APÓS INVESTIR R$ 120 MILHÕES, PORTONAVE PLANEJA NOVA FASE DE EXPANSÃO
Por Matheus Meyohas (matheus@petronoticias.com.br) –
A Portonave SA (Terminais Portuários de Navegantes) concluiu no mês de janeiro a primeira fase de uma expansão orçada em R$ 120 milhões. O terminal portuário especializado em contêineres, localizado em Santa Catarina, aumentou seu pátio em 24.442 metros quadrados, algo próximo a 25% do aumento previsto em toda a obra, que deve deixar o terminal com 400 mil metros quadrados de área. Mesmo com a nebulosidade pela qual passa a economia brasileira, Osmari de Castilho Ribas (foto), diretor-superintendente da Portonave, acredita que o investimento feito vem em boa hora, e prepara o terminal para a recuperação do mercado do país. “Os investimentos têm de ser precedentes ao mercado”, afirma. Castilho vê a economia nacional com otimismo e revela o próximo desafio para o terminal: criar uma estrutura para receber navios de grande porte. “Isso nos tiraria desse gargalo de alta produtividade. É o grande desafio do momento”, diz.
Como está a situação da Portonave no atual momento do mercado brasileiro?
A Portonave atua num segmento bastante competitivo no Sul. Na região, os terminais de contêineres tiveram um investimento geral. Aqui em Santa Catarina temos cinco terminais desse tipo, o que nos torna um mercado bastante competitivo no setor. A Portonave teve uma participação de 45% nas movimentações do estado. Temos participação no Complexo de Itajaí, que é o segundo maior movimentador de contêineres do país, atrás apenas de Santos, que tem todo o aporte industrial de São Paulo.
Como está sendo o processo de expansão?
Nós começamos a operar a Portonave em 2007 e tínhamos concluído a primeira etapa de nosso planejamento. Com o crescimento das operações, iniciamos esse processo de expansão em 2014, que consiste no aumento da retroárea e, assim, a estocagem, o que garante uma maior produtividade. Atingimos no ano passado um grande volume de contêineres, estamos com todos os equipamentos adquiridos e estamos desenvolvendo o pátio. A primeira etapa ampliou em 24 mil metros quadrados, que já estão em operação. A segunda deve ser concluída no próximo semestre, com um crescimento para 400 mil metros quadrados.
Vocês enxergam esse momento de instabilidade do mercado brasileiro com otimismo ou acham que as coisas tendem a piorar?
Nós acreditamos que a economia real vai continuar crescendo. Entendemos o momento, mas mantivemos esse investimento porque, se imaginamos uma retomada, precisamos fazer o investimento para ela. Não dava para postergar isso, porque precisamos nos preparar para esse momento de recuperação.
Pensa numa data para que o mercado retome um bom momento?
Claro que temos a preocupação geral do mercado, mas também não temos essa previsão de quando isso vai acontecer. Somos otimistas e achamos que deve ocorrer ao longo desse ano, para que tenhamos uma condição melhor em 2016. Teremos capacidade instalada e estaremos prontos para o momento. Temos um terminal de seis contêineres, uma cama frigorífica, estocagem, etc. Isso nos dá suporte para essa hora.
Vocês consideram que se anteciparam ao momento de recuperação da economia?
Sim, nós nos antecipamos, acreditando na recuperação do comércio. Os investimentos têm de ser precedentes ao mercado e teremos ótimas condições para absorver essa retomada da economia.
E quais são as expectativas para 2015?
No ano passado, tivemos uma movimentação de contêineres de 699.824 TEUs (Unidades Equivalentes de Transporte, na sigla em inglês). Ainda estamos discutindo as metas para esse ano, mas não contamos com diminuição. Trabalhamos apenas com perspectiva de crescer e temos parceiros no mercado com essa visão também.
Depois desse investimento, qual é o próximo passo para a Portonave?
Devemos focar em algumas limitações que precisamos melhorar na região, sobretudo o acesso. Temos que nos preparar para isso. Vamos dar início a obras para operar navios maiores, de até 366 metros. Superar esses gargalos serão os desafios, mas precisamos da ação dos governos federal e estadual nessas obras, de maneira que nossos investimentos não sofram restrições por condições internas. Em Santa Catarina, temos um grande potencial para a movimentação de contêineres, com capacidade de atender a indústria e o agronegócio, especialmente carga congelada, vinda do Oeste do estado. A presença da indústria ajuda ao agregar valor aos produtos. É um conceito amplo em Itajaí, que já se tornou a primeira região do estado no PIB, mostrando a importância da atividade portuária no mercado. Então é esse o tipo de desenvolvimento local que estamos trazendo. Apesar do momento conturbado, estamos em um bom ambiente aqui. Santa Catarina gerou o maior número de empregos no país, temos alguns indicadores bem animadores.
E em que pé estão essas obras para ampliar a capacidade de movimentação do terminal?
Essa é a necessidade que precisa dar fruto. A primeira fase já foi licitada, o que possibilita uma fase de contratação no próximo mês, e assim essa obra poderá ser iniciada. Isso nos tiraria desse gargalo de alta produtividade. É o grande desafio do momento, aliado à conclusão das principais rodovias que chegam até aqui e as melhorias de infraestrutura local. Precisamos disso e buscamos a produtividade, que só se dará se todos os fatores convergirem para ela. Mas alguns não competem ao terminal. Estamos trabalhando para isso e vamos acompanhar a ação dos governos, assim como eles vão acompanhar os nossos investimentos.
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