RIO NEGÓCIOS BUSCA NOVOS INVESTIMENTOS PARA A INDÚSTRIA DE PETRÓLEO FLUMINENSE
Por Matheus Meyohas (matheus@petronoticias.com.br) –
Com muitos esforços, a Rio Negócios vem trabalhando duro para facilitar oportunidades de empreendimentos em vários setores da indústria carioca. No último ano, destacou-se o setor de óleo e gás, no qual a companhia angariou um investimento de US$ 500 milhões para a construção de um laboratório de pesquisa e desenvolvimento da GE, além de outros US$ 45 milhões para a instalação de uma fábrica de equipamentos subsea. Jefferson Soares, diretor de óleo e gás da organização, destacou a consequência de atrair negócios como esse para estabelecimento no Rio de Janeiro e afirmou que o próximo foco das buscas serão empresas que figuram como subcontratadas na cadeia de óleo e gás. O diretor executivo da Rio Negócios, Marcelo Haddad (foto), aproveitou para chamar a atenção para o World Energy Cities Partnership (WECP), um encontro entre prefeitos e representantes econômicos das 21 cidades mais importantes do panorama energético do planeta, que será realizado no Rio este ano.
Quais foram os principais negócios no setor de óleo e gás em 2014?
Jefferson Soares – Tivemos um resultado bem relevante que foi o final de um ciclo de um projeto de quatro anos de atração e implementação do laboratório de pesquisa e desenvolvimento da GE no Parque Tecnológico. Trabalhamos nisso desde o dia zero e estamos muito felizes. O orçamento original era de US$ 250 milhões e no final ficou num custo de US$ 500 milhões. É um projeto que gera centenas de posições de emprego a nível de doutorado, mestrado, engenheiros especializados, o que dá um efeito multiplicador muito grande do ponto de vista de consolidação do Rio de Janeiro como o centro de P&D da América Latina no setor. Foi um golaço.
Além disso, continuamos trabalhando na atração de empresas por investimentos de menor porte. Durante a Copa do Mundo, fizemos um programa de seminário de negócios, chamado Rio Conference at World Cup. Foram diversas áreas de negócios, inclusive óleo e gás e indústria naval, que foi um super sucesso. Foi um evento em que conseguimos colocar investidores e executivos falando entre si. Deu mais do que certo. Foi um ano em que a gente teve um resultado expressivo, tanto na atração quanto no fundamento.
Marcelo Haddad – Nosso trabalho é de facilitação. Temos três principais atividades de promoção comercial: inteligência de negócios; levantar quais são as razões atraentes; e o trabalho de facilitação, ajudando as empresas com várias conexões de naturezas variáveis. O caso da GE é particular porque foi num terreno público da cidade. Foi uma estação bem atípica e muito operacional nesse sentido. Além dos programas que o Jefferson citou, temos uma série de empresas de óleo e gás com as quais trabalhamos, o que facilitou de formas variadas um número significativo de investimentos. Uma delas é a Falck, líder mundial de seguranças offshore. Ainda vamos fechar o balanço do ano, mas estimamos um investimento escalonado de quase US$ 50 milhões em 2014.
Quais são as expectativas para 2015?
Jefferson Soares – Neste ano, nossa ideia é trabalhar com empresas no nível de subcontratadas. Aqui no mercado brasileiro, no Rio de Janeiro, as grandes empresas de petróleo internacionais já estão representadas de um modo geral, assim como suas contratadas diretas do mercado internacional. Aqui, existe uma boa representividade de empresas de primeiro e segundo escalão. O foco é atrair as subcontratadas. Nesse nível, existem alguns espaços no mercado, como empresas fabricantes de produtos de subsistemas, de válvulas de refrigeração. Há também espaço para indústrias de metalurgia, de forjaria de pressão. Além disso, o nicho de empresas de serviço, engenharia, expertise internacional, para beneficiar o setor de óleo e gás, ainda oferece oportunidades. Mas nosso foco será acompanhar o mercado das subcontratadas.
Marcelo Haddad – Teremos um grande programa de promoção comercial do setor, que é um elemento importante na atração das subcontratadas. Faremos um encontro anual da associação de cidades de energia, o World Energy Cities Partnership (WECP). São 21 cidades ao redor do mundo, encabeçadas por Houston, além de Aberdeen, Doha, entre outras. São cidades com motor econômico na energia. Esse encontro, em outubro, reunirá os 21 prefeitos, mais suas respectivas autoridades econômicas, e suas empresas, que virão fazer um workshop no Rio de Janeiro por quatro dias. Essa é como uma Rio Conference só de óleo e gás, que vai acontecer junto com a OTC Brasil. Vamos nutri-la com um grupo grande de empresas internacionais. O objetivo por trás disso é trazer esse market place para o Rio, que se faça uma sessão intensa de apresentações sobre mercado brasileiro, e se construa uma rede com as empresas locais, como o IBP, e outros órgãos pra trabalhar em conjunto. Essa é a atividade comercial mais relevante que temos programada para esse ano. Nossa atividade de promoção comercial deve acomodar em torno de seis a sete eventos de portes diferentes no Brasil ou fora dele por ano, além desse grande encontro.
E quanto às missões, a Rio Negócios acredita que desempenhou um bom papel?
