APÓS DESCOBERTA DE IRREGULARIDADES, PETROBRÁS REESTRUTURA ÁREA DE COMUNICAÇÃO

A reestruturação da Petrobrás chegou à área de comunicação da companhia. A estatal anunciou nesta quinta-feira (21) que o atual gerente executivo do setor, Luiz Fernando Nery, foi afastado de suas funções e passa a ser substituído interinamente pelo chefe de gabinete da presidência da Petrobrás, Antônio Augusto Almeida Faria. A companhia não fez acusações sobre o gerente afastado, nem relacionou seu nome às irregularidades encontradas no setor de comunicação.

A mudança acontece no mesmo dia em que circularam denúncias do jornal O Globo sobre a política de patrocínio da estatal ao carnaval da Bahia durante a gestão de José Sergio Gabrielli, quando a área de comunicação no Nordeste era comandada pelo ex-gerente Darcles Andrade de Oliveira. No período de três anos em que esteve à frente do posto, ele recebeu 1.045 entradas para os camarotes carnavalescos. Além disso, ele era dono de dois postos contratados por prefeituras baianas ao mesmo tempo em que era o responsável por direcionar verbas da Petrobrás para elas.

O comunicado da Petrobrás não relaciona os problemas da gestão passada ao atual gerente executivo afastado, mas informa que a empresa “passará por um processo de renovação de sua comunicação interna, externa e de marcas após a revisão do planejamento estratégico da companhia, o que deve ocorrer até o fim de setembro”.

A denúncia apresentada pelo jornal mostra ainda que a Petrobrás direcionou R$ 880 mil a um trio elétrico do carnaval baiano ligado a um ex-funcionário do alto escalão da estatal. Tratou-se de um patrocínio dado ao trio Tripodão, fundado por Francisco Alberto Tripodi Filho, que vem a ser primo de Armando Tripodi, chefe de gabinete da presidência da Petrobrás na gestão de Gabrielli. A estrela do grupo é a filha de Francisco, a cantora Viviane Tripodi. Além disso, o dinheiro destinado ao trio foi apenas uma parte dos R$ 8,6 milhões repassados a duas empresas de eventos da família.

O ex-chefe de gabinete da presidência da estatal Armando Tripodi pediu demissão em fevereiro deste ano, depois de ter sido conduzido coercitivamente no âmbito da Lava-Jato, sob a acusação de recebimento de propina.

A Petrobrás afirma agora que suspendeu a compra de convites e outras formas de participação no Carnaval da Bahia, “mantendo apenas apoio aos blocos afro”, limitando ainda a exigência de contrapartida em ingressos em seus patrocínios e centralizando todas as contratações da área de comunicação para permitir maior controle.

A companhia afirmou também que está concluindo uma investigação interna com base nessas descobertas e que tomará todas as medidas legais para buscar o ressarcimento de danos, além de encaminhar esse material aos órgãos de investigação competentes para futuras ações na Justiça. “Eventuais irregularidades cometidas por ex-empregados ou pessoas que não são ligadas à companhia deverão ser apuradas nesses procedimentos”, complementou a Petrobrás.