido em que imbróglio elas estão metidas. Seria, então, o mesmo critério usado com algumas nacionais que estão de fora. A contratação dessas empresas estrangeiras não será garantia de bom atendimento. A experiência da Petrobrás no passado mostra que não é uma equação tão fácil de ser resolvida. As empresas estrangeiras não admitem a execução de qualquer alteração em projeto sem que previamente haja um aditivo contratual. Uma das empresas convidadas, a americana Bechtel, já deixou a Petrobrás com as mãos abanando.
Durante a ampliação da REFAP, realizada entre 2002 e 2006, com a previsão de construção de uma unidade de craqueamento e da unidade de hidrotratamento do diesel, ela paralisou a obra e quase inviabiliza o projeto como um todo, para obter um aditivo recorde na época, superando muito os 25% que a legislação admite. Mesmo assim, a Bechtel faz parte da lista das 30 convidadas. E não é por desconhecimento do caso. Muitos dirigentes atuais da Petrobrás vivenciaram este problema há poucos anos. Será que o projeto básico da UPGN do Comperj está à prova de questionamentos? Se estiver, contrastará com 100% dos projetos desenvolvidos nos últimos 15 anos durante as ampliações das refinarias. E se o projeto necessitar de alterações, como as empresas estrangeiras procederão? Ficarão aguardando as aprovações de aditivos como as empresas nacionais ou irão pressionar a Petrobrás, como fez a Bechtel no passado? Uma coisa é certa: ninguém no mercado acredita que a conclusão desta unidade fundamental para o escoamento do gás do pré-sal custará apenas US$ 2 bilhões, como quer a Petrobrás. Na abertura dos envelopes, essa informação se confirmará. Quem viver, verá.
Ao que parece, a Petrobrás continua sem uma bússola segura para indicar a solução para seus problemas mais imediatos. Independente da definição da construção da UPGN, cuja finalidade é o processamento do gás natural produzido pelo pré-sal, essa obra, vital no plano estratégico da companhia, para tornar-se operacional, depende fundamentalmente da conclusão de três outros empreendimentos que estão paralisados: as Centrais de Utilidades, o Pipe Rack e a Tubovia, todos pendentes de definição pela Petrobrás. Cada um desses contratos está além dos 90% de avanço físico, porém dependem de negociações diversas, pleitos e revisão de multas para viabilizar suas retomadas. A dúvida é se a Petrobrás contratará empresas estrangeiras ou se negociará com as empresas que foram contratadas para a construção. O Consórcio TUC, formado por Toyo, UTC e CNO, era o responsável pelas Centrais de Utilidades; O Consórcio Pipe Rack, responsável pela construção do Pipe Rack, era formado por Odebrecht, UTC e Mendes Júnior; enquanto que o Consórcio Tubovias era formado por Andrade Gutierrez, GDK e MPE.
A Bechtel na época fez o que toda empreiteira deveria fazer, paralisar a obra e exigir a assinatura dos aditivos. Quem sabe assim a contratante aprende a apresentar um projeto mais próximo da realidade. A verdade é que todo mundo se aproveitava disso, fechava obra no projeto básico para ganhar nos aditivos que não exigiam concorrência. A verdade é que hoje nenhuma empreiteira tem suporte financeiro para tocar um projeto EPC, com fornecimento e engenharia. Talvez seja a oportunidade para as empresas de médio porte se associarem às multis e dar um passo adiante. Quando tudo está errado, alguma coisa… Read more »
Na verdade nenhuma empresa brasileira de montagens tem capacidade técnica, no passado estas mesmas diziam que a melhor maneira de ganhar dinheiro era fazer EPC, existem poucas empresas brasileiras (NÂO MONTADORAS) que tem capacidade de elaborar alguns projetos básicos.
Montadoras compram equipamentos baratos antecipadamente, para ganhar premio de competência no prazo, e depois verificam se serve ou não, mais depois justificam que esta adquirido,portanto tem que ser fornecido.
Pedro Jara
Advogado
ILEGALIDADE CONTINUADA NA PETROBRAS – A TROCA DO GOVERNO NÃO TEM SIDO SUFICIENTE PARA COLOCAR A PETROBRAS NO RUMO DA LEGALIDADE NA CONDUÇÃO DOS SEUS NEGÓCIOS. https://www.linkedin.com/pulse/ilegalidade-continuada-na-petrobras-jo%C3%A3o-batista-assis-pereira?trk=pulse_spock-articles PETROBRÁS COMETE ILEGALIDADE AO FAZER PRESSÃO PARA DESCUMPRIR CONTEÚDO LOCAL DE LIBRA E VEDAR PARTICIPAÇÃO DE EMPRESAS NACIONAIS NAS GRANDES LICITAÇÕES. A Petrobras quando sinaliza que vai mexer nos procedimentos internos voltados a contratação de bens e serviços nos deixa a todos apreensivos. Abre-se uma janela no campo das facilidades a titulo de desburocratizar ou destravar o sistema que está sempre emperrado e amplia o risco de adentrar pela porta da frente a… Read more »
Parece que tem relevância o momento ou quem fez a escolha exclusiva das empresas estrangeiras. Não é objeto aqui isentar responsabilidades ou atitudes da Graça Foster, Bendine ou Pedro Parente, cujos séquitos constam de nomes comuns às três administrações, todos descompromissados com os interesses nacionais no mesmo mister. Por princípio habilitar, treinar ou fazer com que as multinacionais se instalassem no Brasil estava abrangido na formulação do conteúdo nacional, cujo objetivo maior, diante dos imensos recursos petrolíferos potenciais do Brasil, muitos dos quais são hoje reservas provadas, seria a criação de um pujante Parque Industrial Brasileiro. Assim é absolutamente adjetiva… Read more »
Se a MO que será utilizada nesses novos contratos for a q já estava lá dentro, nenhum problema. As empresas foram coniventes com a corrupção, portanto devem ser punidas sim. Mas tenho q concordar q uma obra se inicia mal quando o projeto básico é muito mal feito e cheio de falhas propositais, e isso não é um privilégio só da Petrobras, 99% das obras públicas são dessa forma.