Marcelo Haddad – Essa é uma característica diferente. Não somos uma entidade que exporta projetos e empresas, não internacionalizamos as locais. A gente nunca faz esse programa de levar empresários. Porque nosso mandato é trazer investimentos para o Rio. Nossas viagens são em grupos pequenos, com foco em reuniões individuais com empresas ou participações em seminários e workshops, é o nosso modelo de promoção comercial. No ano passado, fomos a Houston, na OTC. Lá, tivemos um número que deve ter beirado 70, 80 reuniões individuais com empresas do setor ou participações em seminários. Fomos à ONS, a feira de Stavanger, na Noruega, passando em Aberdeen, no Reino Unido, para a participação nesse encontro anual da WECP. Depois fomos num workshop em Londres promovido pela embaixada do Brasil, com 90 empresas aproximadamente. Na parte de promoção internacional, acho que cobrimos quase 200 empresas, além de todas as outras programações que participamos no Brasil. A Rio Óleo e Gás teve uma série de delegações, workshops, seminários, que cobrimos. Na minha estimativa, algo em torno de 400 empresas no ano, de novos contatos. O modelo de negocios é a quantidade de contato pela taxa de retorno, que tem uma especificidade para cada setor. No óleo e gás, a taxa é muito boa, na faixa de 5%, ou seja, de cada 100 empresas contatadas, cinco propõem projetos no Brasil. Trouxemos no nosso portfólio umas 15 ou 20 empresas interessadas em conhecer o Brasil. Isso precede um ciclo que passa do conhecimento para um projeto, que deve envolver cerca de 20% dessas empresas. Se formos avaliar esse ano, carregamos uns quatro ou cinco projetos para o Rio de Janeiro nos próximos 12 ou 18 meses. É um ciclo, não começou hoje. Estamos nessa há quatro anos.
O quanto as obras do Porto Maravilha modificam a atração de investimentos para a cidade?
Jefferson Soares – U impacto positivo é que diversas empresas de petróleo passarão a ter espaços corporativos com melhor logística de infraestrutura de transportes, com VLT e BRT. São questões de conectividade e logística, com uma infraestrutura melhor. Não tenha dúvida que o Porto Maravilha traz um valor de conteúdo e de oportunidades para novas empresas virem para cá. Isso sempre foi uma barreira na cidade. O Porto Maravilha atende à demanda de escritórios no local. No petróleo, tem um aspecto secundário, já que é mais pela melhoria na logística viária.
Como o mercado tem reagido à situação da Petrobrás e seu envolvimento em escândalos de corrupção?
Jefferson Soares – A Petrobrás tem conseguido manter de forma muito consistente sua curva de crescimento de produção. Essa manutenção se traduz (é louvável e brilhante o fato de uma empresa passando por tantos percalços consiga manter o foco), por conta disso o setor de exploração e produção e toda sua cadeia continuam sendo demandados. A mensagem é a seguinte: com todo problema, a BG, a Total, a Shell, que são três grandes parceiras da Petrobrás, estão atuando e estão muito satisfeitas com a continuidades de seus cronogramas, suas ações. Isso é muito bom para o mercado. O regulador se comprometeu a fazer uma nova rodada, o que mantém aceso o sinal de que o Brasil continua investindo, comprometido com o setor de energia de forma relevante.
Quais são os principais receios de empresas para entrar no mercado brasileiro?
Marcelo Haddad – Bloqueios existem aqui e em qualquer lugar. Tributação, legislação trabalhista, é complexo. O que faz a diferença é: o custo de se instalar no Brasil vale a pena pelo incentivo que o mercado representa? Todo mundo reclama das mesmas coisas. que o ambiente é complexo, que tem a historia do conteúdo nacional, todo mundo quer um mercado que não existe. o Brasil não é Cingapura, mas Cingapura não tem óleo e gás. Para alguns setores, o incentivo do mercado é tão relevante que vale a pena. E óleo e gás é um deles, exceto algumas áreas, com muitos concorrentes, que exigem demais, aí a casa cai. Não existe a regra de ouro. A legislação se mudar vai melhorar o incentivo.
Jefferson Soares – No fundo, todos esses pontos que o Marcelo mencionou são desafios reais, mas se você olhar o perfil das grandes empresas petrolíferas internacionais que vieram para o Brasil, praticamente todas vieram e continuam. Há pouco tempo, celebramos 20 anos da BG no Brasil. A mensagem é: estou aqui e vou continuar. Os investimentos em óleo e gás são de longo prazo, o retorno é em longo prazo. O perfil é esse. Temos que todos os dias tentar melhorar as condições de operação e atratividade do mercado nacional. Até porque competimos todo dia com outros países.
Há alguma previsão para os investimentos em 2015?
Marcelo Haddad – Tenho uma carteira de intenções, parte dá frutos, parte descontinua. É difícil dizer para você quanto será. Porque a dinâmica de cada empresa é diferente. Falar em nomes de empresas é delicado, porque se elas estão num processo de prospecção, não vão gostar disso. Certos, temos que serão investidos aproximadamente US$ 37,7 milhões em seis projetos, cada um em seu próprio estágio de conclusão, na cidade.
Devido as mudanças no preço de mercado e, consequentemente, a redução de investimentos na área de óleo e gás, como preservar os benefícios auferidos com a entrada de novas empresas de tecnologia de ponta no RJ, os investimentos feitos e mantê-las atuantes no mercado.
Os custos de manutenção dos centros de pesquisa são significativos e precisam ser auto sustentáveis.
Queda no preço do barril + demissões globais nas gigantes como a Schlumberger + crise da Petrobrás que vai durar anos = PIOR CENÁRIO PARA O SETOR E PARA O RIO.
GE é notícia antiga. A pergunta mais importante é: Pra que foto? Ele vem candidato a que?