APÓS NOVOS INVESTIMENTOS, INTERTEK PLANEJA CRESCIMENTO DE 15% AO ANO | Petronotícias




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APÓS NOVOS INVESTIMENTOS, INTERTEK PLANEJA CRESCIMENTO DE 15% AO ANO

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

Sergio Caetano 1A empresa de origem britânica Intertek, que atua nos ramos de inspeção, teste e certificação, está com olhos bem atentos ao mercado brasileiro de combustíveis. De 2016 a 2018, a empresa fez novos investimentos que somaram R$ 10 milhões para equipar seus laboratórios nos portos nacionais. Os recursos estruturaram os centros para realização de análise de deliberação de combustíveis, conforme revela o Gerente para Cargo e Analytical Assessment da companhia, em Santos, Sérgio Caetano. O executivo detalhou sobre as tecnologias hoje disponíveis para verificação de cetano em diesel e octanagem para a gasolina, que determinam a qualidade destes produtos. Caetano afirma também que o mercado está desaquecido por conta do subsídio ao diesel, mas apesar disso, a Intertek pretende alcançar novos patamares. “O mercado está um pouco parado, mas esperamos retornar em breve e crescer pelo menos 15% ao ano, não só em investimentos, mas também no atendimento de importações”, disse.

Fale um pouco sobre a questão da qualidade dos combustíveis. Como o senhor enxerga essa questão no Brasil atualmente? Temos ainda muitos problemas quanto a isso?

Com abertura do monopólio da Petrobrás, realmente começou a ocorrer uma importação acelerada dos combustíveis. Pelo menos 10% do mercado que era da Petrobrás passou para a importação. Só que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) se movimentou rapidamente para que, pelo menos, tivéssemos segurança quanto à qualidade dos combustíveis. Hoje, o que temos recebido de gasolina e diesel importado é de excelente qualidade, tanto no quesito enxofre como no número de cetano ou octanagem. Hoje, temos recebido muito desses combustíveis ,principalmente dos mercados americano e europeu. De maneira geral, os combustíveis tem uma excelente qualidade. Isso porque a ANP se movimentou e colocou uma terceira parte, que são as companhias inspetoras, como a Intertek, para controlar todo esse combustível. 

Quais são as tecnologias usadas pela Intertek na análise de combustíveis?

A ANP dotou algumas universidades de equipamentos para fazerem análises. Só que as universidades têm pequenas diferenças na comparação com uma companhia privada. Primeiro, elas não têm uma responsabilidade quanto ao lucro, então suas respostas são sempre demoradas. Algumas universidades receberam, por exemplo, motores para fazer octanagem de gasolina, mas para manter isso é algo muito oneroso. Para se ter ideia, hoje gastamos, a cada dois meses, praticamente 15 mil dólares para importação de padrões para fazer número de cetano e octanagem. Então, esse é um ponto que não concorremos com ninguém. A Intertek é única para fazer octanagem dos tipos MON e RON. São dois motores para isso. E temos também o motor para fazer o número de cetano para diesel. Além disso, temos também o aparelho para medir a lubricidade do diesel. Com toda essa tecnologia, somos a única empresa de inspeção que tem a qualificação 100% para análise de diesel, gasolina e etanol.

Como a empresa pretende ampliar ainda mais sua atuação na inspeção de combustíveis no Brasil?

A ANP coloca não apenas as especificações, com mínimas e máximas, como também informa a tecnologia. Então, para ocorrer um investimento em tecnologia, precisa passar por uma homologação da agência. Mas a Intertek não para apenas nessas tecnologias. Hoje, por exemplo, temos um equipamento para análise de gasolina, que consegue detalhar todos os seus componentes. Isso não é especificação da ANP, mas oferecemos ao mercado consumidor.

Com o advento da resolução 680 da ANP, a Intertek dotou todos os 18 laboratórios que tem em toda a costa do Brasil para recebimento dos combustíveis. Ou seja, hoje temos autonomia para recebimento dos combustíveis em todos os portos do Brasil. São análises de deliberação, não são completas, mas indicam se o produto pode ser descarregado do navio. A Intertek investiu praticamente R$ 10 milhões entre 2016 e 2018 para dotar nossos laboratórios ao longo dos portos. 

Quais as consequências mais graves, ao seu ver, em combustíveis com nível de qualidade não tão elevado?

Não ter o controle do combustível que é consumido no Brasil. Isso é a principal. Apesar de ser brasileiro e acreditar na Petrobrás, eu acho que a empresa deveria ter um concorrente, para que tenhamos inovação em combustíveis e comparativo do que pode ser interessante para o mercado. O que pode atrapalhar o consumo de combustíveis no Brasil é não ter concorrência. Isso atrapalha o desenvolvimento de novas tecnologias. O Brasil tem uma inovação adequada em combustíveis, mas poderia ser ainda mais acelerada com concorrência. 

A empresa também tem uma série de serviços de inspeção independente? Fale mais sobre isso.

Hoje nós temos alguns serviços que são voltados para a cadeia de distribuição. Estamos [trabalhando] na importação direta, isto é, a homologação do produto importado, mas nós também podemos fornecer serviços dentro das bases para fazer um laudo de conformidade. Esse laudo que acompanharia os caminhões até o consumidor final, que é o posto de gasolina. Também temos esse tipo de serviço. Todo o aparato que temos está ao dispor de toda a cadeia, de todo o mercado. Podemos fornecer também algumas análises para grandes montadoras, como Volkswagen e Mercedes. Temos ainda uma parte para a análise do biodiesel, que não é um combustível direto, mas que entra na composição do biodiesel. Temos a certificação ISO 17025 para análise de biodiesel, fornecendo não apenas para os produtores mas também para consumidores.

Quais são as perspectivas de crescimento de atuação dentro desse setor?

Uma das grandes marcas da Intertek realmente é investimento. Para se ter ideia, os motores que temos de octanagem e número de cetano são da ordem de US$ 1,5 milhão. O que foi feito também para preparo e recebimento de combustível nos portos também foi muito grande. Esperamos que o mercado tenha uma desaquecida, depois do subsídio do governo ao diesel. O mercado está um pouco parado, mas esperamos retornar em breve e crescer pelo menos 15% ao ano, não só em investimentos, mas também no atendimento de importações.

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