APÓS DENÚNCIAS DE PAULO ROBERTO COSTA, SERGIO MACHADO DEIXA PRESIDÊNCIA DA TRANSPETRO
Poucas semanas depois de ser apontado pelo ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa como um dos envolvidos no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato, o presidente da Transpetro, Sergio Machado (foto), anunciou que está tirando licença por 31 dias do comando da subsidiária que lidera há mais de 10 anos sob indicação de Renan Calheiros e do PMDB. Apesar de sair em meio a denúncias, o executivo afirma que “trata-se de um gesto de quem não teme investigações”.
Recentemente, Paulo Roberto Costa afirmou, em depoimento à Justiça do Paraná, que Machado fez um pagamento de R$ 500 mil para ele, em função de contratos superfaturados assinados com empresas fornecedoras da estatal. O presidente da Transpetro negou veementemente as acusações na época e voltou a citar a questão na carta em que pediu licença. No documento, ele cita ainda questionamentos que teriam sido feitos pela auditoria externa contratada pela Petrobrás, a PwC, responsável por requerer que a estatal contratasse duas empresas independentes para investigações internas – o que já foi feito – e o afastamento de Machado.
“Apesar de toda uma vida honrada, tenho sido vítima nas últimas semanas de imputações caluniosas feitas pelo ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, cujo teor ainda não foi objeto sequer de apuração pelos órgãos públicos competentes. A acusação é francamente leviana e absurda, mas mesmo assim serviu para que a auditoria externa PwC apresentasse questionamento perante o Comitê de Auditoria do Conselho de Administração da Petrobrás”, afirma Machado no texto. O Conselho de Administração da Petrobrás indicou o diretor Claudio Ribeiro Teixeira Campos para substituir Machado, pelo menos nos próximos 31 dias.
Na última sexta, o conselho de administração da Petrobrás encerrou a reunião antes do fim, sem sequer avaliar a proposta de reajuste dos combustíveis, que figurava como um dos principais itens da pauta. O motivo teria sido a discussão em torno das implicações políticas que o afastamento de Machado poderia gerar, em função de sua indicação ligada ao PMDB, partido da base aliada da presidente reeleita Dilma Rousseff.
Na nota enviada à imprensa, Machado afirma ainda que a iniciativa de se afastar temporariamente tem como objetivo que sejam feitos, “de forma indiscutível”, todos os esclarecimentos necessários, além de evitar eventuais atrasos na divulgação do balancete do terceiro trimestre da Petrobrás. O executivo afirma também que não é réu em nenhuma ação penal e que não tem contra si nenhuma ação de improbidade admitida pela Justiça. De fato não tem nenhuma admitida, mas existe atualmente uma ação, proposta pelo procurador da República Paulo de Tarso Garcia Astolphi e ajuizada pelo Ministério Público Federal, em que Sergio Machado aparece como um dos réus, por acusação de fraudes cometidas na licitação do Promef Hidrovia, promovida pela Transpetro, destinada à contratação de uma empresa para construir 20 comboios hidroviários. No entanto, a ação ainda não foi apreciada pela Justiça.
Veja abaixo a nota completa escrita por Sergio Machado:
“Tenho muito orgulho do trabalho que desenvolvi nos últimos 11 anos e 4 meses na presidência da Transpetro. Nesse período, a empresa obteve resultados notáveis – e passou sem problemas pelo crivo de inúmeras fiscalizações internas e externas.
As contas da Transpetro e a execução de seus principais programas são periodicamente auditadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que jamais encontrou irregularidades nos contratos e no último dia 30 de outubro expediu certidão negativa atestando não haver nenhuma pendência em meu nome reativamente a contas julgadas até o presente momento. A empresa também é objeto da análise permanente de auditorias independentes, entre elas a KPMG e a PricewaterhouseCoopers (PwC).
Além de não responder a nenhum processo no TCU, não sou réu em nenhuma ação penal e não tenho contra mim nenhuma ação de improbidade admitida pela Justiça. Ao longo de mais de 30 anos de vida pública, jamais fui processado em decorrência de meus atos.
Na presidência da Transpetro desde junho de 2003, estive à frente do processo que a transformou na maior empresa de transporte e logística de combustíveis do Brasil. Entre 2003 e 2013, o faturamento aumentou em média 13,5% ao ano e o Ebitda, um importante indicador financeiro, teve crescimento médio de 15,1% ao ano. Se analisado apenas o ano de 2013, os dados são igualmente expressivos: em relação a 2012, o faturamento cresceu 12% e o lucro líquido aumentou 30,1%.
Durante a minha gestão, a criação do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) permitiu o renascimento da indústria naval brasileira, com a encomenda de 49 navios e 20 comboios hidroviários a estaleiros nacionais. Nos últimos 3 anos, 7 novos navios entraram em operação. Atualmente, 16 estão em construção. Isso depois de o Sistema Petrobras ter ficado 14 anos sem receber um único navio construído no Brasil (1997-2011).
A indústria naval gera hoje mais de 80 mil empregos diretos no país. No fim da década de 90, esse número era de apenas 2 mil postos de trabalho. Atualmente, o Brasil tem a terceira carteira mundial de encomendas de petroleiros e a quarta de navios em geral.
Reafirmo: tenho muito orgulho de minha gestão na Transpetro. E acrescento: nada devo nem temo em relação à minha trajetória.
Apesar de toda uma vida honrada, tenho sido vítima nas últimas semanas de imputações caluniosas feitas pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, cujo teor ainda não foi objeto sequer de apuração pelos órgãos públicos competentes. A acusação é francamente leviana e absurda, mas mesmo assim serviu para que a auditoria externa PwC apresentasse questionamento perante o Comitê de Auditoria do Conselho de Administração da Petrobras.
Embora o Conselho de Administração tenha adiado qualquer deliberação sobre tal questionamento, decido de forma espontânea requerer licença sem vencimento pelos próximos 31 dias. Tomo a iniciativa de afastar-me temporariamente para que sejam feitos, de forma indiscutível, todos os esclarecimentos necessários.
Trata-se de um gesto de quem não teme investigações. Pretendo com isso, também, evitar eventuais atrasos na divulgação do balancete do terceiro trimestre da Petrobras.
Estou certo do pleno rigor e lisura de minha gestão na Transpetro, e tranquilo quanto ao curso das investigações. Tenho todo o interesse de que tudo seja averiguado rapidamente.
Sergio Machado
Presidente da Transpetro”
No Brasil todo mundo é inocente, impressionante, mais um bandido desmascarado, cadeia nele!!!!