ABB INVESTE US$ 200 MILHÕES NO BRASIL E CRITICA ATRASOS NA CONSTRUÇÃO DE USINAS | Petronotícias




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ABB INVESTE US$ 200 MILHÕES NO BRASIL E CRITICA ATRASOS NA CONSTRUÇÃO DE USINAS

Por Matheus Meyohas (matheus@petronoticias.com.br) –

emerson fre 2A ABB vem cumprindo um plano de investimentos no Brasil avaliado em US$ 200 milhões, com destaque para novas fábricas voltadas às fontes renováveis, mas anda preocupada com o setor energético nacional. Para o vice-presidente de Marketing e Vendas de Produtos e Sistemas de Potência da ABB, Emerson Fre, o maior problema no País atualmente são os atrasos nas obras de usinas, principalmente em relação aos sistemas de transmissão. “Existem parques eólicos prontos há dois anos que estão parados por não haver conexão com a rede”, disse, enfatizando a necessidade de mais planejamento, de um gerenciamento melhor e de mais agilidade na aprovação das licenças ambientais. “Tudo isso está impactando”, complementou.

A saída para a crise energética, na visão de Fre, é baseada em três pilares: a energia térmica, por sua rápida disponibilidade, a eólica, que precisa de melhores serviços de transmissão, e a solar, que deve ser aproveitada como fonte de geração distribuída no longo prazo. Ainda assim, os novos leilões deste ano serão um indicativo sobre como o mercado brasileiro reagirá a essas alternativas. “Se mantiver um volume de compra de dois, três GW por leilão, conseguiremos manter nossa estrutura bem posicionada no mercado”, disse.

Qual é sua visão sobre o contexto energético do Brasil nesse momento?

Acho o cenário bastante preocupante no primeiro momento, uma vez que 70% da nossa fonte energética está relacionada à fonte hídrica, e estamos com uma seca bem complicada. Agora ela está começando a melhorar, mas estamos com risco de estiagem novamente e isso causa um impacto grande na nossa produção. A questão da matriz não é o único fator, porque aí vamos para outras fontes de energia, como a térmica, eólica e solar. O ponto principal é que, por falta de energia hídrica, e por termos que migrar para outras fontes – que estão prontas mas não conseguem gerar energia por atrasos nas obras -, não temos um cenário propício para o país. O problema são os atrasos.

O senhor acredita que a matriz está desequilibrada?

O Brasil vem de uma matriz energética histórica de água, totalmente focada nisso. Ao longo dos últimos 15 anos, a gente vem começando a perceber uma necessidade de outras fontes, até porque o recurso hídrico preocupa a nós como consumidores de água. Há uma necessidade de novas fontes, que estão focadas em três pilares: térmicas, pela facilidade de ligar e desligar rapidamente e pela disponibilidade; eólica, que já conta com muitos projetos no mercado, precisando de resolução para os problemas de transmissão, já que até 2020 essa fonte deve chegar a 8% da matriz; e solar, como uma questão de energia distribuída, mais para o futuro. Mas você tem a biomassa, entre outras alternativas, para reduzir o percentual de energia das grandes hídricas e começar a focar nas mais rápidas.

Qual é o principal temor das empresas?

Como empresa focada na área energética, nosso principal receio é o Brasil entrar num processo de perda de investimentos. Isso é muito ruim porque fizemos investimos muito para nos preparar para a demanda que estava prevista. Temos planta em Sorocaba, Guarulhos, Blumenau e Cumbica, estamos preparados para o mercado, apostamos muito na questão de energia renovável. 

Esse processo de perda de investimentos já é realidade?

Os investidores estrangeiros tiraram um pouco o pé. Não estão totalmente confortáveis. O governo ainda não conseguiu passar a segurança de que terão mudanças nas regras de concessões e tudo mais, então o pessoal ainda está meio reticente. No entanto, falando de renováveis, o investimento ainda é importante. Tivemos alguns leilões no ano passado, e para este ano temos previstos oito leilões, sendo uns dois ou três de renováveis. Então acredito que isso ainda não chegou totalmente nesse setor, porque os leilões vão acontecer. Como vendemos uma demanda represada, ganhamos projetos importantes. Então temos que esperar um pouco mais, uns dois ou três meses, para ver o que vai acontecer no leilão de energia renovável. Se mantiver um volume de compra de dois, três GW por leilão, conseguiremos manter nossa estrutura bem posicionada no mercado.

Como avalia os sistemas de transmissão no Brasil?

Nós temos hoje grandes empreendimentos em construção. O projeto do rio Madeira, de Belo Monte, Teles Pires, grandes centrais hidrelétricas. Teles Pires é pública, tem uma parte pronta, mas não deságua a energia porque a transmissão não está pronta. Você não consegue conectar isso em qualquer lugar.

Existem grandes projetos em implantação que estão atrasados em todas as regiões. Atrasados por várias razões, por planejamento, por licenças ambientais, falta de capacidade de gerenciamento, tudo isso está impactando. Existem parques eólicos prontos há dois anos que estão parados por não haver conexão com a rede. E esse deve ser o grande foco do novo Ministério de Minas e Energia: reduzir o atraso de construção.

Quais foram os principais empreendimentos da ABB em 2014?

A ABB vem investindo numa mudança em seu perfil de fornecimento nos últimos anos. Temos um perfil de empresa de produtos de tecnologia, e também de uma empesa que faz sistemas. A gente vê ao longo dos anos que nossos principais projetos estão muito focados nas nossas fábricas. Passamos por uma reorganização gerencial e em linha com isso também trouxemos uma grande quantidade de investimento, com uma fábrica enorme em Sorocaba, com capacidade de fabricar toda a parte de geradores para a indústria eólica e toda a parte de inversores para a solar. Desenvolvemos uma tecnologia de contêineres para reduzir o impacto ambiental. Ainda investimos muito nas fábricas de Guarulhos e Cumbica para aumentar suas potências. Além disso, continuamos com planos de nacionalização. O principal é que a gente trabalhe na nacionalização para atender regras do BNDES e regras do governo.

Quais os valores da empresa para o último ano e a expectativa para 2015?

Movimentamos US$ 1 bilhão localmente, com quatro mil funcionários. A lucratividade aumentou. Para esse ano, queremos no mínimo um resultado linear, um crescimento de 5%, mas queremos manter o valor do resultado desse ano. Embora a economia tenha apresentado uma queda, temos boas perspectivas em diversos leilões em investimentos.

E como a ABB se posiciona dentro do mercado?

A ABB no Brasil é um reflexo dela no mundo. Hoje estamos entre as maiores do mundo no fornecimento de equipamentos e de sistemas nas áreas de automação e energia. O Brasil é muito competitivo, mas nossa grande vantagem em relação ao mercado é que temos pouquíssimas terceirizações. Temos engenharia própria, todas nossas fábricas num controle mais próximo, com pouca interferência internacional, o que facilita nossa penetração no mercado. É mais rápido para a gente, estamos num momento bastante importante. Nosso plano de investimento de US$ 200 milhões em fábricas está sendo cumprido, e estamos finalizando algumas implementações.

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